A SUPREMACIA DAS AMÉRICAS
Apesar
de o futebol ter suas origens no Continente Europeu, o primeiro torneio oficial
realizado entre seleções de países do mesmo continente foi disputado na América
do Sul. Foi a Copa América, que teve a sua primeira edição jogada em 1916 quando
ainda se chamava Campeonato Sul-Americano de Seleções.
Na
verdade, em 1910 a Argentina realizou um torneio teste com o nome de Copa
Centenario de La Revolución de Mayo com a participação dela mais o Chile e o Uruguai,
tendo como convidados alguns clubes portenhos – Alumni, Liga de Rosario e
Belgrano – a fim de estabelecer um número aceitável de disputantes. Os argentinos venceram e se autoproclamaram
campeões das Américas, mas o torneio não foi reconhecido como oficial.
Seis
anos depois, também na Argentina, foi disputada a primeira edição pra valer,
coincidindo com a fundação da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL),
tendo a participação da Argentina, do Brasil, do Chile e do Uruguai. Desta vez
os uruguaios venceram, repetindo a dose em 1917 em Montevidéu.
Em
1919 deu Brasil, que venceu o Uruguai no Estádio das Laranjeiras por 1x0, conquistando
o seu primeiro título internacional. O gol, anotado por Arthur Friedenreich
inspirou Pixinguinha a compor o choro “Um a Zero” – que muito tempo depois
ganhou uma letra de Nelson Ângelo, um velho conhecido do Clube da Esquina. O
Brasil repetiria a façanha em 1922, centenário da sua independência, sendo o
título também conquistado nas Laranjeiras no meio de muita reclamação dos
uruguaios.
Até
2016 foram realizadas 29 disputas sob o nome de Campeonato Sul-Americano de
Seleções (de 1916 a 1967) e 15 disputas como Copa América (de 1975 até 2015), e
os grandes vencedores foram Uruguai (15 vezes), Argentina (14 vezes) e Brasil
(8 vezes).
Os
maiores goleadores da competição, somando todas as edições das quais
participaram, foram Norberto Méndez (Argentina) com 17 gols em 1945, 1946 e
1947, Zizinho (Brasil) também com 17 gols em seis torneios, de 1942 a 1957,
Teodoro Fernández (Peru) com 15 gols em seis edições, de 1935 a 1947 e Severino
Varela (Uruguai) também com 15 gols, em 1937, 1939 e 1942.
O
recorde de artilharia em um só torneio é de 9 gols e pertence a Jair Rosa Pinto
(Brasil), em 1949, Humberto Maschio (Argentina), em 1957 e Javier Ambrois
(Uruguai) também em 1957.
Os
jogadores brasileiros que mais jogaram a Copa América foram Zizinho (33 vezes),
Taffarel (25 vezes) e Djalma Santos (22 vezes), mas o recordista absoluto é o
goleiro chileno Sergio Livingstone, com 34 participações.
A
fim de celebrar o centenário do torneio e da fundação da CONMEBOL, esta Copa
América será uma edição especial, sendo pela primeira vez disputada em gramados
fora da América do Sul, com a participação ampliada para 16 países, com a
inclusão de Estados Unidos, México, Costa Rica, Jamaica, Panamá e Haiti somados
às dez seleções sul-americanas – por ordem alfabética Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
As
partidas serão jogadas em dez estádios de norte a sul, leste a oeste, incluindo
aí o famoso Rose Bowl, de Pasadena, com capacidade para 92,5 mil pessoas, o
MetLife Stadium, de Nova Jersey, para 82,5 mil e o NRB Stadium, de Houston,
para 71,7 mil.
Com
exceção do Equador, da Venezuela, e dos países na América do Norte e do Caribe
todos os participantes já experimentarem pelo menos uma vez o gosto de dar a
volta olímpica como campeões da América.
O
Brasil é cabeça de chave do Grupo B e tem Equador, Haiti e Peru como
adversários na primeira fase, uma tarefa considerada fácil mesmo tendo em vista
a ausência de Neymar e a pouca produção que a seleção brasileira tem
apresentado ultimamente, fruto de um esquema de jogo ultrapassado e de
convocações equivocadas.
Os
dois primeiros colocados deste grupo cruzarão na sequência com os dois melhores
classificados no Grupo A, que reúne Estados Unidos, Colômbia, Costa Rica e
Paraguai.
Aqui
estará em jogo nada mais do que a supremacia das Américas.
Será
o primeiro grande desafio para o técnico Dunga, cuja imagem está atualmente
desgastada e sofre resistências dentro da própria CBF. O segundo desafio será a
conquista do ouro olímpico, em agosto, com uma visibilidade bem maior por se
tratar de uma competição que o Brasil nunca venceu, com a responsabilidade de
apagar a pálida imagem deixada pela Copa do Mundo de 2014.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 13/05/2016)