sexta-feira, 1 de julho de 2016




DE FRIED A FRED

A troca de comando na seleção veio acompanhada por uma expectativa de que poderá haver mudanças também na nossa filosofia de jogo. Especulações não faltam, e uma delas diz respeito à ausência – de um tempo para cá – de um centroavante à antiga, atualmente referido como “camisa 9”.
Sinceramente não sei se este é realmente um problema. Afinal, por bem ou por mal a seleção vem contando com alguns homens do ofício. A organização tática, porém, está tão errada que eles nem aparecem no jogo – haja vista os casos recentes de Fred, Jonas e Ricardo Oliveira.
(Como o futebol brasileiro está no divã, talvez o melhor título para este artigo fosse “de Freud a Fred”).
O primeiro centroavante brasileiro de grande projeção – na época ainda chamado de “center-forward” (taticamente o jogador mais avançado do sistema inglês WM) – foi Arthur Friedenreich, o Fried.
Fried, apelidado de “El Tigre”, atuou na seleção durante 1914 a 1925 e foi dele o gol que deu ao Brasil o primeiro título internacional no 1x0 contra o Uruguai pelo Campeonato Sul-Americano de 1919. Diz-se que Fried tinha o drible curto, o chute de efeito e o jogo de cintura que era um verdadeiro tormento para os becões marrudos da época. Os registros apontam que ele marcou 1239 gols em 1329 partidas jogadas em 26 anos, de 1909 a 1935. Os clubes pelos quais ele mais atuou foram Paulistano e São Paulo. Morreu em 1969.
No livro “Os 11 Maiores Centroavantes do Futebol Brasileiro” o autor, jornalista e narrador Milton Leite, cita os jogadores que costumavam reinar na grande área. Milton Leite não colocou Friedenreich na sua relação, mas eu cuidei de lembrá-lo aqui. Os 11 do Milton são:
1. Leônidas de Silva (“Diamante Negro” ou “Homem Borracha”) – Atuou nas Copas de 1934 e 1938, marcando 9 gols na história do torneio. Pela seleção, marcou 37 gols em 37 jogos em 12 anos, de 1934 a 1946. Em toda a sua carreira profissional, de 1929 a 1950, marcou 522 gols. Até o surgimento de Pelé e Garrincha, Leônidas foi o verdadeiro ídolo brasileiro. Os principais clubes pelos quais atuou foram Flamengo e São Paulo. Morreu em 2004.
2. Ademir de Menezes (“Queixada”) – Atuou na Copa de 1950, da qual foi artilheiro, com 9 gols. Pela seleção, marcou 35 gols em 41 jogos em 8 anos, de 1945 a 1953. Em toda a carreira profissional marcou 327 gols. Principais clubes pelos quais atuou: Sport, Fluminense e Vasco da Gama. Morreu em 1996.
3. Vavá (apelido de Edvaldo Izidio Neto - “Peito de Aço”, “Leão da Copa”) – Atuou nas Copas de 1958 e 1962, conquistando os dois títulos mundiais. Pela seleção, marcou 14 vezes em 23 jogos num período de 9 anos, de 1955 a 1964. Principais clubes pelos quais atuou: Sport, Vasco da Gama, Palmeiras e Atlético de Madrid. Morreu em 2002.
4. Mazzola (apelido de José João Altafini) – Atuou na Copa de 1958, onde se sagrou campeão. Pela seleção brasileira marcou 4 vezes em 8 jogos, entre 1957 e 1958. Marcou também 5 gols em 6 jogos pela seleção italiana, sob o nome de Altafini, em 1961 e 1962. Principais clubes pelos quais atuou: Palmeiras, Milan, Napoli e Juventus.
5. Coutinho (apelido de Antônio Wilson Honório) – Foi reserva de Vavá na Copa de 1962, mas brilhou intensamente no Santos ao lado de Pelé. Atuou pela seleção de 1960 a 1965, marcando 6 gols em 15 jogos disputados nos 5 anos. Dos clubes pelos quais atuou, destaque especial para o Santos, de 1958 até 1970, pelo qual marcou 370 gols em 457 partidas e conquistou 22 títulos. 
6. Tostão (apelido de Eduardo Gonçalves de Andrade - “Mineirinho de Ouro”) – Atuou nas Copas de 1966 e 1970. Jogou na seleção desde 1966 até 1972, marcando 36 gols em 65 partidas em 6 anos. Na carreira, foram 320 gols. Na sua curta carreira de apenas dez anos, defendeu o Cruzeiro e o Vasco da Gama.
7. Reinaldo (“Rei do Mineirão”) – Atuou na Copa de 1978. Jogou na seleção de 1975 a 1985, marcando 11 gols em 29 jogos em 10 anos. Na carreira, foram 268 gols. Em 12 dos seus 15 anos de carreira, atuou basicamente pelo Atlético Mineiro.
8. Roberto (“Dinamite”) – Atuou na Copa de 1978 e mesmo convocado em 1982 não chegou a jogar. Pela seleção, marcou 20 vezes em 38 jogos, e durante toda carreira de 22 anos assinalou 722 gols, 702 dos quais pelo Vasco, clube para o qual dedicou basicamente toda a sua carreira e atuou 1.110 vezes em 20 anos.
9. Careca (apelido de Antônio de Oliveira Filho) – Atuou na Copa de 1986 onde marcou 5 vezes. Pela seleção marcou 29 gols em 63 jogos realizados em 11 anos, de 1982 a 1993. Em 26 anos de carreira, Careca marcou 290 gols. Seus principais clubes foram Guarani, São Paulo e Napoli.
10. Romário (“Baixinho”) – Atuou nas Copas de 1990 (foi convocado, mas não jogou) e 1994, onde marcou 5 gols e foi campeão. Pela seleção marcou um total de 71 gols em 85 jogos em 18 anos, de 1987 a 2005. Em 24 anos de carreira, Romário marcou 925 gols (estatística oficial). Seus principais clubes foram Vasco da Gama, Flamengo, PSV e Barcelona.
11. Ronaldo (“Fenômeno”, “Ronaldinho” ou “R9”) – Atuou nas Copas 1994 (foi convocado, mas não jogou), 1998, 2002 e 2006. Nas Copas, marcou 15 gols e em 23 anos de seleção, de 1994 a 1971, um total de 67. Em toda a carreira, firam 419 gols. Atuou pelo Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madrid, Milan e Corinthians.      


(Artigo publicado no caderno de Esportes do jornal O Imparcial de 01/07/2016)