sexta-feira, 25 de janeiro de 2019






NOVOCABULÁRIO INGLÊS
(Copyright MacMillan)

(ver tradução após o texto)

DENTAL SPA

Forget the dentist’s surgery with the bright lighting and the frightening sound of the drill. Take a trip to a DENTAL SPA, and enjoy the complete toothcare experience. Sit in the special vibrating chair, and surf the net, watch TV, or have a foot massage. Relax and say “aaah”, and you’ll hardly notice what’s happening in your mouth.     

“Thousands of dentists splash subdued colors on their walls and light candles to enhance their offices... But a true DENTAL SPA incorporates spa treatments as well, such as massage therapy or another relaxation technique”.  
(Indianapolis Star, 24th November 2004)

TRADUÇÃO

Esqueça aquela cirurgia dentária com aquela luz fortíssima na cara e o aterrorizante som da broca. Faça uma visita a um SPA DENTÁRIO e se beneficie com uma experiência completa em termos de atendimento odontológico. Sente-se numa cadeira vibratória especial e navegue pela internet, assista televisão ou receba uma massagem nos pés.
  
“Milhares de dentistas pintam as paredes do consultório com cores suaves e acendem velas para melhorar o ambiente... mas um verdadeiro SPA DENTÁRIO incorpora tratamentos de spa específicos, como terapia de massagem ou outras técnicas de relaxamento”.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019





PONTOS DE VISTA


Filinto Querubim, um político popular, no afã de ser ainda mais popular, se isolou nos cantões do Himalaia a fim de aprender com os antigos monges algumas práticas e filosofias que o pudessem diferenciar dos outros políticos.
Entre outras coisas transcendentais, ele aprendeu a levitar e a exercitar o antinatural e o ilógico.
Depois de um longo período de hibernação e isolamento, ele voltou para o seu país e se dedicou com afinco a disputar uma eleição importante.
Como em todo período eleitoral, a troca de farpas entre os candidatos, os membros dos partidos dos candidatos e os simpatizantes dos candidatos era feroz.
Obedecendo a uma estratégia de marketing, Filinto resolveu chocar a patuleia e simplesmente caminhar sobre as águas do lago da cidade!
Isto posto, convocou a imprensa, os correligionários e a populaça em geral para assistir a sua performance que seria executada às seis horas da tarde, depois das badaladas da Virgem Maria.
Dito e feito.
Logo depois das seis Filinto Querubim colocou um terno todo branco para melhor contrastar com o negrume do lago ao crepúsculo e – fantástico! – adentrou as águas e caminhou alguns metros sobre ela. Depois, girou nos calcanhares e voltou calmamente sem perder a concentração, galgando a terra firme sem maiores dificuldades ou sequer molhar a barra da calça.
Comoção geral! Isto não é possível, deve haver alguma artimanha circense, como aquelas usadas por prestidigitadores e ilusionistas – porém nada foi encontrado, nem uma corda. nem um arame, nem um tablado, nada que indicasse um ardil.
No dia seguinte, os jornais publicaram fotos e textos sobre o milagre, encimando a primeira página com manchetes do tipo “Incrível! Filinto Querubim caminha sobre as águas do lago” e “Candidato, Filinto Querubim cumpre o que promete” (essa, do diário que apoiava a sua campanha).  
O jornal da oposição simplesmente noticiou a seguinte manchete: “Querubim não sabe nadar”.
Sem fotos ou maiores comentários.   

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019






A MARATONA DE DANÇA
(excerto)

Dois trechos do meu livro “As Cores do Swing”, um passeio pela era das big bands, já revisado, acabado e pronto à espera de uma Editora que o publique

