sábado, 13 de março de 2021

 


ABRACADABRA... PUFF !!!
(Augusto Pellegrini)

Tinha dinheiro, mas eis que de repente
Minha polpuda carteira fica vaga
Pensando bem, é bem melhor pra gente
Fazer-se de pão-duro diariamente
Do que gastar dinheiro feito água

Mas os amigos, ah vêm os amigos
Que, sabedores da nossa poupança
Nos consideram santo salvador
E se aproximam cheios de esperança
Pedindo ajuda – “amigo, por favor”!

O bolso então aos poucos esvazia
E os juros da poupança vão pro ralo
E na devolução, conforme o caso
Se o empréstimo foi feito a bolso raso
Vêm náuseas naturais, vem pressão alta

Mas felizmente isso não é comigo
Graças aos céus algum provento tenho
O que faz da devolução simples rotina
Mesmo pensando no quanto eu não retenho

De quem me salva eu sou também amigo
E para os meus devoto um forte empenho
Pra nunca ser chamado de sovina
Pra nunca ser cobrado numa esquina

 

 

 

 

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


EARL HINES (1903-1983) 

Nome completo – Earl Kenneth Hines

Nascimento – Duquesne-Pennsylvania-EUA

Falecimento – Oakland-California-EUA

Instrumento – piano

 

Comentário – Um dos mais profícuos pianistas do início do século vinte, Earl Hines – conhecido como “Fatha” – exerceu uma influência decisiva sobre outros mestres do teclado, como Teddy Wilson, Jess Stacy, Joe Sullivan, Nat “King” Cole e até o celebrado Art Tatum. Seu pai era músico amador e sua mãe organista de igreja, o que despertou nele um grande interesse em se aprofundar no estudo do piano. Mesmo sendo praticamente um autodidata, Earl foi um pianista muito inventivo. Ainda nos anos 1920, o seu modo particular de utilizar a mão esquerda lhe valeu o qualificativo de “o pianista mais moderno do jazz”. Na juventude, além do piano, Hines também tocou trompete, e com isso desenvolveu amplas e novas formas de explorar o som do jazz. Em 1922 ele ingressou na orquestra de Lois Deppe, fazendo com ele as suas primeiras gravações. Participou depois das orquestras de Sammy Stewart e Erskine Tate. Mudou-se para Chicago em 1924, onde conheceu Louis Armstrong e Zutty Singleton no Sunset Café, nascendo daí uma intensa afinidade musical. Sua ligação com Armstrong e seu conhecimento do trompete fizeram com que aflorasse nele um estilo pianístico especial, o qual foi denominado “piano trumpet style”. As suas gravações com o grupo, denominado Armstrong’s Hot Five, especialmente as músicas “West End Blues”, “St. James Infirmary”, “Sugar Foot Strut” e “Basin Street Blues”, fazem parte da antologia do jazz. Versátil, Earl “Fatha” Hines foi pianista solo e comandou orquestras de dança, grupos de jazz tradicional e, durante os anos 1940, embarcou na onda do bebop, montando uma orquestra da qual faziam parte Charlie Parker, Dizzy Gillespie, e Sarah Vaughan. Nos anos seguintes ele voltou ao dixieland-chicago e fez diversas apresentações com pequenos conjuntos e gravações no velho estilo piano stride. Earl Hines permaneceu musicalmente ativo durante cerca de sessenta anos, desde os anos 1920 até o início dos anos 1980.

 

Algumas gravações 

Blue Nights (Hayes Alvis)

Everybody Loves My Baby (Jack Palmer-Spencer Williams)

Just A-Sittin’ And A-Rockin’ (Duke Ellington-Billy Strayhorn-Lee Gaines)

Maybe I’m To Blame (Earl Hines-Charles Carpenter-Louis Dunlap)

One O’Clock Jump (Count Basie)

One Night In Trinidad (Earl Hines)

Rosetta (Earl Hines-Henri Woode)

Sally, Won’t You Come Back? (Gene Buck-Dave Stamper)

Stompin’ At The Savoy (Benny Goodman-Edgar Sampson-Chick Webb)

Straight Life (Earl Hines-Buggs Roberts)

Sweet Ella May (Herb Alpert-J.Russell Robinson)

Sweet Georgia Brown (Ben Bernie-Maceo Pinkard-Kenneth Casey)

The Honeydripper (Joe Liggins)

These Foolish Things (Harry Link-Jack Strachey-Holt Marvell)

When I Dream Of You (Earl Hines-Charles Carpenter)

Whirl On A Whirl (Earl Hines)

You Can Depend On Me (Earl Hines-Charles Carpenter-Louis Dunlap)

 

 

quinta-feira, 11 de março de 2021

 


NOVOCABULÁRIO INGLÊS

(Copyright Cambridge) 

(ver tradução após o texto)

 

BRAINCORE

 

In neuroscience, “braincore” is a therapy that enables the nervous system to retrain itself to create new and more appropriate brain wave patterns. But here, BRAINCORE is a way of dressing intended to make you look more intelligent. First was “normcore” – the art of dressing in “normal-looking clothing” – that suddenly became a thing in 2014. Then there was “cottagecore” – the trend for outfits inspired by “rural life twee” that reached peak silliness during lockdown. Now? Middle-aged men are all about BRAINCORE – that’s clothes, accessories and merch that show off how intellectual you are.     

