O MINISTRO DO ESPORTE
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 08/01/2015)
Muitos
comentários negativos sobre a escolha do novo Ministro dos Esportes estão na
ordem do dia.
A
ONG “Atletas pelo Brasil”, uma influente organização de atletas e ex-atletas, atualmente
presidida pela ex-jogadora Ana Moser, e que congrega esportistas de renome,
como Raí, Cafu, Dunga, Lars Grael, Bernardinho, Oscar Schmidt, Rogério Ceni,
Flavio Canto, Fernando Meligeni, Hortência, Paula, Gustavo Borges, Kaká, Paulo
André e Rubens Barrichello, entre outros, não ficou atrás.
Esta
organização manifestou oficialmente o seu descontentamento pela escolha de
George Hilton para a pasta de Ministro do Esporte neste segundo mandato da
presidente Dilma Rousseff.
Em
nota oficial, a entidade reclamou da falta de critério para a indicação de
Hilton exigindo “mais respeito e cuidado com o esporte no Brasil”.
Eles
lembram que 2016 será um ano olímpico e que a falta de profissionalismo de uma
pessoa na área governamental para lidar com o problema poderá ser um sério
entrave para o correto funcionamento de uma competição tão importante como
essa, num momento em que pululam denuncias de malversação de verbas e que as
empresas responsáveis pelo andamento das obras – já atrasadas – estão
respondendo a processos judiciais.
A
nota exalta que “infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado na
barganha política” e que a familiaridade do ocupante do cargo com qualquer tipo
de modalidade ou de gerenciamento esportivo é absolutamente nula.
Desde
1937, o esporte nacional era administrado pelo Ministério da Educação (MEC), e
apenas em 1995, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso ele ganhou um
Ministério exclusivo, chamado Ministério Extraordinário do Esporte, embora os
assuntos técnicos e administrativos fossem ainda controlados pelo MEC através
da Secretaria de Desportos a ele vinculada.
No
mesmo ano, porém, foi criado o Instituto Nacional de Desenvolvimento do
Desporto (INDESP), que se desvinculou do MEC e se subordinou ao novo
Ministério.
Em
1998 o nome foi mudado para Ministério do Esporte e Turismo, que manteve o
INDESP funcionando sob sua subordinação.
Com
o presidente Lula, o Turismo ganhou um Ministério próprio e o órgão passou a
ter o nome de Ministério do Esporte.
A
rigor, apenas entre 1995 e 1998 o Ministério teve alguém alinhado com o esporte
no seu comando – Edson Arantes “Pelé” do Nascimento, que dispensa qualquer
biografia.
Na
gestão FHC o Ministério mudou três vezes de titular, começando por Rafael Greca
em 1999-2000 (economista, engenheiro, escritor, urbanista, poeta, editor,
historiador e político), passando por Carlos Carmo Melles em 2000-2002
(agrônomo, empresário rural e político) e finalizando com Caio Cibella de
Carvalho em 2002-2003 (turismólogo e político).
Com
Lula e Dilma, os ministros foram Agnelo Queiroz em 2003-2006 (médico e
político), Orlando Silva em 2006-2011 (só político) e Aldo Rebelo em 2011-2015
(jornalista e político).
É
pouco provável que, com a evidente exceção feita a Pelé, esses senhores ministros
tenham tido algum interesse em qualquer modalidade esportiva, tenham lido
colunas de esporte nos jornais por prazer, tenham acompanhado o noticiário
esportivo como lazer, ou mesmo chutado uma bola na juventude, e o senhor George
Hilton (teólogo, radialista, apresentador de programas evangélicos na TV e
político) não foge à regra.
Isto
é um retrato do que acontece com a grande maioria dos titulares dos outros
Ministérios, pois o interesse maior do governo costuma ser o seu conforto
político ao invés do conhecimento técnico da pasta ministerial.