ESTÁ PERDENDO A GRAÇA
Quando os primeiros operários ingleses chegaram ao Brasil para iniciar a construção das primeiras ferrovias eles trouxeram consigo a descontração do futebol. Nos intervalos de almoço e nos dias de folga eles se reuniam na várzea ao lado dos trilhos que estavam sendo lançados para jogar um futebol improvisado com bolas feitas com pano e estopa, traves demarcadas por pedras e uma diversão juvenil que prescindia de um mediador para desfazer as dúvidas existentes.
Isto aconteceu antes mesmo de Charles Miller voltar da Inglaterra trazendo na bagagem duas bolas usadas, uma bomba pneumática para encher as bolas, um par de chuteiras, alguns uniformes usados e um livro com as regras do futebol a fim de oficialmente dar início à prática do futebol no Brasil - isto aconteceu em 1894.
A partir daí o futebol se transformou no esporte mais praticado no Brasil (e no mundo), sendo a ele agregado o desejo de vitória, um projeto organizado de equipe e um forte espírito lúdico, onde diversão, coragem, competição e plasticidade corriam lado a lado.
Com o passar do tempo, vencer foi ficando cada vez mais importante pois a vitória começou a adicionar dinheiro ao esporte, o que fortaleceu o projeto de equipe e propiciou a construção de praças esportivas mais confortáveis e adequadas. O amadorismo deu lugar ao profissionalismo, que mais tarde cederia espaço ao profissionalismo selvagem. Os times de futebol se transformaram em clubes e de clubes em portentosas empresas com direito a ações na bolsa e à comercialização de produtos com a sua imagem.
Enquanto isso, o espírito lúdico, a brincadeira e a graça de jogar bola foram perdendo a sua essência.
Hoje, como parece acontecer com tudo o mais na vida, o futebol ficou carrancudo e antipático, pois os jogadores - em uma posterior análise os torcedores - estão proibidos de celebrar.
O "politicamente correto" impede gracejos, apelidos e provocações, transformando numa guerra qualquer alusão que se faça e que seja considerada ofensiva, mesmo quando não há a intenção de ofender.
Os árbitros usam das regras e da prepotência para esfriar a euforia de um gol ou de uma vitória, distribuindo cartões amarelos e vermelhos àqueles que ousarem externar alegria quando balançam as redes do adversário, quando aplicam um drible desmoralizante ou quando ousam celebrar com os torcedores.
Os jogadores têm que ser contidos nos seus gestos, e celebrar um gol mesmo quando esta celebração é feita exclusivamente junto à própria torcida, é passível de punição. Logo eles terão que se desculpar por terem feito um gol e com isso provocado a derrota do adversário, e possivelmente deverão se penitenciar em público quando das entrevistas pasteurizadas ao final das partidas.
Os torcedores, por sua vez, são desestimulados de exercer seu papel de torcedor. Cânticos e bandeiras são considerados pela arbitragem como sendo uma provocação ao adversário e o poder público, com tanta coisa importante para resolver que dizem respeito à segurança. saúde, educação e mobilidade urbana, dedica horas a fio no minucioso trabalho de tirar a graça da competição esportiva.
A cereja do bolo foi a proibição de torcedores de clubes diferentes estarem presentes juntos, no mesmo estádio, quando da realização dos clássicos que sempre foram a principal razão da realização de torneios e campeonatos.
Assim, os togados - que podem entender de leis, mas definitivamente não entendem de alegria nem de futebol - inventaram a torcida única, medida anti-democrática que proíbe torcedores de ir aos estádios quando assim o desejarem, uma atitude ditatorial e fascista feita por quem evidentemente não tem capacidade de manter a ordem pública.
Isto aconteceu antes mesmo de Charles Miller voltar da Inglaterra trazendo na bagagem duas bolas usadas, uma bomba pneumática para encher as bolas, um par de chuteiras, alguns uniformes usados e um livro com as regras do futebol a fim de oficialmente dar início à prática do futebol no Brasil - isto aconteceu em 1894.
A partir daí o futebol se transformou no esporte mais praticado no Brasil (e no mundo), sendo a ele agregado o desejo de vitória, um projeto organizado de equipe e um forte espírito lúdico, onde diversão, coragem, competição e plasticidade corriam lado a lado.
Com o passar do tempo, vencer foi ficando cada vez mais importante pois a vitória começou a adicionar dinheiro ao esporte, o que fortaleceu o projeto de equipe e propiciou a construção de praças esportivas mais confortáveis e adequadas. O amadorismo deu lugar ao profissionalismo, que mais tarde cederia espaço ao profissionalismo selvagem. Os times de futebol se transformaram em clubes e de clubes em portentosas empresas com direito a ações na bolsa e à comercialização de produtos com a sua imagem.
Enquanto isso, o espírito lúdico, a brincadeira e a graça de jogar bola foram perdendo a sua essência.
Hoje, como parece acontecer com tudo o mais na vida, o futebol ficou carrancudo e antipático, pois os jogadores - em uma posterior análise os torcedores - estão proibidos de celebrar.
O "politicamente correto" impede gracejos, apelidos e provocações, transformando numa guerra qualquer alusão que se faça e que seja considerada ofensiva, mesmo quando não há a intenção de ofender.
Os árbitros usam das regras e da prepotência para esfriar a euforia de um gol ou de uma vitória, distribuindo cartões amarelos e vermelhos àqueles que ousarem externar alegria quando balançam as redes do adversário, quando aplicam um drible desmoralizante ou quando ousam celebrar com os torcedores.
Os jogadores têm que ser contidos nos seus gestos, e celebrar um gol mesmo quando esta celebração é feita exclusivamente junto à própria torcida, é passível de punição. Logo eles terão que se desculpar por terem feito um gol e com isso provocado a derrota do adversário, e possivelmente deverão se penitenciar em público quando das entrevistas pasteurizadas ao final das partidas.
Os torcedores, por sua vez, são desestimulados de exercer seu papel de torcedor. Cânticos e bandeiras são considerados pela arbitragem como sendo uma provocação ao adversário e o poder público, com tanta coisa importante para resolver que dizem respeito à segurança. saúde, educação e mobilidade urbana, dedica horas a fio no minucioso trabalho de tirar a graça da competição esportiva.
A cereja do bolo foi a proibição de torcedores de clubes diferentes estarem presentes juntos, no mesmo estádio, quando da realização dos clássicos que sempre foram a principal razão da realização de torneios e campeonatos.
Assim, os togados - que podem entender de leis, mas definitivamente não entendem de alegria nem de futebol - inventaram a torcida única, medida anti-democrática que proíbe torcedores de ir aos estádios quando assim o desejarem, uma atitude ditatorial e fascista feita por quem evidentemente não tem capacidade de manter a ordem pública.