sábado, 18 de fevereiro de 2017





Está chegando o carnaval, então vale lembrar que samba-enredo também pode ser poesia. Este aqui foi composto a quatro mãos, incluindo letra e música, pois eu tenho a parceria do poeta Nelson “Zurumba” Gengo. O tema a ser explorado era um mundo melhor, sonho do final dos anos 1970, quando se vaticinava um século 21 como sendo a apregoada Era de Aquarius, paz e amor. Infelizmente todos estávamos enganados, mas nossa boa vontade ficou registrada. O samba-enredo foi composto para a G.R.E.S Pérola Negra, da Vila Madalena, bairro boêmio de São Paulo. 

NOVO TEMPO

Um clarão
Ilumina o nosso novo tempo
Apagou
As marcas do passado e do tormento

Até a natureza se modificou
Quando o homem compreendeu
Que o bem da vida é ser amor
As flores se espalharam pelo campo
As aves coloridas
Nos saudaram com seu canto

Adeus à guerra
Adeus à dor
Um hino à terra eu vou cantar
Louvando a paz dourada que chegou

Bem que dizia o poeta
Arauto da divina inspiração
A esperança ainda resta
De vivermos uma festa
De mãos dadas como irmãos

Abana o lenço, quanta magia
Vem festejar
O clarão do novo dia


1979

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017




 SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 25/03/2016
RADIO UNIVERSIDADE FM 106,9 Mhz
São Luís-MA

CEDAR WALTON - VOICES DEEP WITHIN

Como muitos outros músicos de renome, o pianista Cedar Walton ganhou destaque no  mundo do jazz fazendo parte do grupo do baterista Art Blakey chamado Jazz Messengers, onde atuou de 1960 a 1964 quando saiu para formar o seu próprio grupo e investir na carreira solo. Esta era a época do hard bop, estilo que se seguiu ao bebop nos anos 1950 e dominou o cenário durante boa parte da segunda metade do século passado. Cedar Walton foi muito influente, impondo um estilo personalíssimo de tocar que saia da sonoridade do piano, enveredando pelas harmonias intrincadas dos músicos de sopro do período, como John Coltrane, Freddie Hubbard, e Jackie McLean. Aqui ele se faz acompanhar por baixo, bateria, e o saxofone de Vincent Herring em algumas faixas, trazendo entre outras peças "Over The Rainbow", "Memories Of You" e "Naima".

Sexta Jazz, sexta-feira, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017




CHUVA

Chuva
Cai sobre mim
Todas as gotas
Murmuram assim
Eu vim do nada pro nada
Volto do nunca
Vou para o céu

Mas a chuva
Continua a tombar
Lágrima triste
Quem vai enxugar?

Talvez o pranto vá secar
Com um beijo
Que o ardente sol lhe mandar


Mas a chuva
Cai mais e mais
Lágrima triste
Ou canto de paz?




BUSCANDO ESTRELAS

Saí por aí
Buscando estrelas
Tentando vê-las
Não foi possível porque
As estrelas mais lindas
Estão no olhar de você

Andei sem pensar
Pra algum caminho
Fugi sozinho
Na noite escura saí à procura
De um beijo perdido
Há muito tempo atrás

No frio da noite eu me perdi
E percebi não me encontrar

Andei, procurei
Em cada instante
Em cada pranto
Em cada noite após noite
E na noite caminho
E no céu mais estrelas não há

Em vão, não tem mais solução
Não gosto mais de mim
A noite toda sofri
A noite toda ruim
Na noite escura nem vi
O meu caminho não tem mais flores
Não tem amores pra mim

Eu sofri
Em cada instante
Em cada encanto
Em cada noite após noite vazia
E até melodia em meu canto não há

(1959)



domingo, 12 de fevereiro de 2017






O POLÍTICO - ÚLTIMA PARTE

Pensei que a sala fechada não houvesse porta ou trincos.
Pensei que, em se levantando, fosse procurar comigo.
Pensei que, em se levantando, fosse conversar comigo.
Pensei que, me vendo perto, me considerasse amigo.

Pensei que, pela presença,
eu fosse notado, ao menos,
mas Cesar passa com louros
dentro do seu terno negro.
Cabeça erguida nos ombros,
olhar pra outro horizonte,
até as portas se lhe abrem
sem ligar pro meu assombro.

Só ficou do corpo o cheiro
do perfume bem cuidado,
o vazio do esquife negro
e as flores no atapetado.

Seria um enterro com honras,
com pavilhão nacional,
com banda, bispos e imagens
dos santos tradicionais
com o povo em fila indiana
chorando no último adeus,
porque o povo chora sempre,
mesmo não sendo um dos seus.

Seria um enterro de herói,
com flores na sepultura,
clarinada em grande estilo
tirada à nota mais pura,
com elogios “post mortem”
de oradores de escol
lembrando a vida de glórias,
saudando a morte do herói.

Mas será festa de gala
do restabelecimento
do salvador desta pátria
que, por reconhecimento,
terá champanha e sorrisos
em vez da cruz de cimento.

1988