O NOVO CHEFÃO
Agora é pra valer.
Giovanni Vincenzo Infantino, popularmente conhecido como Gianni, foi eleito
presidente da Fifa até 2019 com a missão de acabar com as mutretas da era
Havelange/Blatter.
Infantino era o Secretário
Geral da UEFA, e viabilizou a sua candidatura quando a justiça condenou o
presidente da sua instituição, Michel Platini, a oito anos de afastamento de qualquer
atividade ligada ao futebol (Platini era o candidato natural à sucessão de
Blatter, mas se envolveu em um recebimento ilegal de dinheiro e viu a sua
chance ser jogada pela janela).
Apesar do nome
absolutamente italiano, Infantino é suíço, e tem a responsabilidade de
reconstruir a imagem da entidade, seriamente abalada após constatação de
irregularidades, favorecimento ilícito e suborno que levaram à prisão diversos
dirigentes de entidades continentais e da própria Fifa, bem como presidentes de
confederações de outros países.
Ele também tem a seu
encargo restaurar as finanças da entidade, que sofreu um abalo de mais de 100
milhões de dólares incluindo negócios mal feitos e a saída de diversos
patrocinadores que não queriam ver seu nome ligado a Blatter & Cia.
O suíço venceu as eleições
já no segundo turno ao obter 115 votos, 11 a mais do que a maioria simples dos
104 necessários para encerrar o pleito sem a necessidade de uma terceira rodada
de votação. O xeque bareinita Salman Bin Ebrahim Al-Khalifa foi o segundo
colocado, com 88 votos, o príncipe jordaniano Al-Bin Al Hussein ficou em
terceiro com apenas 4. O francês Jérome Champagne foi o quarto, sem voto nenhum.
Analistas entendem que o
poder do futebol voltará a ser concentrado na Europa, pois Infantino credita a
alta corrupção no esporte à falsa democratização imposta por Blatter – na sua
opinião o ex-presidente fez isso para ter mais campo de ação no “toma lá, dá
cá” desenfreado que dava os mesmos direitos a federações pouco representativas
e a federações expressivas do ponto de vista do interesse público, da mídia e
dos patrocinadores.
Isto justificaria os
presentes caríssimos distribuídos a presidentes de federações obscuras como
Brunei, Guam, Montserrat ou Eritréia, que nada representam em termos de futebol
e faziam parte do bloco Maria-vai-com-as-outras que dava apoio a qualquer
proposição do presidente.
Por esse motivo, Infantino
já começa sendo criticado e é tido como elitista por alguns dos seus 92
adversários, a maioria do terceiro mundo futebolístico.
Gianni Infantino terá três
anos (com direito a duas reeleições, podendo se manter até 12 anos no comando)
para provar o acerto da sua proposição, limpar as manchas do nome da Fifa, hoje
visto com desconfiança pelas pessoas ligadas ao futebol e atrair novos
patrocinadores.
Uma das suas primeiras
ações será fazer uma distribuição dos lucros da Fifa entre as federações
filiadas, muitas das quais estão em situação financeira precária, e ele promete
fazer esta transferência da maneira mais transparente possível. Esta medida
simpática começará a atrair as federações para debaixo das suas asas.
Com respeito à prática do
futebol em si, ele terá que discutir com os membros da International Football
Association Board, que é quem autoriza modificações nas regras, o importante
ponto da ajuda eletrônica para modernizar a arbitragem, mesmo sendo o assunto
um tabu que costuma ser evitado.
Terá também que decidir o
formato da Copa do Mundo, para o qual antecipa uma proposta de aumentar o
número para 40 seleções finalistas. Resta saber se a mudança já seria
implementada da Copa de 2018.
Uma coisa é certa: os
holofotes do mundo estarão voltados para o novo chefão, que fica desta forma
impedido de cometer deslizes ou de causar algum retrocesso no futebol do mundo,
que hoje, por ter se constituído numa forte marca política e comercial,
funciona como um regulador de interesses, nos mesmos moldes da ONU.
(artigo
publicado no caderno Super Esportes do jornal O Imparcial de 04/03/2016)