sábado, 2 de outubro de 2021

 


EU E A MÚSICA

UMA ORQUESTRA DANÇANTE

Swing pra que te quero

Parte 3 - Final

Harry James e sua orquestra encerrariam a sua temporada no Brasil se apresentando em São Paulo no dia 27 de outubro, depois de passar pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Esta seria a sua última turnê pela América do Sul, pois o maestro estava enfrentando problemas de saúde e começaria a rarear os shows – na verdade James viria a morrer cinco anos depois, em Las Vegas.
O grande show em São Paulo foi realizado em grande estilo num grande salão chamado Boite Aquarius, e eu novamente participei da grande festa, desta vez sem a presença de Bob Mount.
A Aquarius era uma das discoteques mais badaladas da cidade e a sua pista de dança normalmente fervilhava nas noites de sexta e sábado com as músicas quentes do final dos anos 1970 como “I Will Survive” (Gloria Gaynor) com Gloria Gaynor, “Macho Man” (Henri Belolo, Victor Willis e Jacques Morali) com o Village People, “Stayin’ Alive” (Barry Gibb, Robin Gibb e Maurice Gibb) com os Bee Gees e “Dancing Queen” (Benny Andersson e Bjorn Ulvaeus) com o grupo ABBA e seus Bs invertidos, com direito à devida decoração e efeitos psicodélicos especiais.
Aquela noite foi muito particular, tanto na sonoridade quanto na decoração do salão que mudaram drasticamente, pois o ambiente voltou no tempo e as músicas retrocederam quarenta anos, variando de “Ciribiribin” (Alberto Pestalozza, Harry James e Jack Lawrence) e “Trumpet Blues” (Harry James) até “You Made Me Love You” (Joseph McCarthy e James V.Monaco), “It’s Been A Long Long Time” (Jule Styne e Sammy Cahn), “Jealousie” (Jacob Gade) e “Sleepy Lagoon” (Eric Coates-Jack Lawrence), seis dos maiores sucessos de James que não haviam feito parte do repertório de Belo Horizonte, fazendo com que a Aquarius se transformasse num grande Savoy Ballroom dos anos 1940.
Depois da apresentação a orquestra se retirou do palco, mas as músicas do show haviam sido gravadas e continuaram ecoando por cerca de quase uma hora para que o pessoal pudesse continuar dançando, e alguns músicos caíram na gandaia junto com o público.
Entre eles, lá estava o nosso amigo Sonny Payne, que esbanjava alegria e dançava um insuspeito lindy hop, para a alegria dos presentes.
Num momento de repouso, encontrei-me com ele e voltamos a trocar ideias junto ao balcão do bar, relembrando a madrugada do Hotel Del Rey acompanhado por mais outras tantas latinhas de cerveja.
Ele estava feliz em ter vindo para o Brasil e fazia planos para retornar num futuro breve, talvez pegando carona com alguma orquestra que viesse fazer alguma temporada por aqui.
Mas Sonny não conseguiu concretizar os seus planos, pois na sua volta para os Estados Unidos ele contraiu uma gripe fortíssima que se transformou em uma insidiosa pneumonia, à qual não resistiu.
Sonny Payne morreu três meses depois do nosso encontro, no dia 29 de janeiro de 1979, com apenas 53 anos de idade e toda uma carreira de baterista de jazz e swing pela frente.
Mas deixou seu nome registrado na história e particularmente  na minha história.

 

 


ENGLISH IN DROPS

                   Copyright Michael Strumpf & Auriel Douglas) 

 

BOM vs. BEM 

Obs.: Este é um problema gramatical que não tem paralelo na língua portuguesa. No idioma português ninguém confunde o adjetivo “Good” (“Bom”) com o advérbio “Well” (“Bem”) na construção das frases, pois o seu uso não faria sentido.

 

“Ele jogou bem”. (“He played well.”) – CORRETO

“Ele jogou bom”. (“He played good.”) – NÃO FAZ SENTIDO

 

O mesmo, porém, não ocorre na língua inglesa, como pode ser visto no exemplo abaixo.

 

Pergunta: “Deve-se dizer ‘We played well’ (‘Nós jogamos bem’) ou ‘“We played good’ (‘Nós jogamos bom’), perguntou alguém com uma queda pelo basquetebol.

 

Resposta: Depois de elogiá-la pela excelente partida, eu informei que devemos dizer “We played well” (“Nós jogamos bem”). “Good” e “Well” são duas das palavras mais mal usadas na língua inglesa. “Good” é um adjetivo, e pode modificar ou qualificar apenas substantivos e pronomes. “Well” é um advérbio, e pode modificar apenas verbos, adjetivos ou outros advérbios (nunca substantivos ou pronomes). Muita gente usa “good”, o adjetivo, quando devia usar “well”, o advérbio.

 

I scored good on my math test (Eu fui bom no teste de matemática) – INCORRETO

The new car runs good (O carro novo funciona bom) – INCORRETO

 

 

I scored well on my math test (Eu fui bem no teste de matemática) – CORRETO

The new car runs well (O carro novo funciona bem) - CORRETO

 

Em cada um dos exemplos, o adjetivo “good” está modificando um verbo, respectivamente “scored” e “runs”, mas apenas advérbios modificam verbos. Nas duas situações devemos usar o advérbio “well”.  

 

Nota: Em inglês, o erro na utilização de adjetivos ou advérbios para expressar ideias é infelizmente muito comum. Um problema similar a este “good-well” pode ser visto em “quick-quickly” (“rápido-rapidamente”), “bad-badly” (mau-de uma forma ruim”), “real-really” (verdadeiro-na verdade…”) e muitos outros.

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 


EU E A MÚSICA

UMA ORQUESTRA DANÇANTE

(Swing pra que te quero)

Parte 2

Depois de cerca de duas horas de espetáculo, contando com o tradicional “bis”, eis-nos de volta ao hotel bastante animados e dispostos a fechar a noite emborcando mais algumas cervejas. Afinal, tínhamos assunto de sobra para conversar, Bob lembrando os shows dançantes da sua juventude em Des Moines, no Iowa, e eu me atendo aos discos das grandes orquestras que ouvia desde os tempos de adolescente.
Novamente no bar, naquela altura quase vazio, experimentamos um petisco mais substancioso, pois afinal não havíamos jantado. Dado o adiantado da hora, já nem fazia sentido a gente reverenciar a culinária local, então partimos para um filé trinchado ao molho madeira que, dizia o cardápio, era uma das especialidades da casa.
De repente, entre vozes e gargalhadas, nos deparamos com dois alegres camaradas chegando para ocupar uma mesa ao lado da nossa, dirigindo-se ao garçom e também pedindo cerveja, mas numa mistura de inglês e castelhano.
Um deles era negro, de meia idade e de estatura mediana, os cabelos já prateando nas têmporas, e o outro quase ruivo, mais alto e parecendo uns vinte anos mais jovem, ambos com a camisa branca desabotoada no pescoço e as mangas arregaçadas.
Nós imediatamente os identificamos como músicos da orquestra de James, que coincidentemente estava hospedada no mesmo hotel. Prontamente nos apresentamos e iniciamos uma conversa, o que foi facilitado pelo fato de Mount também ser americano, o que quebrou o gelo instantaneamente.
Os nossos companheiros de fim de noite eram o baterista Sonny Payne e o sax-tenorista Norm Smith, que ficaram felizes por termos estado presentes no show e se declararam encantados com a receptividade do público.
Really great!”, eles pontuaram.
Bob Mount aproveitou para matar saudades das coisas gringas – e eles usaram muitas vezes de um linguajar tão local que alguns detalhes me escaparam totalmente, em meio às suas gargalhadas – e eu aproveitei para pedir seus autógrafos na capa do LP que eu havia adquirido no saguão do teatro.
Sonny Payne tinha pedigree, era uma figura histórica no mundo das big bands.
Em pouco mais de dez anos, desde meados dos anos 1940 até meados dos anos 1950, ele havia tocado em diversas orquestras – entre elas Dud & Paul Bascomb, Earl Bostic, Tiny Grimes, Erskine Hawkins e Count Basie – chegando também a comandar a sua própria formação.
Foi apenas em 1966 que ele ingressou na orquestra de Harry James, numa tentativa que James fez na época de trazer para o seu grupo a pegada da “cozinha” de Count Basie – coisa que James jamais negou (a história conta que James conseguiu contratar o “beat” – Sonny Payne – mas não o “bounce” completo pois não convenceu o guitarrista Freddie Green nem o baixista Eddie Jones a mudar de time).
Durante um certo tempo Sonny Payne dividiu o seu trabalho liderando um trio e se transformando no baterista pessoal de Frank Sinatra, com quem tocou em diversos shows. Mais tarde, ele retornou para a banda de Basie por algum tempo e finalmente voltou a tocar com James, onde estava agora, e onde iria encerrar a sua carreira.
Menos conhecido, Norman Smith havia tocado em diversas bandas, inclusive nas orquestras de Stan Kenton e Ted Herman, da qual saiu para se juntar a Harry James, e era um saxofonista muito seguro, embora não fizesse parte do time dos mais badalados.
Atravessamos boa parte da madrugada num alegre papo entre muitas cervejas, a lembrança de muitas canções, muitas histórias e muito aprendizado, até que o garçom viesse sinalizar que o serviço de bar seria encerrado.
Quer pelo cansaço, quer pela condição de astro principal, Harry James não desceu para o bar e preferiu ir para a cama ou tomar a sua cerveja no próprio apartamento, assim como os demais membros da sua entourage, o que para nós foi uma pena.
Na manhã seguinte dormi até mais tarde, e apesar do amuo do motorista, a Rural Ford seguiu para a nossa missão no Distrito Industrial quando o sol já estava alto.