 

            “Have you seen Donald lately? He changed his dressing style and now looks a real BRAINCORE.”               

              “There’s a stylish in New York that can help you to be a real BRAINCORE.”   

             “He looks like a BRAINCORE but if you have a ten-minute talk with him, you’ll see how appearances can be deceiving.”

           

                       

                         TRADUÇÃO

 

APARÊNCIA INTELECTUAL

Na Neurociência, “braincore” é uma terapia que permite ao sistema nervoso exercitar a criação de novas e mais apropriadas ondas cerebrais.  Mas aqui, BRAINCORE é uma maneira de se vestir para fazê-lo parecer mais inteligente. Primeiro, nós tivemos a “normcore” – arte de se vestir da forma mais natural possível – que esteve em voga em 2014. Depois veio a “cottagecore” – vestimentas inspiradas vida rural, que alcançou o seu pico durante o “lockdown”. E agora? Agora, homens de meia-idade estão optando pelo BRAINCORE – roupas, acessórios e objetos que mostram o quanto intelectual você é”.  

“Você tem visto o Donald ultimamente? Ele mudou o jeito de se vestir e agora está parecendo um intelectual”.

“Existe um estilista em Nova York que pode te ajudar a se vestir de forma a fazê-lo parecer mais intelectual”.  

“Ele parece um intelectual, mas se você conversar com ele durante dez minutos você verá como as aparências enganam”.

 

 

 

terça-feira, 9 de março de 2021

 


DO OUTRO LADO DO ESPELHO
(Augusto Pellegrini)


          Percorro com os olhos os quatro pontos cardeais que me cercam neste cubículo onde habito há dias, ou anos, ou séculos, pelo que me diz o relógio da minha semiconsciência.

          Estou deprimido, e o mundo que me cerca é este miserável quarto sem luz, de onde tento olhar por uma fresta de janela fechada e vislumbrar um jardim florido e coberto pelo sol, com borboletas coriscando aqui e acolá tendo como fundo um céu de azul sereno retocado por algumas nuvens de algodão.

          O que vejo, no entanto, é um beco imundo sem saída e cheio de detritos, com a face amarga do inverno se avolumando sombria e insetos mortos boiando em poças de água, tornando a paisagem desalentadora como a minha  vida.

          O mundo fede, e o mau cheiro penetra pela fresta da janela como um gás venenoso que me invade as narinas.

          Não encontro ninguém para responder minhas perguntas nem para satisfazer meus questionamentos.

          Grito, e o meu grito se perde no eco do local vazio e fechado, como o lamento de um moribundo dentro de uma masmorra.

          Há um homem no parlatório na sala ao lado, separado de mim por uma parede de vidro tão espessa que não consigo ouvir a sua voz. Tenho a impressão de que o conheço, seu rosto não me é estranho, mas meu torpor me impede de concatenar ideias.

          Ele me olha fixamente nos olhos, e eu percebo que repete tudo o que eu digo, imita meus gestos e, por incrível que pareça, guarda no rosto a mesma expressão desanimada que estampo na cara macilenta de quem não dorme há duas semanas. Pelo menos é isto que me parece, já que a minha noção de tempo está prejudicada pelos meus desvarios.

          Não sei ao certo onde estou nem o que estou fazendo aqui, e a exaustão embota o meu raciocínio.

          Devo estar sonhando, pois de outra forma já teria encontrado uma explicação para esta situação insólita e insustentável – mas dou um murro na porta metálica e a mão dói, mostrando que estou bem acordado.

          Nunca fui uma pessoa brilhante, capaz de grandes descobertas ou conclusões, mas até um animal que age apenas por instinto teria uma noção razoável de onde se encontra. Um rato, uma barata acuada, um inseto, que seja, tem no instinto de sobrevivência o vislumbre de perceber o tamanho do problema em que se meteu.

          Eu, porém, me sinto desgraçadamente inútil e sem rumo.

          Parece que estou numa cela, e o único móvel que preenche este vazio é esta dura cadeira na qual sento e levanto, feita de metal branco e esmaltado, o que me leva a pensar que estou num hospital ou numa sala de interrogatório, sendo psicologicamente atormentado para confessar algum delito que não me lembro de ter cometido.

                                                              -0-0-0-

          Finalmente entendo que o parlatório nada mais é do que um enorme espelho e que meu interlocutor sou eu mesmo.

          Escuto uma voz que soa como se fossem badaladas de um sino no campanário da minha cabeça – “Vamos deixá-lo aí, para que se acalme de vez.     Amanhã podemos transferi-lo para o quarto” – e outra voz, retrucando – “Mas recomende que seja amarrado com as tiras de couro, pois ele pode se tornar novamente perigoso...”.

          Faz se o silêncio, e antes de apagar totalmente a consciência, me vejo estrangulando o vizinho que costumava praticar canto lírico nos domingos de manhã.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


AS CORES DO SWING
           (Livro de Augusto Pellegrini)

BANDLEADERS E DISCOGRAFIA


DON ELLIS (1934-1978) 

Nome completo – Donald Johnson Ellis

Nascimento – Los Angeles-California-EUA

Falecimento – Hollywood-California-EUA

Instrumento – trompete

 

Comentário – Don Ellis cresceu no meio de gospels e spirituals, pois seu pai era pastor luterano e sua mãe tocava órgão na igreja. Bastou, no entanto, ele assistir a um concerto da orquestra de Tommy Dorsey para que se rendesse completamente ao jazz. Depois de estudar música e se graduar em composição pela Universidade de Boston, Ellis decidiu ser trompetista. Seu primeiro trabalho, aos vinte e dois anos, foi na Glenn Miller Orchestra, que na época, nove anos depois da morte de Miller, era dirigida por Ray Mc Kinley. Depois, Ellis serviu no exército americano na Alemanha, onde se juntou à Seventh Army Symphony and Soldiers’ Show Company, e conheceu o pianista Cedar Walton e os saxofonistas Eddie Harris e Don Menza. Quando retornou aos Estados Unidos, Don Ellis excursionou com a orquestra de Charlie Barnet e depois ingressou na banda de Maynard Ferguson antes de participar de gravações junto à orquestra de Charlie Mingus, que executava um jazz post-bop explorando elementos vanguardistas. Foi nestas orquestras que Ellis adquiriu toda a bagagem musical que faria dele um respeitado inovador dentro do campo do jazz de big band, especialmente na música orquestral de vanguarda. Don Ellis se notabilizou como trompetista, baterista e compositor, exercendo grande influência sobre os músicos nas orquestras por onde passou, pelo seu grande conhecimento, por seu caráter imaginativo e por sua incessante busca de novos sons. Com base nesta liderança, ele montou a sua própria orquestra em 1965, produzindo um som vibrante e “cheio de cores”. Sua big band misturava o estilo bop com o free-jazz e também utilizava fragmentos da música clássica e da música indiana. Sua orquestra se notabilizou pelo lineup diferente – ele chegava a utilizar três contrabaixistas e três bateristas na mesma execução musical, variando ele próprio na execução do trompete e da bateria. Infelizmente, Don Ellis não conseguiu seguir em frente com seus experimentos, pois morreu aos quarenta e quatro anos, vitimado por um ataque cardíaco, privando o mundo do jazz de um músico criativo e promissor. Don Ellis se manteve musicalmente ativo desde o final dos anos 1950 até a final dos anos 1970.

 

Algumas gravações 

Beat Me Daddy, Seven To The Bar (Hughie Prince-Don Raye-Eleanore Sheehy)

Chain Reaction (Hank Levy)

Concerto For Trumpet (Don Ellis)

Final Analysis (Don Ellis)

I Remember Clifford (Benny Golson)

Indian Lady (Don Ellis)

Loneliness (Don Ellis)

New Nine (Don Ellis)

Night City (Don Ellis-Kelly McFadden)

Passacaglia And Fugue (Hank Levy)

Pussywiggle Stomp (Don Ellis)

Put It Where You Want It (Joe Sample)

Seven Up (Howlett Smith)

Tears Of Joy (Don Ellis)

The Blues (Don Ellis)

Turkish Bath (Ron Meyers)

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

 


SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 12/10/2018
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

ARTUR MENEZES

Artur Menezes é um dos mais consagrados bluesmen da atualidade. Nascido em Fortaleza, o guitarrista, cantor e compositor expandiu seus horizontes e hoje ocupa um espaço no mundo do blues, residindo atualmente em Los Angeles e tendo no currículo apresentações em festivais nos Estados Unidos, Inglaterra, México, Argentina, Estônia e em muitas cidades do Brasil, inclusive São Luís e Barreirinhas, onde esteve em três edições do Lençóis Jazz & Blues Festival. Artur Menezes, que já dividiu o palco com o legendário Buddy Guy em Chicago, foi eleito este ano "o melhor guitarrista do 34º Desafio Internacional de Blues (International Blues Challenge)" promovido pela The Blues Foundation, entidade sediada em Memphis-Tennessee. Ele apresenta aqui um álbum gravado no Brasil em 2012 onde interpreta músicas da sua autoria na guitarra e na voz, com o apoio de uma excelente banda, numa apresentação não-linear que faz uma viagem encantada pelo mundo do blues.   

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini