sexta-feira, 30 de dezembro de 2016





Os primeiros dois versos se referem a uma música que eu denominei Mágoa de Verão, composta no início da década de 1960. Os dois outros versos correspondiam a outra música também feita na época, que não chegou a ter um título porque eu percebi que as duas partes se encaixavam perfeitamente tanto na melodia quanto na letra e acabei juntando as duas partes numa só. A música é uma bossa nova lenta.


MÁGOA DE VERÃO

Se dor fosse como a chuva
Que há em dia quente
Cai, passa depressa
Passa de repente
Mágoa de verão
Não passa logo, não

Se amor fosse como a folha
De árvore que chora
Cai devagarinho
Vento leva embora
Mas amor não vai
Fica no coração

Chove, a noite é fria
Chovem meus olhos também
Foge a paz que havia
Não pode haver mais ninguém
Não pode haver poesia
Não pode haver mais amor
Cadê aquela alegria?
Cadê? A chuva levou

Chove, a noite é quieta
Parece até procurar
Pela luz do dia
Pra esta tristeza acabar








Esta é a letra de uma das primeiras músicas que eu compus, acredito que em 1958, para uma namorada da época. A temática da música retratava as festinhas nas casas dos amigos que se transformavam em bailinhos regados a cuba-libres. Muito romantismo inocente no ar.  As músicas variavam de Ray Conniff a Sylvio Mazzucca e Perez Prado, com pitadas de Elvis, Bill Haley e Neil Sedaka.



PASSADO TÃO PRESENTE

Uma apresentação
Um aperto de mão
Uma rápida troca de olhar
“Vamos dançar?”
A eletrola fazendo girar o long-play
E seus sons espalhando no ar
Eu não sei
Se é Fulano & Sua Orquestra
Ou outro qualquer
Estou enfeitiçado
Por um rosto de mulher

Um abajur lá no canto
Tudo é meia luz
O ambiente de magia nos seduz
Mas a luz vem ferir nossos olhos com ardor
Alguém apertou
O comutador
Com um condão de fada
Eu faço a cena mudar
Nós dois dançando um fox
Nós dois e o luar
Passado tão presente
Que da mente não sai