LESÃO NO ADUTOR
Durante cerca
de vinte e cinco anos escrevi crônicas esportivas semanais publicadas nos
jornais O Estado do Maranhão e O Imparcial. Encerrado o ciclo, ainda me vejo às
vezes cobrado por antigos leitores cujas ideias se afinavam com as minhas.
De conversa em
conversa, resolvi então especular sobre um fato que está chamando a minha
atenção ultimamente, tanto aqui como no exterior.
Antes, porém, alguns
prolegômenos:
O futebol moderno, inventado em um “pub” londrino em 1863 (e não num ginásio
esportivo, como muita gente pensa) procurava aliar lazer e atividade física
para a juventude britânica, mediante o estabelecimento de algumas regras, isto
é, em princípio, o futebol era uma atividade lúdica por excelência.
Com o passar do
tempo as regras foram se modificando, a forma de jogar foi aprimorada, os organizadores
criaram novas concepções de jogo, começaram a surgir jogadores mais talentosos que
outros e o que era lazer passou a ser esporte de competição.
No meio desta (r)evolução,
alguém percebeu a necessidade de que o esporte fosse profissionalizado, e mais
adiante alguém também percebeu que com uma administração mais planejada e
organizada, o antigo lazer poderia se transformar numa autêntica máquina de
fazer dinheiro.
O mercantilismo
tomou conta do futebol, e os clubes passaram a contar no seu elenco – além dos
jogadores, do técnico e do massagista – com uma variada gama de profissionais especializados
em esporte – médicos, advogados, psicólogos, agentes de marketing, matemáticos,
relações públicas, assessores de imprensa, técnicos em informática e ...fisioterapeutas.
É aí que mora o
busílis. Nunca, em tempo algum, foram observadas tantas lesões na coxa
(distensão do músculo adutor) como atualmente, tanto na América como na Europa (não
temos informações sobre o que acontece na África, na Ásia ou no Oriente Médio,
mas como existem muitos técnicos e fisicultores do Ocidente trabalhando por lá
acreditamos que o panorama não muda).
Afinal, o que
está havendo com a preparação física dos atletas? A carga exigida pelos fisicultores
está excessiva ou as partidas estão a cada dia sendo disputadas com mais
intensidade? Os atletas não estão tomando o devido cuidado em preservar a forma
física ou existe algum problema com medicamentos ou alimentação? As “baladas”
fazem parte do que é clinicamente aceito?
Não acho que a mídia
esportiva está dando a devida importância para o caso, porque raramente alguém
toca no assunto, mas para os clubes é fundamental que este problema seja solucionado
porque estão envolvidos, entre outras coisas, salários altíssimos de jogadores
que ao se lesionarem passam a fazer parte do passivo de um investimento de
milhões, sejam reais, dólares ou euros.
O que pode
fazer uma emissora de rádio se os seus locutores começarem a ficar constantemente
roucos ou afônicos?