sábado, 7 de julho de 2018







UMA ORQUESTRA DANÇANTE
Swing pra que te quero
Parte 1


O dia era 19 de outubro de 1978.
Eu estava em Belo Horizonte na companhia de um engenheiro americano de nome Robert Mount, ambos a serviço de uma empresa multinacional para a qual trabalhávamos na época. Eu de São Paulo, ele do Texas, duas almas perdidas na capital mineira.
O dia havia sido quente, abafado e cansativo. Após ficarmos o tempo todo expostos à poluição do Distrito Industrial, finalmente voltamos para a cidade no fim da tarde, chacoalhando na Rural Ford que nos servia de transporte.
O sol se punha no belo horizonte das alterosas, recortando a cadeia de montanhas da Serra do Curral em contraponto com um céu de um fundo alaranjado brilhante, e as primeiras luzes da noite começavam a se fazer presentes, piscando aqui e acolá como uma árvore de Natal se espalhando pelas calçadas, enquanto a caminhonete finalmente alcançava as artérias principais, a esta altura intensamente movimentadas, até nos desembarcar como um par de malas em frente ao tradicional Hotel Del Rey.
Uma hora mais tarde, após um breve e refrescante repouso, nos encontramos no bar do hotel para enfim tomar a nossa merecida cerveja bem gelada e fazer os planos para um jantar à mineira, muito embora os pedaços de queijo também mineiro e a delícia do torresminho frito que vieram como acompanhamento já honrassem devidamente a culinária local.
Sobre a mesa asséptica com tampo de fórmica escura, ao lado de um cardápio plastificado e dos costumeiros porta-guardanapo, cinzeiro e galheteiro encontrava-se um pequeno folheto informativo anunciando para “19 de outubro, às nove da noite, o show do ano”’, o que se afigurava simplesmente imperdível, pois se tratava da orquestra de Harry James se apresentando no Palácio das Artes!
Dia 19 de outubro... é hoje!!!
Seduzidos pela oportunidade de assistirmos a um espetáculo memorável, deixamos prontamente de lado a ideia do jantar à mineira para nos engajar numa típica noitada norte-americana.
Bob já havia assistido a uma ou duas apresentações da orquestra de Harry James nos Estados Unidos – ele não sabia precisar exatamente onde, mas acreditava ter sido em Nova York, ou em Pittsburgh, cidade sede da empresa onde trabalhávamos, ou ainda em Houston, onde ele morava – mas para mim, que conhecia James apenas por um par de filmes de Hollywood e por alguns discos, seria uma oportunidade fantástica. 
O Palácio das Artes ficava a uma distância não muito grande do hotel, mas por via das dúvidas e pelo adiantado da hora resolvemos apanhar um taxi, o que acabou sendo providencial porque de repente caiu uma chuva fina inesperada que serviu para amenizar a temperatura da noite, mas que bem poderia ter esfriado o nosso ânimo.
À porta do teatro se formava uma fila caudalosa, o que atestava o interesse do público e atrasaria o início do show, mas auspiciava o sucesso do espetáculo. Afinal, tratava-se de Harry James, um dos pioneiros das grandes orquestras dos anos 1930, época em que surgiu como um dos mais promissores solistas de trompete para se transformar a partir dos anos 1940 em um sucesso mundial, quando liderou uma orquestra que variava entre o swing tradicional e a mais pura e romântica música dançante.
Harry James era possuidor de um sopro peculiar, forte, limpo, macio e tecnicamente perfeito. Dono de um timbre inconfundível e de um “drive hipnótico, ele aliava muito lirismo a um balanço formidável que convidava à dança.
Já veterano, James trazia consigo para a temporada brasileira alguns músicos bastante rodados – caso do trompetista Nick Buono, remanescente do seu antigo grupo, do baterista Sonny Payne, que durante muitos anos havia feito parte da orquestra de Count Basie, e do trombonista Art Dragon, que tocava regularmente tanto na sua orquestra como na Disneyland Band. A orquestra também mesclava outros músicos bem mais jovens, como a louríssima e bela saxofonista-barítono Beverly Dahlke-Smith (única mulher do grupo), o baixista Ira Westley com sua cabeleira fashion anos setenta, o sax-tenorista Fred Waters e um vocalista quase desconhecido chamado Francis Dennis.
Harry James, uma lenda na história da música instrumental, reeditou o brilho da época de ouro do swing e fez uma apresentação de gala, com muito fôlego e muita elegância, sempre imprimindo uma liderança segura sobre o grupo.
As músicas se sucediam dentro de um repertório irrepreensível – “Two O’Clock Jump” (Harry James, Benny Goodman e Count Basie), “Cherokee” (Ray Noble), “Don’t Be That Way” (Benny Goodman, Edward Sampson e Mitchell Parish), “Opus Number One” (Sy Oliver e Sid Garris), “You’ll Never Know” (Mack Gordon e Harry Warren), “Sweet Georgia Brown” (Ben Bernie, Maceo Pinkard e Kenneth Casey), “You Go To My Head” (J.Fred Coots-Haven Gillespie), “Serenade In Blue” (Mack Gordon-Harry Warren) – tendo como base uma pegada orquestral majestosa que servia de suporte para o som aveludado de James.

quarta-feira, 4 de julho de 2018




O FIM DA MEADA

Fico pensando, em meu canto
Que o mundo não vale nada
Você faz, fala e acontece
Pra sair de uma enrascada
E vai levar a vida inteira
Pra achar o fim da meada

Fim, começo, tanto faz
Eu quero uma ponta-guia
Que me ajude na procura
De uma boa companhia
Que me traga encanto e paz
Vinho, amor e simpatia

