sábado, 16 de setembro de 2017




O TAL PLANEJAMENTO

Um bom planejamento é fundamental para qualquer que seja o empreendimento ou a atividade que se pretenda exercer, seja ela no âmbito doméstico, profissional ou governamental. Todos concordam com isso.
O problema é que os resultados conseguidos terão estreita ligação com o planejamento realizado e com os procedimentos adotados, isto é, se a coisa não for bem feita o fracasso pode ser retumbante.
Isto vale para o cozinheiro que prepara um jantar para trinta pessoas, para o administrador que pretende alcançar determinada meta proposta pela diretoria, para o mestre-escola que precisa cumprir com um determinado currículo escolar num certo período de tempo, para o atleta que se prepara para uma competição ou para um jogo em particular, para o engenheiro que define etapas de um projeto, para um dirigente esportivo que monta uma equipe para a temporada ou para o turista em férias que não quer correr o risco de imprevistos.
O problema é que, em que pese todo o estudo acadêmico dedicado a esta verdadeira arte - a arte de planejar - e em que pesem os cursos, palestras e livros escritos sobre o métier, os erros de planejamento continuam se sucedendo e colocando em polvorosa muita gente envolvida no processo ou refém dele.
Outro problema é que muita gente planeja à sua maneira, sem ouvir opiniões nem prestar atenção a cuidados comezinhos que poderão fazer a diferença, como analisar a situação e determinar os objetivos, definir estratégias, fazer avaliações constantes e mudar a rota quando e se necessário. 
O acaso é inimigo do resultado perfeito, coincidências só acontecem para aumentar o prejuízo e, de acordo com o que preconiza a Lei de Murphy, "quando deixadas à solta, as coisas sempre terminarão da pior maneira possível".
De algumas décadas para cá, planejamento passou a ser a palavra-chave para os clubes e seleções de futebol independentemente do seu tamanho e das suas ambições.
Ele começa com o reconhecimento da capacitação financeira, a análise do elenco e os critérios de avaliação do técnico e dos dirigentes, e segue com a dispensa de alguns jogadores e a contratação de outros. Aí entra em cena a palavra mágica "pré-temporada", que serve ou devia servir de base para todo o trabalho a ser realizado dali pra frente.
Assim, quando técnicos e jogadores são dispensados durante uma temporada, a tal "pré-temporada" vai pro brejo, pois muita coisa em termos de planejamento precisa ser repensada ou reiniciada.  
É claro que na vida e no futebol nem tudo é feito só de vitórias, portanto um planejamento perfeito deve prever os infortúnios que possam acontecer e se fixar em objetivos realistas e palpáveis. Se eu não consigo ser o primeiro em todas as coisas devo estar entre eles o tempo todo, e possíveis escorregões não poderão desestabilizar a situação nem fomentar crises, sob o risco de os escorregões se transformarem em quedas sucessivas e permanentes.
Por utilizarem um planejamento indevido, os clubes erram de diversas formas.
No atual Campeonato Brasileiro, por exemplo, o Palmeiras pecou por não dar ao certame a necessária importância e privilegiou sua frente de trabalho apenas na Copa Libertadores e na Copa do Brasil. O resultado deste planejamento equivocado foi o pior possível, pois o clube perdeu todas as disputas com muita antecedência e já pode ir pensando num planejamento para 2018. 
Flamengo, Grêmio e outros seguem o mesmo caminho, ao abdicarem da perseguição ao líder Corinthians mesmo tendo ao longo do primeiro turno a oportunidade de se aproximar da liderança (e no segundo turno tiveram uma chance ainda maior, pois o líder enfileirou três derrotas, mas continua folgando na dianteira).
Um clube que briga por títulos deve sempre brigar por títulos e para tal deve possuir um elenco que lhe permita disputar partidas de igual para igual contra qualquer adversário sem a fúnebre necessidade de "poupar jogadores", o que tira o ânimo da equipe e irrita os torcedores.   
Não devemos confundir planejamento com mau planejamento.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017






SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 27/11/2015
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

