O ÚLTIMO AMISTOSO
A
cem dias da estreia contra a Croácia na Copa dos seus sonhos, o Brasil faz
nesta quarta-feira o último amistoso antes de a CBF publicar a lista oficial
dos 22 jogadores. Vai para Johannesburgo enfrentar a África do Sul no mesmo
estádio em que derrotou a Costa do Marfim na Copa de 2010.
Não
acredito que os anfitriões possam significar algum problema para a Seleção
Brasileira. A última grande zebra nestas condições aconteceu há 24 anos, dias
antes da Copa da Itália, em 1990, quando o Brasil de Sebastião Lazaroni perdeu por
1 x 0 para a seleção da Umbria, formada por amadores que disputavam a quarta
divisão italiana, prenúncio do que foi a pior Copa já disputada pela seleção
canarinho.
É
significativo notar que nas Copas anteriores a lista final contemplava os nomes
de mais de 90% dos jogadores que costumavam frequentar as convocações
anteriores, o que pode parecer muito lógico para a maioria dos países, mas não para
o Brasil, porque o sobe e desce do rendimento dos selecionáveis coloca pelo menos
30 atletas em condições de estar na convocação final.
Em
1994, por exemplo, os experientes Sávio e Tulio ficaram de fora na última hora
para dar lugar a um imprevisível Ronaldo, que teve seu batismo de fogo e nunca
mais abandonou o posto até pouco antes de encerrar a carreira.
Em
1998 foi a vez de Zé Elias e Raí, responsabilizados pela derrota no amistoso final
contra a Argentina – 1x0 – e substituídos pelo lateral Zé Carlos e pelo volante
Doriva, dois jogadores de pouco trato com a bola que não chegaram a contribuir,
e o Brasil acabou perdendo sem a participação deles.
Em
2002 Juan e Djalminha, tidos como certos, foram preteridos por Vampeta e Rivaldo,
este vindo de uma contusão. E em 2010 Adriano foi cortado e levaram Grafite no
seu lugar, uma temeridade que não deu certo.
Nas
cinco últimas edições o Brasil se deu bem nos últimos amistosos antes da
publicação da lista oficial, vencendo a Argentina (2x0, 1994, Recife),
Iugoslávia (1x0, 2002, Fortaleza), Rússia (1x0, 2006, Moscou) e Irlanda (2x0,
2010, Londres), e isto deve ter pesado na manutenção da grande maioria dos
jogadores na lista, com algumas exceções como as citadas acima.
O
insucesso ficou por conta da derrota em 1998 para a Argentina (0x1, no
Maracanã).
Apesar
da pressão exercida sobre os jogadores às vésperas da convocação oficial,
parece não haver relação alguma entre os amistosos que definiram a chamada dos
22 da Copa com os resultados obtidos meses depois (fomos campeões em 1994 e em
2002, mas derrotados na final pela França em 1998, e eliminados na quartas de
final novamente pela França em 2006 e pela Holanda em 2010).
Nesta
partida contra a África do Sul a Comissão Técnica deixou claro que ainda está
fazendo algumas observações.
Conhecendo
o trabalho e o raciocínio do técnico Felipão, que inclusive diz estar com a
espinha dorsal do time já pronta, parece que as dúvidas consistem em
Fernandinho, Willian e Bernard, pouco rodados em termos de seleção. Rafinha já
estaria devidamente preterido por Maicon, independentemente da sua atuação no
amistoso.
E,
apesar de ausentes nesta convocação, Robinho, com a cotação em alta junto à Comissão
Técnica, Lucas Leiva e Maxwell poderão se materializar na relação dos que vão
disputar a Copa.
Do
grupo que esteve na seleção de Dunga, Felipão já tem como certa a presença de Júlio
Cesar, Thiago Silva, Daniel Alves e Ramires. Os outros que estão aparentemente
fechados com o técnico são David Luiz, Dante, Marcelo, Paulinho, Luís Gustavo,
Oscar, Hulk, Fred, Jô, Jefferson e Neymar.
Kaká
apesar da sua liderança e espírito de grupo ainda não apagou a má impressão
deixada na seleção de 2010 e sua chamada no dia 7 de maio seria uma grande e
inesperada surpresa.
Augusto Pellegrini