Penso que achei, mas não acho
Pois a pista é sempre falsa
Parece que é uma ponta
Aquilo que a gente encontra
Mas é só uma parte solta
Bem no meio da enrolada

E tudo isso se sucede
Mesmo tomando cuidado
Os caminhos que aparecem
Desviam pra todo lado
E via de regra acontece
De apontar pro lado errado

Pra achar a ponta do fio
É preciso ter paciência
Mas na maioria das vezes
O acaso não tem clemência
E zomba da nossa lida
Com a maior indiferença

E, por procurar ao léu
Desisto desta empreitada
Pra recomeçar a vida
Busco um outro carretel
Que já tenha definido
O início da caminhada

Não se trata aqui, no caso
De achar o fio da meada,
Tentando reencontrar
Um pensamento perdido
Que terminou confundido
Por quem não entende nada

O que procuro é o início
De uma meada confusa
Não tem nada figurado
E quando for encontrado
Espero que me conduza
Ao caminho desejado

Isto não é figurado
É realmente o começo
De uma busca extremada
Para seguir o caminho
Fio da meada eu desprezo
Fim da meada eu desejo

2018



terça-feira, 3 de julho de 2018




BÉLGICA EM DETALHES


A Bélgica é um país pequeno, espremido entre a França, a Alemanha e a Holanda, com vista para o mar. Em tamanho, é apenas um pouco maior que o estado de Alagoas, e a sua população de cerca de 12 milhões de habitantes fala três idiomas oficiais - o holandês na região norte, o francês na parte do sul e o alemão ao leste.
Suas características fazem do país um lugar especial: dizem que os belgas fazem do país um ótimo lugar para se viver porque tem o charme francês, a loucura holandesa e a disciplina alemã.
A capital, Bruxelas, cresceu a partir de um forte erguido por um descendente do imperador Carlos Magno e hoje conta com mais de quase dois milhões de habitantes, sendo considerada um centro importante para a política, as artes e a gastronomia.
Com cerca de 1.500 marcas diferentes de cerveja, a Bélgica é um paraíso para quem aprecia o produto, que poderia se dar ao luxo de tomar uma marca diferente por dia, sem repetir, durante quase dois anos.
No entanto, a Bélgica não é muito popular entre os brasileiros pois não tem o mesmo apelo cultural, comercial e turístico de outros países do Velho Continente, como Inglaterra, Espanha, Portugal, Itália, França e Alemanha. Hoje, porém, ela está na ordem do dia por se constituir em uma ameaça às pretensões auriverdes em conquistar a Copa do Mundo pela sexta vez desde que o torneio foi criado.
Se valer a qualidade do time rubro podemos antever algumas complicações típicas de uma fase de quartas de final. Se valer a tradição, no entanto, não há muito o que temer.
Os belgas participaram de apenas 12 das 21 edições de Copa do Mundo até agora realizadas - contando com a atual - e a sua melhor classificação foi um quarto lugar em 1986 no México e um sexto lugar na Copa disputada no Brasil em 2014. Nas demais, um desempenho fraco e uma coleção de desilusões.
Em sete ocasiões o país sequer se classificou nas eliminatórias, e até a Copa de 1990 sempre flertou com as últimas colocações no torneio.
Em termos de Europa, o quadro permanece anêmico. Em 17 vezes, desde 1960, conseguiu se classificar apenas 5 para disputar a Eurocopa, conseguindo um vice-campeonato em 1980 e um terceiro lugar em 1972.
A única vez que brasileiros e belgas se enfrentaram numa Copa do Mundo deu Brasil - 2x0 no Mundial de 2002. As equipes também se enfrentaram outras três vezes em jogos amistosos em toda a história.
Num dos amistosos, em 1988, o Brasil venceu em Bruxelas por 2x1, mas nos outros dois tivemos resultados díspares - uma goleada a favor da Bélgica por 5x1 em Bruxelas em 1963 e a resposta brasileira com outra goleada, desta vez 5x0  no Rio de Janeiro em 1965.
A Bélgica já teve craques de repercussão internacional, com o zagueiro Vincent Kompany, ainda na ativa, o atacante Paul Van Himst (maior artilheiro da seleção), o goleiro Michel Preud'homme (o melhor de todos os tempos) e o meia Jan Ceulemans (recordista de atuações pela seleção), mas a equipe atual é sem dúvida mais organizada e possui um conjunto mais harmonioso. Nela despontam Thibaut Courtois (goleiro do Chelsea),  os zagueiros Thomas Meunier (PSG) e Thomas Vermaelen (Barcelona), os meio-campistas Kevin De Bruyne (Manchester City), Marouane Fellaini  (Manchester United), Mousa Dembélé (Tottenham) e os atacantes Romelu Lukaku (Manchester United) e Eden Hazard (Chelsea).
Um time que pode dar trabalho.

segunda-feira, 2 de julho de 2018





SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 31/03/2017
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA 

KAREN HERNANDEZ TRIO  

Karen Hernandez é uma pianista bastante conhecida no cenário musical de Los Angeles e outras cidades da California. Desde os anos 1960 a veterana pianista faz muito sucesso nos bastidores musicais da cidade, sendo muito procurada por cantores para gravações e apresentações especiais e se apresentando regularmente nos clubs locais. Seu estilo cheio de filigranas remonta à era do Harlem stride e seu repertório passeia entre o mais puro jazz e a música cubana de Lecuona a Chano Pozo até as leituras pop de Stevie Wonder. O ouvinte do Sexta Jazz vai participar de uma sessão típica das casas noturnas, com o trio executando algumas pérolas como "Angel Eyes", "You've Changed" e "Tin Tin Deo", onde Karen Hernandez se apresenta com o baixista Lou Schoch e o baterista Larry Klein.


Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini