terça-feira, 3 de maio de 2022

 


COMO NASCEM AS CANÇÕES
(Augusto Pellegrini)
 

(Parte 9) 

Na música internacional poucos músicos foram tão reverenciados após a morte como John Lennon, assassinado a tiros em 1980.

Músico, guitarrista, cantor, compositor e ativista, John Lennon era uma unanimidade mundial, e sua morte violenta pelas mãos de um admirador causou comoção em todo o mundo.

A partir de 1982 as composições a ele dedicadas se multiplicaram, inclusive por parte dos seus ex-companheiros dos The Beatles. Naquele ano, Paul McCartney compôs “Here Today” (“Hoje, Aqui”), gravada no álbum “Tug Of War” (“Cabo De Guerra”) – (“And if I say I really knew you well / what would your answer be? / If you were here today / Ooo ooo here yoday / Well, knowing you / You’d probably laugh and say / That we were worlds apart / If you were here today / Ooo ooo here today…”) – (“E se eu disser / Que eu realmente te conhecia bem / Qual seria a sua resposta? / Se você estivesse hoje aqui / Ooo hoje, aqui / Bem, conhecendo você / Você provavelmente cairia na risada e diria / Que nós éramos de mundos diferentes / Se você estivesse hoje aqui / Ooo hoje, aqui”). Cada vez que Paul canta esta música em um show, ele não consegue evitar as lágrimas.  

George Harrison compôs “All Those Years Ago” (“Todos Aqueles Anos Passados”) – (“I’m shouting all about love / While they treated you like a dog / When you were the one / Who has made it so clear / All those years ago…” / “…Deep in the darkest night / I send out a prayer to you / Now in the world of light / Where the spirit free of lies / And all else that we despised”) – (“Estou esbravejando sobre o amor / Enquanto eles tratavam você como um cão / Quando você foi o cara / Que deixou tudo bem claro / Todos aqueles anos passados… / … Dentro da noite mais escura / Eu faço uma prece pra você / Agora no mundo da luz / Onde o espírito fica livre das mentiras / E de tudo aquilo que a gente menosprezava”).

Ringo Starr lançou a sua homenagem apenas em 2010, com a música “Peace Dream” (“Sonho De Paz”) – (“Last night I had a peace dream / You know how real dreams can be / The world was a better place / For you and me, can’t you see? … / …No need for war no more / Better things we’re fighting for / No more hunger, no more pain / I hope the dream comes true someday”) – (“Na noite passada eu tive um sonho de paz / Você sabe quão real os sonhos podem ser / Este mundo era um lugar melhor / Para você e para mim, viu? ... /... Não havia mais necessidade de guerras / Havia coisas melhores para lutarmos por elas / Não havia mais fome nem dor / Espero que este sonho se transforme em realidade algum dia”).

segunda-feira, 2 de maio de 2022

 


 

SINOPSE DO PROGRAMA SEXTA JAZZ DE 19/04/2019
RÁDIO UNIVERSIDADE FM - 106,9 Mhz
SãoLuís - MA

ROUGH SONGS - ROBERT GIEGLING QUINTET

O jazz europeu continua em alta. Desta vez, ele é representado no programa Sexta Jazz por Robert Giegling (trompete e flugelhorn), músico alemão que aos 36 anos se constitui em um fenômeno como intérprete e compositor, além de liderar e fazer os arranjos para o seu quinteto. Giegling lidera também um grupo que toca hip-hop e é bastante popular entre os jovens alemães que curtem este tipo de música. O jazz apresentado pelo grupo é o que se chama de contemporâneo, com intervenções robustas dos metais e um ritmo marcante que é, aliás, uma característica do jazz alemão desde o século passado. Com exceção de uma música, todas as outras apresentadas neste programa são de autoria de Giegling, que impõe um estilo bastante personalista ao trabalho do grupo. O álbum, intitulado "Rough Songs" - "Canções Ásperas" - foi gravado em 2015 e é o segundo do grupo, mostrando a acidez com que algumas músicas são interpretadas, embora contrastando com o lirismo e a placidez de algumas passagens.   

Sexta Jazz, nesta sexta, oito da noite, produção e apresentação de Augusto Pellegrini

                                                                                                   

 

 

                                                       


                                                              PÁGINAS ESCOLHIDAS

Do livro À NOITE, TODOS OS GATOS (1998)
(Augusto Pellegrini)

CRISOLDA VAI CASAR

Crisolda vai casar.
Por encanto ou desencanto, Crisolda vai casar depois do quarenta anos, curada de uma febre de quarenta graus, subindo uma escadaria de quarenta degraus, com Nicolau, o maldito do bairro.

Bela como uma prima-dona de Rossini maquiada como artista de circo mambembe, inconvincente como desculpas de maridos ao alvorecer, Crisolda veste o branco vestal de um ridículo surrealista como se o costureiro tivesse sido Fellini.

Aquela linda garotinha de cabelos cacheados e vestido de lacinhos, a boneca do bairro, se transformara rapidamente numa doce e meiga Crisolda, sonho e desejo dos adolescentes do bairro e adjacências, e depois na bela Crisolda madura como fruta de estio, passando pelos vinte com a arrogância de quem vai permanecer solteira.

Chegara aos trinta ainda luminescente, com as bênçãos de Balzac, mas a partir daí começou a entrar em franca decadência, como flor amanhecida, e agora não passa de um retrato amassado nos cantos e amarelado pelo tempo, o calcanhar ainda fino evocando sensualidade, mas as ancas sacudindo proeminentes e gelatinosas como trouxa de lavadeira.  

Este quadro desanimador, comentavam, teria conduzido Crisolda ao sempre evitado momento – agora derradeiro alento – de dizer “sim” ainda que fosse para Nicolau, o maldito do bairro.      

(Uma história de amor para não ser contada)