O FANTASMA DO REBAIXAMENTO
Enquanto segue o Campeonato
Brasileiro, começam a crescer as expectativas de quem vai terminar a competição
no fatídico Z4, como se convencionou chamar a zona de rebaixamento, passaporte
carimbado para a Série B.
A parada obrigatória neste
meio de semana causada pela partida da seleção brasileira pelas Eliminatórias
da Copa do Mundo contra o Equador facilita este exame sobre a pontuação das
equipes, e mesmo que no domingo ela venha a sofrer algumas alterações isto não
afetará substancialmente a análise como um todo.
No momento, amargando a
última posição com 13 pontos está o América-MG, 13 pontos atrás do Coritiba,
que tem 26 e seria o primeiro a se safar se a degola fosse hoje.
Tudo indica que o América
está liquidado, e no seu encalço, também numa situação precária, ainda que respirando,
está o Santa Cruz, com 19 pontos.
A partir daí começa um
verdadeiro drama, pois nada menos de oito clubes, entre eles São Paulo, Botafogo,
Cruzeiro e Internacional flertam perigosamente com o lado de baixo, porque a
distância entre o 11º e o 18º é de apenas quatro pontos.
Normalmente a gente faz uma
análise da pontuação de um campeonato olhando para a parte de cima da tabela,
pois é de lá que surgirão o campeão e os classificados para diversos torneios.
No momento, seis pontos
separam o quarto colocado Corinthians do líder Palmeiras, isto é, começa a haver
um distanciamento entre os clubes que ocupam esta faixa na tabela,
diferentemente do que acontece na zona da lanterna.
Isto torna extremamente
excitante (para uns) ou preocupante (para outros) olhar para o lado de baixo,
porque lá estão três candidatos que nunca tiveram o desprazer de pertencer à
Série B – os já citados São Paulo, Cruzeiro e Internacional. Eles terão que
mostrar às suas torcidas e à opinião pública por que são chamados de “grandes”,
pois até agora são, ao lado de Flamengo e Santos, os únicos grandes do eixo
Rio-São Paulo-Minas-Rio Grande do Sul que nunca visitaram a divisão de acesso.
O sobe e desce dos clubes tem
sido favorável ao Cruzeiro, que saiu da zona de rebaixamento e vem subindo de
produção, ao passo que o Botafogo mantém uma média medíocre e São Paulo e Inter
continuam colecionando fiascos.
As três próximas rodadas
serão cruciais para as pretensões desses quatro clubes, e incluem os confrontos
diretos São Paulo x Cruzeiro e Cruzeiro x Botafogo.
Cada um vai se defender como
puder.
O São Paulo, depois de mudar
de técnico quatro vezes depois de 2015, passando de Murici Ramalho para Juan
Carlos Osório, Dorival Guidoni (Doriva) e Edgardo Bauza, e também trabalhar com
três interinos, trouxe o cordato Ricardo Gomes num momento crítico onde os
jogadores não se entendem, torcedores invadem o Centro de Treinamento, a
diretoria se vê às voltas com contratações que não funcionam e os conselheiros
pedem a cabeça do diretor de futebol.
No mesmo período, o Botafogo
trocou de técnico três vezes, começando por Renê Simões, passando por Ricardo
Gomes até ele se transferir no meio da temporada para o São Paulo e está
atualmente com Jair Ventura Filho.
O Cruzeiro também mexeu
bastante. De 2015 para cá teve o comando de Marcelo Oliveira, Vanderlei Luxemburgo,
Mano Menezes, Deivid de Souza, Paulo Bento, e conta novamente com Mano Menezes
na tentativa de recuperar o seu bom futebol.
O Internacional teve uma
campanha regular com Diego Aguirre em 2015, dispensou o técnico e até agora não
conseguiu encontrar um bom substituto. Depois de tentativas malsucedidas com
Argel Fucks e Paulo Roberto Falcão está tentando mais uma vez Celso Roth, tido
por muitos como ultrapassado.
Está difícil saber quem irá
cair. Os torcedores dos “grandes” ameaçados preferem colocar Figueirense,
Coritiba, Vitória ou Sport no seu lugar para fazer companhia ao Santa Cruz e ao
América, mas sabem que não será tão fácil assim.
Nos últimos dez anos foram
rebaixados seis dos chamados “grandes”, o que é um mau sinal considerando que
em cada campeonato dezesseis clubes se salvam e só quatro caem.
Nessa loteria indesejável já
foram premiados o Vasco da Gama (três vezes, em 2008, 2013 e 2015), o Botafogo
(2014), o Palmeiras (2012) e o Corinthians (2007).
Isso só nos últimos dez
anos.
(Artigo publicado no caderno de Esportes do
jornal O Imparcial de 02/09/2016)