FIVE PLAY JAZZ QUINTET 

Tendo como referência o estilo pós-bop, o grupo Five Play Jazz Quintet, formado em 2002 e composto por músicos experientes e estudiosos, toca jazz "para alimentar a mente e o coração", conforme eles próprios costumam dizer. O quinteto tem sua base em Berkeley-Califórnia e produz uma música com construções harmônicas e solos bem modernos, no que é auxiliado por um perfeito casamento a três entre piano, guitarra e sax-alto ou clarineta. Outra particularidade do quinteto é que eles executam músicas apenas de autoria de compositores do próprio grupo - o guitarrista Tony Corman, a pianista Laura Klein - sua esposa - e o clarinetista e saxofonista Dave Tidball. O ouvinte do Sexta Jazz terá nesta semana a oportunidade de ingressar num mundo de sons muito expressivos, modernos e cativantes apresentados pelo grupo, que tem também na sua formação o baixista Paul Smith e o baterista Alan Hall.

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini


quarta-feira, 13 de setembro de 2017





O ATOR

(QUINTA PARTE – INTERLÚDIO)

A exibição de O Defunto Virgem foi repentinamente interrompida por três tiros de revólver disparados no peito do desditoso Benito Rubaloca, disparados por sua mulher Ignes Rubaloca num acesso de ciúme, diante de meia dúzia de testemunhas, conforme constou nas manchetes dos jornais do dia seguinte e no boletim de ocorrência lavrado na delegacia horas depois do crime.
Dorotéa Vaughan trancou-se no banheiro e só foi de lá retirada quatro horas depois pelo servente do teatro, muito lívida e balbuciante, após a polícia ter levado madame Rubaloca – que depois do terceiro tiro não se preocupou em se livrar do flagrante e prostrou-se sentada numa cadeira esperando pelo seu inexorável destino.
Passado o susto, dias depois Dorotéa aproveitou para tirar vantagem do desditoso episódio e foi se expor em um programa da televisão marrom, para depois contracenar um filme B onde expôs a sua natureza nua e crua para faturar o equivalente a cinco anos de apresentação no Teatro Aliança. No filme, sua beleza estática e sua falta de talento não chegaram a ser problema.
Timóteo saiu de circulação, e a última vez que foi visto vendia frutas na feira, também sem exibir o menor talento.
Rubaloca, o pivô da questão, teve enfim seu nome eternizado no Diário de Notícias como sempre fora o seu desejo, muito embora na página policial.
Quanto a mim, desde então sou um mais um personagem da vida real à procura de uma persona no palco, saudoso do camarim que guarda aquele silêncio que antecede o espetáculo e daquele calafrio que antecipa a entrada triunfante no palco.
E, na falta de um Tennessee Williams, sigo à espera de um Eraldo Montalvão para escrever as minhas falas.
    
2013


            






SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 27/03/2015
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

WES MONTGOMERY

Nosso convidado desta sexta-feira será um grande ícone da guitarra no jazz: Wes Montgomery. Os analistas costumam dizer que o jazz guitar se divide em duas eras, ou seja, antes e depois de Wes Montgomery. Wes tem a seu crédito ter desenvolvido o fraseado da guitarra apenas depois de adulto, sob a influência do famoso Charlie Christian. O fato é que ele depois influenciou todos os guitarristas que vieram a seguir, incluindo na lista George Benson, Pat Metheny e outros. As músicas que serão apresentadas nesta sexta fazem parte de um álbum chamado Ultimate - Wes Montgomery que traz uma coletânea cuidadosamente escolhida por George Benson, mostrando gravações feitas entre 1965 e 1966, portanto cerca de três anos antes da morte de Wes. Impressiona a leveza e a sonoridade extraída pelos dedos do guitarrista, que tocava utilizando o dedo polegar, sem o auxílio de palheta, e também a sua forma de tocar em oitavas, um sistema chamado block chords, que dava uma melodiosidade bastante expressiva ao instrumento.


Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini

segunda-feira, 11 de setembro de 2017




O ATOR

(QUARTA PARTE – DUETO)

Dorotéa – nascida Maria dos Anjos conforme consta nos implacáveis documentos – me odiava, talvez por saber que o público preferia os meus entreatos à sua exibição em tempo integral. E, embora se apresentasse como a artista principal da trupe, ela sempre deixava transparecer sua total insegurança, tanto dentro como fora do palco.
Esta insegurança se tornou mais evidente após uma tarde de ensaios, quando madame Rubaloca, a esposa do dono, apareceu sem avisar, flagrando a atriz e o señor Benito numa situação profundamente embaraçosa: embora não fosse o diretor de cena, Benito Rubaloca enlaçava a prima-dona nos braços para mostrar ao ator que interpretava o vendedor de escovas como a cena romântica deveria se desenvolver, e a coisa parecia real demais para ser encenação. Timóteo se limitava a ajustar o posicionamento dos atores no palco, e parecia ligeiramente incomodado com a situação.
Mas Timóteo era o anti-diretor por excelência.
A sua presença e as suas orientações sempre soavam perfeitamente dispensáveis na medida em que ele não conseguia passar para o elenco a emoção desejada pela trama. Felizmente para todos, Montalvão – o autor – esteve pessoalmente dirigindo a peça nas três primeiras semanas antes da estreia e transmitiu para os artistas todas as filigranas e trejeitos necessários para um bom desempenho no palco.
Faltam a Timóteo a postura e a afetação dos grandes mestres da encenação. Quem o via circulando pelo palco e pelos bastidores tomá-lo-ia por um mero assistente de produção, tal a sua preocupação com os detalhes pouco significativos do espetáculo e a sua falta de preocupação com a dramaturgia que o enredo exigia.
Estranho é que com todos estes problemas o espetáculo conseguisse lotar o Teatro Aliança em todas as suas três exibições semanais, o que talvez sirva de crédito para o jovem Montalvão. E mais estranho ainda é que os aplausos fossem quentes como a luz, como diz o lirismo da poesia, hora em que todos os participantes se davam as mãos hipocritamente para fazer vênia a um público tão generoso.
A temporada seguia com relativo sucesso apesar dos desacertos internos, e o bonde parecia rolar direitinho sobre os trilhos até madame Rubaloca aparecer novamente de surpresa numa outra tarde de ensaios, me chamar para um “tête-a-tête” nos bastidores e perguntar o que estaria acontecendo entre o pérfido Benito e a ardilosa Dorotéa.
A pergunta veio de supetão, e me pegou de surpresa.
Na falta de saber como proceder, comecei a gaguejar, coisa inadmissível para um declamador de escol, como eu. Pela primeira vez na vida – agora penso que talvez propositalmente, traído pelo inconsciente – não fui capaz de desempenhar meu papel de ator à altura da minha capacidade. Pela primeira vez não consegui ser convincente, e meu olhar hesitante traiu a resposta mentirosa que seria adequada para o momento.
Deve ter falado mais alto o meu insuspeito mau caráter e a possibilidade de colocar um fim nas veleidades de Dorotéa e seu orgulho irracional, para de repente me colocar na pele de um Iago e incendiar de dúvidas a cabeça conturbada, não de Otelo, mas de dona Ignes Rubaloca, dizendo coisas sem dizer, como se estivesse querendo proteger o safado do seu marido, mas encontrando as palavras corretas para envenenar a sua alma.
Então, finalmente percebi ter reencontrado o fabuloso ator que mora em mim. Com a minha soberba e dissimulada atuação eu iria provocar um escândalo de adoráveis proporções, funcionando como uma vingança perfeita para as minhas desditas dentro da companhia.
A pólvora já estava lá, eu apenas riscava o fósforo.


domingo, 10 de setembro de 2017




O ATOR

(TERCEIRA PARTE – BALÉ)


Eu nunca fui, na verdade, muito prestigiado dentro do grupo de Benito Rubaloca. Na noite de estreia de O Defunto Virgem, quando os artistas se deram as mãos e se desejaram uma sincera “merda!” para augurar boa sorte, no máximo um ou outro me mandou à merda, o que não é a mesma coisa e tem um efeito psicologicamente contrário. E assim foi durante o transcorrer da temporada.
Desta forma, eu me sentia só e gostava de ficar só, longe do que eu achava ser a mediocridade geral.
Eu me recordo de certa noite, antes do espetáculo, enquanto o público começava a se acomodar, e eu estava subitamente a sós no camarim, aproveitando para fazer uma revisão da minha vida.
Seguia cheio de dúvidas e de receio: aos quarenta e sete anos ainda não sabia ao certo se desejava realmente ser ator, mas não encontrava uma porta lateral que me apresentasse alguma outra saída. Era como se eu fosse um viciado que a cada dose, a cada peça, a cada ato, se visse mais e mais envolvido com uma coisa que aparentemente lhe dava prazer, mas que talvez no fundo detestasse.
O espelho, enorme e assustador, mostrava meu rosto macilento apesar ou por causa da maquilagem pesada, e as palavras do meu monólogo se misturavam na minha cabeça. Era sem dúvida um verdadeiro milagre que, iniciada a fala inicial, elas se encaixassem perfeitamente e saíssem da minha boca como uma torrente, obedecendo às pausas e às exclamações.
Normalmente eu era aplaudido ao final do monólogo que prefaciava o final do drama, antes que a história retornasse com a participação de Dorotéa & Cia. Eu tinha a impressão – ou pelo menos quero crer – que eles não recebiam o mesmo aplauso caloroso que eu.
-0-
A arte imita a vida, dizem os poetas. Já os sonhadores acham que a vida imita a arte.
Talvez o conceito correto fosse considerar que para certas pessoas vida e arte se confundem num só amálgama, embora para a grande maioria tanto uma como outra inexistam completamente.
Para os néscios, a arte é um bem inalcançável, é um abstrato que jamais será entendido. Para estes idiotas não existe diferença entre ruído ou música, rabiscos aleatórios ou pintura, conversa real ou encenação. Nada os faz ter a percepção de sons harmônicos, nada os faz sentir a emoção das artes plásticas ou entender a diferença entre realidade e engodo. Para eles não existe pausa, para eles não existe ilação. Vivem como se não tivessem alma.
Para estas almas vazias a vida é simplesmente um nascer e vegetar, com a preocupação primária das coisas básicas para a sobrevivência, sem a concepção de momentos mais bem vividos.
No entanto, para aqueles que foram tocados pelo condão de Apolo e que se envolveram na beleza das máscaras do teatro grego e da Commedia dell’Arte, o mundo se abriu desde cedo numa profusão de luzes, sons, cores e gestos. Cada passo dado, cada etapa percorrida ou cada ciclo concluído será sempre marcado por uma explosão de arte.
Estes felizardos respiram arte como se respira o ar, numa associação tão profunda que a inexistência de uma das alternativas implica no desaparecimento da outra.
Esta intensa associação só é possível de ser sentida por quem traz a arte nas veias.
Passei a vida inteira representando para o mundo, meu grande público.
Na escola, fazia-me de interessado para agradar os mestres, mesmo discordando deles e por vezes até os desprezando, muitas vezes achando os seus ensinamentos entediantes e pífios. Em casa, personificava o bom filho para fazer minha mãe feliz, embora nunca tivesse passado de um vil estroina.
Meu pai bem que notava a falta de sinceridade no meu comportamento, mas como ele também tinha algo de podre escondido nas suas ações aparentemente pouco sinceras, ambos preferíamos esconder as nossas ignomínias para manter incólume a harmonia do lar.
Uma espécie de armistício.
Para os vizinhos eu era o rapaz discreto e contido que não se aventurava em encrencas. Os pais me confiavam as filhas quando das festas do bairro, sabedores do caráter errático dos outros jovens e crentes no meu procedimento impoluto. Os idiotas não sabiam que eu era um ator – principiante, sem dúvida, mas mesmo assim um ator – e que eles estavam confiando as suas donzelas a um canalha.
O espelho do camarim me fita.
É estranho que este sentimento de inutilidade se apossasse de mim bem no momento em que eu atravessava a minha melhor fase de intérprete.
Casa cheia três vezes por semana, aplausos benfazejos, e o assédio do público e da imprensa deveriam me alimentar como um afrodisíaco, mas o máximo que fazia era manter as minhas defesas em alerta contra algo que eu nunca soube bem o que é. 
Como um inseto na defensiva.





