segunda-feira, 12 de março de 2018

A dirty tale for adults only
(To be read aloud with an Italian accent)





THE STORY OF THE ITALIAN WHO WENT TO DETROIT

Wonna day, I’ma go to Detroit to a bigga hotel.
I go down to eat breakfast.
I tella the waitress I wanna two piss’s  toast.
She only bring one piss.
I tella her I want two piss.
She say: go to the toilet.
I say: you no understand, I wanna two piss on my plate.
She say: you better not piss on the plate, you somanabitch.
I don’t even know the lady, and she call me somanabitch!

Later, I go to eat lunch at the Ristorante Brake.
The waitress bring me a spoon and a knife, but no fock.
I tella her I wonna fock.
She tella me everybody wanna fock.
I tella her: you no understand, I wonna fock on the table.
She say: you better not fock on the table, you somanabitch.

So I go back to my room in the hotel., and there’s no shet on my bed.
I calla the manager and tella him I wonna shet.
He tella me to go to the toilet.
I say: you no understand, I wonna shet on my bed.
He say: you better not shet on the bed, you somanabitch.

I go to the check-out and the man on the desk he saya to me : Peace to you.
I say: piss on you too, you somanabitch!!!

And I go back to Italy 

domingo, 11 de março de 2018






O FANTASMA DA FM

(Conto publicado em 1992 no livro “O Fantasma da FM”)

(Parte 5 - Final)

Aristides levantou-se novamente, olhou para o jardim deserto e para o portão de metal trancado à chave, resolver espantar o sono e dar uma volta pelos corredores como se fosse um caçador de fantasmas. Dirigiu-se ao lance da escadaria que ainda guardava em algum degrau o vestígio da vela respingada e sentiu um cheiro desagradável, de enxofre – “...essas faxineiras estão usando material de limpeza da pior qualidade...” – pensou. Olhou para o alto, se defrontando com o vazio e o silêncio. Pé ante pé subiu a escada, o coração por algum motivo batendo mais forte.
Ronaldo, semiadormecido com o rádio sintonizado na sua emissora, entre um ressonar e uma virada na cama olhava para o despertador a fim de não perder a hora de assumir o seu lugar no estúdio. Ainda falta algum tempo, dá pra dormir mais um pouquinho mesmo com a mulher, ao lado, irritada com aquele som e não vendo a hora de ficar sozinha para poder dormir, enfim, até às onze...
No estúdio, Adalgisa não estava se sentindo bem. Aquela chuva das nove da noite, a blusa molhada sobre a pele e o sopro frio do ar condicionado que tomava conta do prédio já estavam fazendo feito.
A garganta arranhava um pouco, uma febre incipiente começava a ganhar corpo e o tremor que sentia tinha agora um pouco de gripe e um pouco de medo.
Parece que ouviu alguém chamar o seu nome, primeiro em tom sussurrante, depois num gemido de agonia.
Aristides subiu todos os degraus e caminhou pelo corredor em direção à porta do estúdio. A plaqueta com os dizeres “no ar” em vermelho estava apagada. O bebedouro no fim do corredor assistia impassível e mudo a sua aproximação enquanto as cortinas esvoaçavam sem motivo e sem vento. Aristides seguiu em direção à porta, de modo assustado e suspeito como se estivesse olhando pelo buraco de uma fechadura de uma alcova repleta de vestais.
Colocou a cara no retângulo de vidro, o nariz suado se esborrachando e o bigode se espalhando como se fosse uma vassoura de piaçava. E os olhos se estreitando em sua miopia para enxergar melhor. A pressão do corpo sobre a porta produziu um leve estalido que soou como gigantesco nos ouvidos aguçados e ultrassensíveis de Adalgisa.
Acabara de tocar Uriah Heep. Os dedos de Adalgisa tinham apertado o botão para colocar a voz da locução “no ar”. No corredor, a plaqueta se acende em vermelho, assim como no painel do estúdio por sobre o quadro de avisos.
Numa fração de segundos ela vira o pescoço e se depara com uma imagem surreal no retângulo da porta – um rosto quase humano, deformado, com uma mancha preta no lugar dos lábios, uma massa escura e difusa como se fossem os cabelos e dois pontos minúsculos que pareciam olhos de cobra. Ao lado, ela conseguiu divisar uma sombra indefinida emanando terror e luxúria envolta numa luminescência amarelada, e bem no meio desta irradiação aqueles olhos vermelhos e oblíquos, os mesmos olhos do sonho.
Lá na recepção, o telefone fora do gancho não respondia aso apelos do menino ouvinte.
Dentro do estúdio, o ar que descia pela tubulação de repente se fez mais frio.
Ronaldo acordou do seu sono indeciso com a música do rádio interrompida por um grito de pavor, a voz de Adalgisa lhe rompendo os tímpanos. Ao seu lado, a mulher saltou como uma rã impulsionada por uma mola e maldisse a vida mais uma vez.
Adalgisa, lívida, viu o borrão desaparecer do vidro, permanecendo apenas os dois pontos vermelhos e o fundo musical parecendo o guinchar de mil morcegos.
-0-
Ronaldo chegou à rádio vinte minutos depois. Encontrou o portão fechado, saltou o muro, atravessou o jardim, a recepção e os corredores e se deparou com Aristides caído na escadaria, trêmulo e ofegante.
O corredor guardava um cheiro de podre, um cheiro de azedo, mas tudo o mais permanecia calmo e em silêncio.
Adalgisa soluçava trancada no estúdio.
No jardim, as árvores se debatiam com um vento repentino e no lado leste do horizonte o céu começava a ficar ligeiramente mais claro, num prenúncio de manhã.
A rádio voltou a funcionar depois de acordar muitos ouvintes que estranharam aquela música com tantos efeitos especiais e ficar silenciosa em seguida.
Estivemos fora do ar por razões técnicas.
Por razões tétricas.