sexta-feira, 25 de abril de 2014







COPA 2014 – AS DIFICULDADES DO GRUPO D

O Grupo D da Copa é sem dúvida o mais equilibrado. Ao final da primeira fase pelo menos uma seleção de ponta vai voltar mais cedo para casa.
O grupo reúne nada menos do que três campeões mundiais, representando sete títulos conquistados ao longo de dezenove disputas, a partir de 1930.
Uruguai (campeão em 1930 e 1950), Inglaterra (1966) e Itália (1934, 1938, 1982 e 2006) não deverão ter dificuldades em despachar a Costa Rica, mas um vacilo contra os caribenhos poderá significar o fim de qualquer pretensão.
O Uruguai já participou de 11 Copas do Mundo, com dois títulos e três quartos lugares na bagagem. É conhecido como “Celeste Olímpica” pela cor da sua camisa e por ter sido duas vezes medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (1924 e 1928).
No cenário continental, em 43 edições da Copa América e do antigo Campeonato Sul-Americano o Uruguai venceu 15 vezes.
O grande nome da seleção uruguaia é o atacante Luiz Suárez (Liverpool), mas o time tem outros jogadores experientes como Diego Forlán (Bola de Ouro na Copa de 2010 e maior artilheiro do país, hoje com 34 anos e jogando no Cerezo Osaka do Japão), Diego Lugano (zagueiro do West Bromwich) e Edinson Cavani (atacante do PSG).
Muitos dos convocados vão se sentir em casa, pois atuam no Brasil, como Martin Silva (goleiro do Vasco), Alvaro Pereira (São Paulo), Sabastián Eguren (Palmeiras), Maxi Rodriguez (Grêmio) e Nicolás Lodero (Botafogo).  
A trajetória celeste para chegar à sua décima segunda Copa não foi fácil, pois a vaga foi conseguida apenas na repescagem, contra a Jordânia.
A Inglaterra, que se vangloria de ser o inventor do futebol association, tem na verdade uma pálida participação em Copas do Mundo, com apenas um título em 13 disputas, tendo chegado às semifinais apenas uma vez, em 1990.
Dentro da Europa também não obtém sucesso, pois em 14 disputas pela Eurocopa o máximo que conseguiu foi chegar às semifinais em 1968.
Mesmo assim, reza a tradição que é um país a ser temido. Apesar dos times ingleses serem fortes, a seleção fica enfraquecida porque a maioria dos jogadores que disputam a Premier League não são ingleses.
Mas como sempre, o English Team apresenta ao mundo alguns jogadores diferenciados, como os veteranos Steven Gerard (Liverpool), Frank Lampard e Ashley Cole (Chelsea), e o também rodado Wayne Rooney (Manchester United). Atenção também para Glen Johnson, Daniel Sturridge e o jovem jamaicano Raheem Sterling (todos do Liverpool) e Steven Caulker (Cardiff).
Teoricamente, a Itália é a seleção mais consistente do grupo, com uma defesa forte e um ataque criativo. Tradicionalmente a equipe se supera nas Copas do Mundo e geralmente alcança excelentes resultados.
Participou de 18 dos 19 torneios disputados e, além dos 4 títulos conquistados, tem a seu favor um vice-campeonato, um terceiro e um quarto lugares.
Na história da Eurocopa, a Itália conquistou um título (1968) e dois vice-campeonatos.  
A base atual da Azzurra é o time da Juventus. O craque da Itália continua sendo Andrea Pirlo e a segurança vem do veterano capitão e goleiro Luigi Buffon (ambos do time de Turim). Os zagueiros Giorgio Chiellini, Andrea Barzagli e Leonardo Bonucci (todos também da Juventus) são quase intransponíveis, e o ataque fica por conta de Mario Balotelli (Milan) e Alberto Gilardino (Genoa). O time tem ainda Daniele De Rossi (Roma), Sebastián Giovinco (Juventus) e Stephan El Shaarawy (Milan).
A Costa Rica entra como coadjuvante, na esperança de fazer um bom papel e roubar pontos dos favoritos. Segunda colocada nas Eliminatórias, abaixo apenas dos Estados Unidos, apresenta os jogadores Bryan Ruiz (Fulham), Leylor Naves (Levante) e Joel Campbell (Olympiakos) como destaque. Seu principal jogador, Bryan Oviedo, que atua pelo Everton, está contundido, e fora da competição.
                                                                                         

