INFINITO
(Augusto Pellegrini)
Teu infinito é
misterioso como a noite
Mas tua noite infelizmente é bem finita
Em vão eu tento decifrar os teus açoites
Que me machucam e trazem caos na minha vida
Então procuro compreender
esse teu lado
Que afirma coisas que de fato não existem
Assim, percebo que estou sendo ludibriado
E enfeitiçado por fantasmas que me assistem
Eu sinto a
mente esvaziar quando te vejo
Como se fosse dissolvida em puro ácido
E me sufoco ensandecido em meu desejo
Prevendo a morte como meu próximo passo
Meu infinito
infelizmente não se cruza
Com tua linha paralela e bem distante
Somos dois corpos a vagar, que ninguém ousa
Aproximar, pois se repelem num instante
Teu infinito é
misterioso como a morte
E como a morte ele é certo e imprevisível
Nosso infinito não tem foto, só recorte
Feito de papel sujo, velho e ilegível