quinta-feira, 30 de abril de 2020








SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 01/05/2015
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

Disco:  JAZZ COLLECTION - DIA INTERNACIONAL DO JAZZ

Dia 30 de abril foi universalizado como o Dia Internacional do Jazz, por obra e graça da UNESCO, através do seu embaixador cultural, o pianista Herbie Hancock. A celebração é recente, pois sua oficialização se deu apenas em 2012, coincidindo com o centenário do jazz - muito embora a data precisa de quando tudo começou seja desconhecida e impossível de definir. Fazendo coro a outras comemorações da data que estão sendo feitas em São Luís e no resto do mundo, o programa Sexta Jazz não poderia ficar alheio a esta celebração que premia o bom gosto e a arte musical e vai apresentar um programa especial com a presença de alguns grandes expoentes do estilo - entre eles a Orquestra de Duke Ellington, o grupo contemporâneo de John McLaughlin e Chick Corea, a Tabakin-Akiyoshi Big Band, o Oscar Peterson Trio, as orquestras de Benny Goodman e Count Basie, e os quartetos de John Coltrane e Zoot Sims, entre outros. O programa busca mesclar estilos diferentes de jazz para mostrar ao ouvinte a riqueza e a diversificação que a liberdade musical, o improviso e a sutileza harmônica podem provocar.

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini








SÚCIA DE CANALHAS

(Esta crônica não é de minha autoria. Uma das melhores que já li, foi escrita em junho de 1997 pelo jornalista Alberto Helena Junior, a quem eu peço permissão eletrônica para publicar nos meus domínios, posto que reflete muito a indignação exarada nos dias de hoje)

Augusto Pellegrini

Era uma vez, há muitos e muitos anos, um jornalista, panfletário emérito, desses que não conseguem se controlar diante do cinismo dos poderosos. Todo santo dia molhava sua pena – naquele tempo usava-se ainda a pena – num pote de fel, e derramava suas diatribes – naquele tempo, eram diatribes – sobre a folha branca com a fúria dos justos.
Claro que o destempero sem provas, posto que estas nunca bastam aos olhos cegos da lei, acabaram por levá-lo duas ou três noites às masmorras – eram tempos de masmorras, então – semana sim, semana não, por ordem de zeloso juiz.
Enquanto isso, cresciam os desmandos dos poderosos.
Velho, cansado da luta inglória, já sem forças para resistir às noites cada vez mais longas no cárcere – sem contar a reprimenda da mulher, o desprezo das filhas e o abandono dos amigos -, mas ainda assim com a alma em fogo, nosso herói resolveu dar a tacada final: foi aos tipos – naquele tempo havia tipos nas oficinas gráficas – e montou a gloriosa primeira página do seu pasquim. Manchete, em letras garrafais – naquele tempo eram garrafais as manchetes: CANALHAS! E logo abaixo do pingo da exclamação escandia o rol de insultos: “Súcia de canalhas, pelintras, ladravazes, velhacos, safardanas, poltrões...” (traduzindo: canalhas, pilantras, ladrões, traidores, safados, covardes...) e mais uma centena de adjetivos desqualificativos. E ponto final.
À noite, quando ainda sorvia as últimas gotas da vingança do dia, o velho panfletário explicava à intrigada mulher a valia de ter publicado este vitupério – chamava-se vitupério, nessa época –, sem dar nome aos bois.
“Eu, eles e o leitor sabemos quem são. Até o juiz sabe quem são, mas esta noite não pode mandar me prender. Esta noite, minha velha, enquanto eles remoem as ofensas, durmo o sono dos justos”.
Virou-se de lado e, antes mesmo de completar seu gesto, seus roncos já ecoavam como os trovões de Zeus.         


domingo, 26 de abril de 2020





CEFALÉIA (I)
(samba composto em 1974)
(Augusto Pellegrini)

Tenho dormido tão tarde
Que dou boa noite
Quando é de manhã
E o samba é o maior responsável
Pela vida instável
Que eu tenho levado
A insônia de mim toma conta
Quando eu chego em casa
E me estendo no leito
E tanta cerveja tomada
Na noite esticada
Dá ardor no meu peito

Tenho dormido tão tarde
Que a dor que me invade
E os olhos cansados
São a maior testemunha
Desta vida dura
Que eu tenho levado
O espelho me disse outro dia
Tanta boemia
Vai te prejudicar
Colírio nos olhos vermelhos
E um bom travesseiro
Só pode ajudar (devagar)

Atiro essa inconseqüência lá fora
Arranjo depressa um casaco
E vou-me embora
Atiro essa inconseqüência lá fora
Arranjo depressa um casaco
E vou-me embora