domingo, 26 de setembro de 2021

 


NAMORADA 

(Marcha-Rancho de Augusto Pellegrini)

 

Parques, jardins

E a praça cheia de gente

Bate o sol do mesmo jeito

Mas o tempo passou, sem sentir

Meses, semanas

Tanto encontro em tantas horas

Nos caminhos que decoram

De leveza e também noites claras

Quase brincando

Como voa a coisa boa

Que é este tempo de morena

De pequena e de passeios

Mesmo embora envelhecendo

Sem vontade

 

Sem saudade desmaiada

Sem sofrer nas madrugadas

Pois o encanto se supera

A cada dia e em cada tarde

Vem chegando a namorada

Nas vitrines, na calçada

Vou passando pela esquina

Vou dizendo, vou de vida

Vou de encontro, vou de brisa

Vou vencendo, indo

 

Vendo, chegando

Sem ter nunca que ir embora

Pelos cantos que devoram

De tristeza o restante do mundo

Vendo, chegando

E ficando, sem partida

Mesmo o tempo já passado

Em cores lindas pintou


1965

 


SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 01/11/2019
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

THE BEST OF THE MANHATTAN TRANSFER

Os Estados Unidos sempre estiveram na vanguarda da música vocal, com grupos que fizeram história tanto nas baladas como no jazz. Como uma espécie de ruptura no padrão de vocalização, o grupo The Manhattan Transfer surgiu em 1969 para revolucionar a forma de harmonizar o canto, fazendo uma mistura de "capella", "vocalese" e "scat-singing" que faz com que os cantores façam parte do som instrumental da orquestra que os acompanha. A vocalização do The Manhattan Transfer adiciona "beat" e dissonância às músicas interpretadas, numa autêntica viagem musical cheia de estilo. O programa mostra aqui a segunda versão do grupo que foi fundado pelo vocalista Tim Hauser - que é atualmente o único remanescente da formação original – e com ele estão Alan Paul, Cheryl Bentyne e Janis Siegel. A gravação é de 1981.   

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini