FLOR DO MANGUE
(Augusto
Pellegrini)
Pobre puta de
alma destroçada
Sem rumo exato e com destino incerto
É sempre vista e sempre rejeitada
Como o fio de esgoto que passa por perto
Rosa sem viço,
flor despetalada
Olhar sem brilho, coração em postas
Voz sem vontade, imagem desfocada
Pesado fardo a carregar nas costas
Surge outro dia
sem futuro ou paz
E ela oferece muito mais que um beijo
Quem passa sente um misto de desejo
E desolação, que a triste imagem traz
Falsa alegria, libido
canhestro
De quem fez da vida um pacto de sangue
Uso e descarte é a sina que lhe resta
Estrela apagada, pobre flor do mangue
Fevereiro 2019