O TERCEIRO SEGREDO DE
FÁTIMA
O
jogador Ruy Bueno Neto, também conhecido por Ruy Cabeção, esteve em visita à presidente
Dilma Rousseff na companhia de outros atletas representando o Bom Senso F.C. a
fim de colocá-la a par das desventuras por que passa o futebol brasileiro e das
reivindicações da categoria.
Ruy,
que já passou por diversos clubes – entre eles Cruzeiro, Botafogo e Fluminense
– está temporariamente desempregado depois de uma temporada no Operário-MT, do qual
saiu sem receber os devidos salários.
Ipso
facto, ele resolveu juntar as suas mágoas às reivindicações do Bom Senso F.C. (reivindicações
essas que incluem atrasos de pagamento aos jogadores) e aproveitar a
oportunidade para chorar nos ombros da principal mandatária do país, que abriu uma
brecha na sua agenda para escutar os boleiros.
Também
faziam parte da comitiva os jogadores Alex (Coritiba), Juan e Dida
(Internacional) e Gilberto Silva (sem clube), além do ex-jornalista da SporTV Toninho
Nascimento, atual Secretário Nacional de Futebol e Direitos do Torcedor.
A
conversa versou sobre o calendário da CBF – a quantidade excessiva de jogos que
um profissional tem que atuar por ano e o período apertado das férias dos
atletas. Ironicamente, versou também sobre o aperto por que passam os jogadores
de clubes menos expressivos que, ao contrário, atuam apenas alguns meses
durante o ano devido à falta de torneios oficiais.
Também
foi exposto à presidente a falta do comprometimento dos dirigentes dos clubes
em cumprir as suas obrigações contratuais, ficando às vezes meses sem pagar
salários, bichos e direitos de imagem. Esta situação é menos grave para aqueles
atletas que recebem salários polpudos – na verdade, poucos – mas é
absolutamente crítica para a grande maioria que ganha uma mixaria por mês.
De
acordo com Ruy Cabeção, ao ouvir a peroração, Dilma ficou “estarrecida”, pois
jamais suspeitara desta triste realidade num país onde os clubes fazem
transações milionárias, têm patrocínios também milionários, não prestam conta
das suas atividades financeiras a nenhum Tribunal de Contas e não têm as
obrigações fiscais de uma empresa regular (isto é, não pagam certos impostos
por serem associações sem fins lucrativos). Ela não imaginava “que essas coisas
acontecessem no país do futebol, no Brasil pentacampeão”.
Entende-se
que a presidente, assoberbada que é com os macro problemas do país – que
incluem negociação com partidos políticos, a inquietação da patuleia, viagens
diplomáticas, manutenção de uma base política, preocupação com a política
econômico-financeira e contatos com sua equipe de marketing para cuidar da
imagem – não tenha sido devidamente informada pelos seus assessores sobre os
problemas existentes na administração do futebol no Brasil.
Seus
encontros com o Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo – também presente à reunião,
mas possivelmente menos estarrecido – devem ter se limitado aos detalhes sobre
a Copa e um ou outro deslize da CBF de boa lembrança.
A
situação me faz lembrar o Terceiro Segredo de Fátima, que será divulgado ao
conhecimento público até 31 de outubro deste ano.
Reza
a lenda que cada novo Papa que assumia o pontifício ao longo do tempo era
informado sobre este terrível segredo, ficava estarrecido, chorava, e começava
a orar com muita devoção. Em maio de 2000 o Papa João Paulo II divulgou o Segredo
em segredo, só para alguns iniciados. Todos oraram e choraram, pois o Segredo vaticinaria
coisas terríveis como uma guerra nuclear, assassinatos em massa incluindo o próprio
Papa, Bispos e Cardeais e a entronização de um papa impostor – um Antipapa.
Não
sei se isto é bom ou ruim para o Bom Senso F.C., mas a presidente, apesar de
estarrecida, não chorou nem orou. Também não há notícia que ela, a quarta
mulher mais poderosa do mundo de acordo com a revista Forbes, irá tomar alguma
providência de impacto para resolver o problema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário