sábado, 17 de dezembro de 2016



RESENHA DE FIM DE ANO

A Fifa colocou em prática a figura do “árbitro de vídeo”, um recurso que visa auxiliar eletronicamente a arbitragem sempre que aconteçam lances duvidosos que possam dar margem a diferentes interpretações.
Estava realmente na hora de se fazer os primeiros experimentos tecnológicos com a finalidade de prevenir erros de arbitragem grosseiros que infelizmente nos acostumamos a ver.
No entanto, talvez fosse mais prudente realizar o teste num jogo de menor importância, onde eventuais problemas na implantação não tivessem muita repercussão. Mas a Fifa resolveu testar a modificação numa partida de alcance mundial, na fase final do Mundial de Clubes disputado no Japão, expondo o “árbitro de vídeo” na sua primeira aparição a um certo fiasco, não por sua culpa digital, mas por culpa do árbitro de carne e osso que viu errado, interpretou errado e decidiu pior ainda.
Ele, o árbitro húngaro Viktor Kassai, assinalou um pênalti que pode até ter existido – a mim não me convenceu – mas foi precedido por um impedimento do atacante que sofreu a penalidade.
Em virtude dessa falha, o Atlético Nacional, da Colômbia, o novo time de todos os brasileiros, foi prejudicado numa partida em que vinha atuando bem, com chances de vencer, e acabou perdendo a oportunidade de disputar a partida final para o time da casa, o Kashima Antlers.
Ora, se o árbitro viu o lance no vídeo, constatou que houve a infração e que a mesma foi cometida dentro da área mas não viu o impedimento, para que serviu o “árbitro de vídeo”?
Eu sou plenamente favorável ao auxílio eletrônico nas arbitragens, mas este auxílio deve ser voltado para dúvidas específicas, como saber se a bola entrou no gol, se ela saiu pela lateral, se o jogador estava em posição de impedimento e outras que não sejam simplesmente objeto de interpretação. Lances de bola na mão ou mão na bola, por exemplo, dependem muito mais do que o árbitro pensa e de como ele viu o lance do que da constatação de se houve ou não o contato da mão com a bola.
O fato deve servir de estímulo para que árbitros sejam melhor orientados com respeito às regras e que a ajuda eletrônica não seja apenas mais um aplicativo a serviço da interpretação humana, mas que possa funcionar como um colegiado onde entre em discussão a validade e as características do lance.
A Fifa argumenta que o processo está sendo apenas iniciado e que medidas serão tomadas para orientar os árbitros a respeito do seu uso. Enquanto isso, os prejudicados vão continuar reclamando com o Papa.
Este torneio é o último capítulo do futebol em 2016.
Para os brasileiros o saldo em campo foi positivo. Saímos de uma vexatória e incômoda posição na tabela de classificação das Eliminatórias da Copa 2018 para a liderança do torneio, graças à tardia saída do técnico Dunga, a quem faltava tudo – conhecimento, postura e entendimento com os jogadores – e a chegada de Tite, que aliou o conhecimento técnico aprimorado nos últimos anos com uma postura educada e elegante e um trato mais humano com o grupo.
Outra notícia importante vem dos bastidores e mostra que boa parte dos clubes estão conseguindo deixar a crise pra lá e, administrando as finanças com pulso forte, dão mostras de uma boa recuperação, com boas perspectivas para 2017.
Se dentro do campo, entre vaias e aplausos, as coisas correram a contento, fora dele as brigas e a intolerância entre os torcedores continuaram a desafiar a lei e o bom senso.
Como destaque negativo supremo, perdemos toda uma equipe da Série A, a Chapecoense, num estúpido acidente provocado pela ganância e pela decisão equivocada do comandante da aeronave.
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Como acontece todos os anos, Gol de Placa entra num período de férias, coincidindo com a entressafra da mudança do calendário esportivo, desejando a todos os companheiros de O Imparcial, aos leitores e aos desportistas em geral um Feliz Natal e um Ano Novo pleno de saúde, paz e realizações.
Estaremos de volta na edição de 20 de janeiro de 2017. 



 (Artigo publicado no caderno de Esportes do jornal O Imparcial de 16/12/2016)