terça-feira, 25 de janeiro de 2011

DESCULPAS


Mal começou a temporada e os clubes já começam a se justificar por causa de algumas atuações pouco convincentes. Todo ano é a mesma coisa.
Na verdade é possível fabricar desculpas ou palavras de auto-elogio para cada parte do calendário.
A desculpa do momento é a falta de tempo para entrosar o elenco, a tal da pré-temporada.
É uma boa desculpa, pois nem todo jogador sabe se cuidar quando está de folga, e as festas de fim de ano são uma tentação para quem quer comprometer o estado do seu estado físico.
Sempre ocorrem também mudanças no elenco, e os jogadores levam algum tempo para se conhecerem. Além do mais, nem todos os atletas se comportam da mesma maneira em termos de recuperação pós-férias. Então, o entrosamento vai pro espaço.
Técnicos e fisicultores têm outra desculpa engatilhada na ponta da língua para explicar este fenômeno: Fulano está acima do peso, Beltrano está abaixo do peso, Sicrano está com a cabeça na Europa...
Daqui a três meses a desculpa vai ser outra: a pré-temporada foi prejudicada pelo pouco tempo que os clubes tiveram à disposição. É complicado, pois o calendário prevê setenta e tantos jogos no ano e as férias nunca chegam aos trinta dias regulamentares.
Com isso, o ritmo dos atletas não consegue ser uniforme e a falta tempo não deixa o time engrenar. Eles vão ressaltar, também, que as malditas contusões e os malditos cartões atrapalharam o desenvolvimento da equipe.
Como se isto não fosse natural e corriqueiro.
Está chegando o meio do ano e tem time que ainda não se encontrou. A direção o clube troca de técnico e impõe uma cartilha rigorosa aos atletas, culpando o mau desempenho por conta de uma maior falta de disciplina. Às vezes dá certo, outras vezes não. 
Na metade do Campeonato Brasileiro as equipes que estão lutando pela liderança reclamam do cansaço pelo excesso de jogos, no meio e no final de semana. Afinal, alguns clubes se esfalfaram ou ainda estão se esfalfando na Copa do Brasil, na Copa Libertadores e na Copa Sul-Americana.
Este ano teremos ainda a Copa América, e aumentarão as desculpas de cansaço, contusões e ausências forçadas de jogadores, combinadas com algumas transferências, devido à janela européia.
Enquanto isso, os campeonatos seguem em frente.
As equipes que estão no fim da tabela acham que o cansaço físico e mental está comprometendo a recuperação, e muitas adotam o remédio amargo já utilizado anteriormente, isto é, continuam trocando de técnico e afastando jogadores.
Pra não me alongar, passemos à desculpa final: os jogadores, agora na plenitude da forma física e técnica, adquirida com a continuidade dos jogos alegam que estão precisando de férias.
É uma roda viva que, quero crer, ocorre não só no Brasil, mas em boa parte do mundo onde o futebol assumiu ares de grande empresa, onde os jogadores são meros instrumentos de geração de lucro, sendo que muitos deles são regiamente pagos para poderem dar-se ao luxo de reclamar.
O esporte, que originou tudo isso, também passou a ser uma desculpa.

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