segunda-feira, 21 de abril de 2014





O EXEMPLO QUE VEIO DA GRÉCIA

A Grécia é um país milenar, berço da civilização ocidental, mas nem por isso ocupa um lugar de destaque no cenário europeu, do qual é certamente um dos primos mais pobres.
Recentemente, o país se viu envolvido em uma crise sem precedentes, da qual ainda está tentando se livrar com a ajuda da Comunidade Europeia e dos Estados Unidos.
País sem recursos, a quem foi dada a chave do cofre quando entrou na Eurozona, a Grécia transformou a fragilidade do dracma no poderio do euro, mas foi administrada de uma forma pífia por políticos e administradores que não enxergavam muitos palmos adiante do nariz, o que precipitou o problema.
Uma das marcas do desastre foi a realização da Olimpíada de Atenas em 2004, que serviu para celebrar os primeiros Jogos realizados na mesma cidade 108 anos antes, ou seja, em 1896. 
A corrupção, o superfaturamento, o atraso nas obras e a fartura de dinheiro público à disposição dos organizadores inflacionaram os preços, reduziram a qualidade do projeto e impediram um bom planejamento técnico e econômico, provocando um gasto de cerca de 9 bilhões de euros.
Pior: o legado que as construções deixaram para os cidadãos gregos é praticamente nulo, pois grande parte dos prédios, instalações e entornos se encontra totalmente deteriorada.
Com certeza, esta loucura de bancar gente rica foi uma das principais responsáveis pela derrocada que se seguiu nas áreas de sobrevivência da população.
O Brasil está vivendo uma aventura semelhante.
Apenas para a Copa do Mundo, o país está investindo cerca de 25 bilhões de reais (que poderá chegar a 30, o que equivaleria aos mesmos 9 bilhões de euros da Grécia), dos quais 82% são provenientes dos estados e dos municípios e apenas 18% são bancados pela iniciativa particular.
Em 2016 o país vai sediar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o que pode até representar um avanço significativo em termos de imagem, além das vantagens provenientes do ponto de vista do turismo, mas o custo será altíssimo.
A previsão de gastos até o momento é de 36,7 bilhões de reais, aí incluídos uma série de benefícios que deverão ficar como legado à comunidade, como obras de metrô, vias para ônibus, melhorias no meio ambiente e na infraestrutura da cidade, mas isso só será conferido daqui a uma dezena de anos.
De acordo com os organizadores dos Jogos do Rio, 60% da verba é proveniente dos cofres públicos e 40% da atividade particular. A conferir.
O grande problema é a falta de credibilidade dessa gente, pois depois de gastarem 4 bilhões de reais com o Pan 2007 (10 vezes mais do que a estimativa inicial) não deixaram como legado praticamente nada, inclusive a Vila Olímpica, que foi transformada em residências populares mas está caindo aos pedaços, e o Engenhão, que foi doado para o Botafogo e no momento se encontra abandonado, enquanto o poder público se concentra em gastar mais 1,2 bilhão na construção de um novo Maracanã.
Uma das exigências do Comitê Olímpico Internacional para 2016 seria a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas e da Baía da Guanabara, mas peixes mortos e lixo nada orgânico continuam flutuando nas águas, o que pode transferir as provas aquáticas ao ar livre para outros locais, pois já não existe tempo hábil para a devida recuperação ambiental. 
Acrescente-se a isso a possibilidade de greves em serviços essenciais, superlotação de aeroportos, manifestações nas cidades sede e a indigência nos serviços de telefonia e transmissão de dados, e nos veremos de frente com uma espécie de caos que teremos que administrar, independentemente da qualidade ou dos resultados dos jogos da Copa do Mundo ou da Olimpíada em si.