RESENHA DE FIM DE ANO
A Fifa colocou em prática a
figura do “árbitro de vídeo”, um recurso que visa auxiliar eletronicamente a
arbitragem sempre que aconteçam lances duvidosos que possam dar margem a
diferentes interpretações.
Estava realmente na hora de
se fazer os primeiros experimentos tecnológicos com a finalidade de prevenir
erros de arbitragem grosseiros que infelizmente nos acostumamos a ver.
No entanto, talvez fosse
mais prudente realizar o teste num jogo de menor importância, onde eventuais
problemas na implantação não tivessem muita repercussão. Mas a Fifa resolveu
testar a modificação numa partida de alcance mundial, na fase final do Mundial
de Clubes disputado no Japão, expondo o “árbitro de vídeo” na sua primeira
aparição a um certo fiasco, não por sua culpa digital, mas por culpa do árbitro
de carne e osso que viu errado, interpretou errado e decidiu pior ainda.
Ele, o árbitro húngaro
Viktor Kassai, assinalou um pênalti que pode até ter existido – a mim não me
convenceu – mas foi precedido por um impedimento do atacante que sofreu a
penalidade.
Em virtude dessa falha, o
Atlético Nacional, da Colômbia, o novo time de todos os brasileiros, foi
prejudicado numa partida em que vinha atuando bem, com chances de vencer, e
acabou perdendo a oportunidade de disputar a partida final para o time da casa,
o Kashima Antlers.
Ora, se o árbitro viu o
lance no vídeo, constatou que houve a infração e que a mesma foi cometida
dentro da área mas não viu o impedimento, para que serviu o “árbitro de vídeo”?
Eu sou plenamente favorável
ao auxílio eletrônico nas arbitragens, mas este auxílio deve ser voltado para
dúvidas específicas, como saber se a bola entrou no gol, se ela saiu pela
lateral, se o jogador estava em posição de impedimento e outras que não sejam
simplesmente objeto de interpretação. Lances de bola na mão ou mão na bola, por
exemplo, dependem muito mais do que o árbitro pensa e de como ele viu o lance
do que da constatação de se houve ou não o contato da mão com a bola.
O fato deve servir de
estímulo para que árbitros sejam melhor orientados com respeito às regras e que
a ajuda eletrônica não seja apenas mais um aplicativo a serviço da
interpretação humana, mas que possa funcionar como um colegiado onde entre em
discussão a validade e as características do lance.
A Fifa argumenta que o
processo está sendo apenas iniciado e que medidas serão tomadas para orientar
os árbitros a respeito do seu uso. Enquanto isso, os prejudicados vão continuar
reclamando com o Papa.
Este torneio é o último
capítulo do futebol em 2016.
Para os brasileiros o saldo
em campo foi positivo. Saímos de uma vexatória e incômoda posição na tabela de
classificação das Eliminatórias da Copa 2018 para a liderança do torneio,
graças à tardia saída do técnico Dunga, a quem faltava tudo – conhecimento,
postura e entendimento com os jogadores – e a chegada de Tite, que aliou o
conhecimento técnico aprimorado nos últimos anos com uma postura educada e
elegante e um trato mais humano com o grupo.
Outra notícia importante vem
dos bastidores e mostra que boa parte dos clubes estão conseguindo deixar a
crise pra lá e, administrando as finanças com pulso forte, dão mostras de uma
boa recuperação, com boas perspectivas para 2017.
Se dentro do campo, entre
vaias e aplausos, as coisas correram a contento, fora dele as brigas e a
intolerância entre os torcedores continuaram a desafiar a lei e o bom senso.
Como destaque negativo
supremo, perdemos toda uma equipe da Série A, a Chapecoense, num estúpido
acidente provocado pela ganância e pela decisão equivocada do comandante da
aeronave.
-0-
Como acontece todos os anos,
Gol de Placa entra num período de férias, coincidindo com a entressafra da
mudança do calendário esportivo, desejando a todos os companheiros de O
Imparcial, aos leitores e aos desportistas em geral um Feliz Natal e um Ano
Novo pleno de saúde, paz e realizações.
Estaremos de volta na edição
de 20 de janeiro de 2017.
(Artigo publicado no caderno de Esportes do
jornal O Imparcial de 16/12/2016)