                                                     Trecho um – Apresentação do autor

O swing nasceu em Nova York, tendo como inspiração a música de jazz, e tendo como raízes a música que era tocada na Chicago de então. Ele também nasceu da necessidade de se mesclar a arte da música orquestrada com a diversão popular da dança.
Este livro procura contar a história do swing de uma forma simples e didática, e para tanto utiliza três componentes centrais – a ficção, a realidade e a história. O livro também fornece ao leitor, na sua parte final, uma boa dose de informação adicional.
A ficção mostra aspectos e personagens pitorescos e situações que não necessariamente aconteceram, mas que poderiam ter perfeitamente acontecido. Aqui, o leitor encontrará diálogos que provavelmente foram travados em algum lugar, fatos que se confundem com a realidade e pessoas que participaram anonimamente da trama sem alterarem o rumo da verdade, tudo fazendo parte do imaginário do autor.
A realidade situa o que há de factual por detrás da origem, do nascimento e do crescimento do swing como a música americana de maior abrangência no mundo durante mais de trinta anos. Ela resgata os nomes daqueles que participaram desta incrível aventura, os locais onde a música mudou o curso da história e as ramificações e consequências que marcaram a existência e a importância do estilo.
A história age como um todo, e procura situar o mundo num tempo-espaço paralelo ao advento, apogeu e declínio do swing, mostrando fatos de natureza política, econômica, social, intelectual, cultural e científica que fizeram parte da primeira metade do século vinte, especialmente nos Estados Unidos.
Já as informações adicionais entram como um apêndice que busca satisfazer a curiosidade do leitor a respeito de diversos personagens e lugares mencionados ao longo da narrativa e facilitar uma eventual pesquisa.
O livro foi concluído em dezembro de 2011, mas teve sua revisão final feita em janeiro de 2019. A história de muitos dos artistas que com a sua arte ajudaram a escrever estas páginas também se encerrou nesta data, mas alguns destes personagens históricos ainda estavam vivos quando da última revisão.
Finalmente, nunca é demais lembrar que este livro também visa desmistificar o pensamento preconceituoso ainda mantido por alguns jazzófilos exageradamente puristas, que acusam o swing de ser uma música meramente comercial (e que, portanto, não deveria ser confundido com o “verdadeiro” jazz, esta sim, na visão dessas pessoas, uma música pura e intelectualizada).
“As Cores do Swing” pretende demonstrar, até com informações prestadas pelos próprios jazzistas, que o swing não é um estilo fechado em si mesmo, nem apenas mais uma variante do jazz, mas a ponte que une o jazz tradicional e o moderno, pavimentando com brilho e cores a história e o roteiro deste rico estilo musical.

Trecho dois – A maratona  


No início, tudo parecia muito divertido.
Alguns casais – não era o caso de Susan e Phil – esbanjavam precocemente uma energia que iria fazer falta no futuro, sem atentar para a duração imprevista da maratona que ali se iniciava.
Passados oito dias, lá estavam Susan e Philip, completamente alheios ao mundo exterior, vagando como dois fantasmas, sem conseguir sentir as pernas, magros, macilentos, com a roupa suja e amarrotada, os sapatos rotos e os pés em pandarecos.
Lá fora o sol se punha, preguiçoso, marcando o final de mais um dia de provação.
Do centro do ringue se espalhava um odor acre e nauseabundo que pairava por todo o auditório, mesmo com a ventilação que provinha de um largo portão e dos janelões laterais estrategicamente abertos.
Dos sessenta casais que haviam iniciado a empreitada ainda restavam sete, Phil e Susan incluídos. Os pares haviam perdido a noção de espaço, e apesar da imensidão do tablado ainda de trombavam e se esbarravam, como que procurando um apoio inconsciente.
Os olhares sem brilho se cruzavam no vazio, sem se ver, como se todos fossem espectros.
De repente, Susan sentiu que o chão começou a se deslocar, como se tivesse apoiado sobre rodas. Olhou para o alto e viu as lâmpadas de iluminação a gás girando como se fossem levantar voo, completamente fora de foco para os seus olhos opacos.
Ela tentou resistir, mas a sensação era mais forte. Susan foi levada pelo turbilhão, se agarrou a Philip com todas as forças que lhe restavam e deixou cair seu corpo sobre o dele.
Ela se viu flutuando, e a dor que sentiu quando bateu a cabeça com força no tablado fê-la pensar que o céu tivesse desabado sobre eles.
Abriu novamente os olhos e viu Phil também caído, a boca aberta salivando e a face pálida e sem expressão, enquanto ouvia gritos e gargalhadas que pareciam vir de um túnel de vento.
A aventura chegara ao fim.




terça-feira, 22 de janeiro de 2019







SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 13/10/2017
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
São Luís-MA

THE BEST JAZZ ALBUM IN AN AMERICAN TRADITION

A tradição do jazz americano como música de influência mundial foi colocada em um álbum chamado "The Sound of Jazz" produzido pelo selo Who's Who in Jazz, que resgata alguns dos títulos mais importantes da discografia jazzística interpretados por astros consagrados em gravações feitas ao vivo. O álbum foi lançado em 1994 e apresenta diferentes estilos de uma música que se universalizou a partir do início do século 20 e produziu um impacto musical que não tem hora para acabar, fazendo surgir a cada momento novos músicos, novas influências e novas vertentes. O álbum traz nomes consagrados na história da música do século passado, como o quarteto de Dave Brubeck, o trompetista Freddie Hubbard, o pianista McCoy Tyner, o violinista Stéphane Grappelli, o trio liderado pelo vibrafonista Gary Burton e o trompetista japonês radicado nos Estados Unidos Terumasa Hino. Entre as músicas, "Take Five", "Bolivia", "How High The Moon", "Over The Rainbow" e um lado B de Duke Ellington, "African Flower".  

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini
                                                                                                                                    





domingo, 20 de janeiro de 2019





EU SOU SUA MÃE...
(excerto)

           No relativo silêncio do bar, localizado em uma travessa tranquila a três quarteirões da avenida principal, com o tráfego rigorosamente reservado aos moradores, uma voz estridente falava – um outro só ouvia e assentia – o que facilitou a minha audição. Não me senti indiscreto, afinal eu já estava lá antes de eles chegarem, e na falta do que fazer, prestei atenção no colóquio, na verdade um quase monólogo.
          O sujeito falante fazia comentários sobre alguém que logo percebi tratar-se de sua filha chamada Ana Clara, “que só tem dois anos, mas já é esperta e tagarela como quê!”
          O homem teceu longos elogios à beleza e inteligência da pequena, descendo a detalhes que só interessam aos pais, enquanto o outro apenas ouvia entre o desinteressado e o enfadado, e emitia uma ou outra interlocução.
           “Todos sempre dizem que minha filha é muito parecida com a avó – minha mãe. Eu, especialmente, sempre notei certos trejeitos muito particulares que fazem lembrar minha mãe, como inclinar o pescoço para o lado esquerdo quando se intrigava com alguma coisa, ou apertar a ponta do nariz quando estava contrariada.
          Minha mãe morreu há seis anos, mas eu continuo morando na mesma casa em que vivíamos, por ser um bem de família e eu ser um filho único. Eu ainda sinto a sua presença na sala, como se ela estivesse lá, no mesmo lugar, vendo televisão, ou mesmo à noite, diante da porta fechada do quarto onde ela dormia.
          Minha mulher diz que não acredita nessas coisas e que é para eu deixar de bobagem. Chegou a mudar os móveis de lugar e a transformar o quarto que minha mãe ocupava em dispensa e adega.
          Diz também que há muito exagero quando eu me refiro à sua semelhança com Clarinha. ‘Uma criança se parece com outra criança, não com uma velha de oitenta anos’, disse ela. Eu me senti indignado com a forma como ela se referia à minha mãe, mas assenti, mudo, para evitar maiores aborrecimentos.
          Outro dia Clarinha estava fazendo uma malcriação qualquer, dessas que os pais toleram com um riso amarelo e que os amigos sentem vontade de pespegar logo umas palmadas. Birra, dizem os psicólogos, manha, dizem os avós.
          Mas a malcriação começou a ficar insistente e eu comecei a perder a paciência. Afinal, eu havia tido uma educação que, se não foi demasiadamente severa, pelo menos foi muito firme, e essa educação não admitia discussões com meus pais sobre quem estava certo e quem estava errado.
          Assim, pela malcriação e pela tentativa de me vencer pelos gestos e pelos resmungos, eu comecei a repreendê-la, primeiro carinhosamente, como convém à repreensão a uma criança de dois anos e meio; depois, como a malcriação aumentava, procurei com mais empenho usar a razão, e finalmente apelei para a autoridade, talvez de uma forma equivocada e precoce, considerando a idade da menina.
          Eu falei para ela, de uma forma bastante incisiva, elevando o tom de voz e brandindo o dedo indicador – ‘minha filha, me respeite, porque eu sou o seu pai!’.
          Fez-se um pesado silêncio, e eu temi pela consequência da minha súbita explosão – um muxoxo magoado ou talvez um choro convulsivo.
          Ela, porém, permaneceu estática por um momento, depois olhou seriamente para mim, apertou a ponta do narizinho, pendeu o pescoço para o lado esquerdo e disse, com uma seriedade e um tom de voz que nada tinha de infantil:
          ‘...E eu sou a sua mãe!’.
          Calei, não ser ter sentido antes uma súbita onda de calor e frio a me subir pela espinha.
          Minha mulher a tudo observava, boquiaberta e com o olhar imóvel, encostada no batente da porta”.