AS DESPEDIDAS DE PELÉ 
O próximo mês de outubro marcará 40 anos de despedida de Pelé dos campos de futebol. 
Pelé foi um verdadeiro ícone para as gerações passadas, embora não seja entendido ou devidamente apreciado pela geração presente, apesar da farta documentação existente em termos de filmes, livros e reportagens. 
Foram 21 anos de uma carreira exemplar, onde Pelé conquistou todos os títulos possíveis pelas equipes das quais participou. 
Sua estreia como jogador profissional se deu no dia 7 de setembro de 1956, quando ele tinha apenas 16 anos e substituiu o centro-avante Del Vecchio num amistoso em Santo André contra o Corinthians local. O Santos de Zito, Jair Rosa Pinto e Álvaro venceu por 7x1 e Pelé anotou o último gol da goleada depois de aplicar um chapéu no zagueiro e tocar a bola no contra-pé do goleiro, num gol muito parecido com os anotados contra País de Gales e Suécia na Copa de 1958. 
A "Era Pelé" foi marcada pela conquista de títulos regionais, brasileiros, sul-americanos e mundiais. Dos 17 Campeonatos Paulistas disputados de 1956 a 1973, o Santos de Pelé ganhou 12. Depois de Pelé, o Santos ganhou apenas 9 títulos em 39 disputas. 
Pelé se despediu três vezes para plateias e com finalidades diferentes. 
A primeira foi a despedida da Seleção Brasileira. Pelé se preparou com muita dedicação para participar da gloriosa campanha do tricampeonato em 1970 e deixou claro que abdicaria de uma possível convocação para a Copa de 1974. Ato contínuo, resolveu parar em 1971, e sua despedida com a camisa amarela se deu no dia 18 de julho contra a Iugoslávia no Maracanã, onde houve um empate de dois gols. Pelé não marcou - os gols foram de Rivellino e Gérson - e foi substituído no segundo tempo por Claudiomiro. 
Depois da despedida da seleção, Pelé se despediu do Santos. Isto aconteceu no Pacaembu em 2 de outubro de 1974 na partida em que o Santos bateu a Ponte Preta por 2 x 0. Aqui também ele não marcou, cabendo os gols a Claudio Adão e Geraldo (contra). 
Tudo indicava que esta seria a sua saída definitiva dos campos futebolísticos, mas problemas financeiros fizeram com que ele aceitasse um contrato com o New York Cosmos, pois empresários americanos decidiram apostar no crescimento do futebol nos EUA e contrataram alguns craques em fim de carreira para jogar, ensinar e trabalhar como Relações Públicas deste esporte pouco praticado e pouco considerado no país. Com Pelé ou depois dele foram contratados Carlos Alberto Torres, Franz Beckenbauer, Giorgio Chinaglia e outros, na tentativa de alavancar o futebol americano em termos de técnica e interesse. 
Pelé se despediu do Cosmos no dia primeiro de outubro de 1977, quando o New York Cosmos enfrentou o Santos em Nova York e venceu por 2x1. Pelé jogou um tempo com cada camisa e marcou o gol americano contra o clube que o revelou para o mundo. 
Entre 1958 e 2016 Pelé foi agraciado 27 vezes com prêmios que variam de Ballon D'Or (7 vezes), Atleta do Século (3 vezes) e Cavaleiro do Império Britânico em 1997 a Jogador de Futebol do Século (4 vezes), Laureus World Sports Award (indicado por Nelson Mandela) em 2000 e Ordem Olímpica em 2016 (maior condecoração do COI). Pela sua atuação em 1958 na Copa da Suécia, os franceses o proclamaram "Le Roi du Football". 
Enquanto o personagem Pelé é ainda reverenciado em todo o mundo por diversas personalidades, a persona Edson Arantes do Nascimento tem enfrentado muitas situações polêmicas. Suas declarações e atitudes são contestadas por muitos, embora algumas delas tivessem provado ao longo do tempo a sua verdade, como a aparente demagogia em favor das criancinhas em 1974 e a declaração de que "brasileiro não sabe votar" feita depois da reinstalação da democracia no país. O irreverente Romário chegou a dizer que "calado, Pelé é um poeta". 
Outubro é realmente um mês especial para Pelé e para Edson Arantes do Nascimento. Foi em outubro que Pelé marcou duas das suas despedidas e é em outubro (dia 23) que Edson faz aniversário. 
Este ano ambos farão 77 anos.