segunda-feira, 2 de junho de 2014







O TERCEIRO SEGREDO DE FÁTIMA

 

O jogador Ruy Bueno Neto, também conhecido por Ruy Cabeção, esteve em visita à presidente Dilma Rousseff na companhia de outros atletas representando o Bom Senso F.C. a fim de colocá-la a par das desventuras por que passa o futebol brasileiro e das reivindicações da categoria.
Ruy, que já passou por diversos clubes – entre eles Cruzeiro, Botafogo e Fluminense – está temporariamente desempregado depois de uma temporada no Operário-MT, do qual saiu sem receber os devidos salários.
Ipso facto, ele resolveu juntar as suas mágoas às reivindicações do Bom Senso F.C. (reivindicações essas que incluem atrasos de pagamento aos jogadores) e aproveitar a oportunidade para chorar nos ombros da principal mandatária do país, que abriu uma brecha na sua agenda para escutar os boleiros.
Também faziam parte da comitiva os jogadores Alex (Coritiba), Juan e Dida (Internacional) e Gilberto Silva (sem clube), além do ex-jornalista da SporTV Toninho Nascimento, atual Secretário Nacional de Futebol e Direitos do Torcedor.
A conversa versou sobre o calendário da CBF – a quantidade excessiva de jogos que um profissional tem que atuar por ano e o período apertado das férias dos atletas. Ironicamente, versou também sobre o aperto por que passam os jogadores de clubes menos expressivos que, ao contrário, atuam apenas alguns meses durante o ano devido à falta de torneios oficiais.
Também foi exposto à presidente a falta do comprometimento dos dirigentes dos clubes em cumprir as suas obrigações contratuais, ficando às vezes meses sem pagar salários, bichos e direitos de imagem. Esta situação é menos grave para aqueles atletas que recebem salários polpudos – na verdade, poucos – mas é absolutamente crítica para a grande maioria que ganha uma mixaria por mês.
De acordo com Ruy Cabeção, ao ouvir a peroração, Dilma ficou “estarrecida”, pois jamais suspeitara desta triste realidade num país onde os clubes fazem transações milionárias, têm patrocínios também milionários, não prestam conta das suas atividades financeiras a nenhum Tribunal de Contas e não têm as obrigações fiscais de uma empresa regular (isto é, não pagam certos impostos por serem associações sem fins lucrativos). Ela não imaginava “que essas coisas acontecessem no país do futebol, no Brasil pentacampeão”.
Entende-se que a presidente, assoberbada que é com os macro problemas do país – que incluem negociação com partidos políticos, a inquietação da patuleia, viagens diplomáticas, manutenção de uma base política, preocupação com a política econômico-financeira e contatos com sua equipe de marketing para cuidar da imagem – não tenha sido devidamente informada pelos seus assessores sobre os problemas existentes na administração do futebol no Brasil.
Seus encontros com o Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo – também presente à reunião, mas possivelmente menos estarrecido – devem ter se limitado aos detalhes sobre a Copa e um ou outro deslize da CBF de boa lembrança.
A situação me faz lembrar o Terceiro Segredo de Fátima, que será divulgado ao conhecimento público até 31 de outubro deste ano.
Reza a lenda que cada novo Papa que assumia o pontifício ao longo do tempo era informado sobre este terrível segredo, ficava estarrecido, chorava, e começava a orar com muita devoção. Em maio de 2000 o Papa João Paulo II divulgou o Segredo em segredo, só para alguns iniciados. Todos oraram e choraram, pois o Segredo vaticinaria coisas terríveis como uma guerra nuclear, assassinatos em massa incluindo o próprio Papa, Bispos e Cardeais e a entronização de um papa impostor – um Antipapa.
Não sei se isto é bom ou ruim para o Bom Senso F.C., mas a presidente, apesar de estarrecida, não chorou nem orou. Também não há notícia que ela, a quarta mulher mais poderosa do mundo de acordo com a revista Forbes, irá tomar alguma providência de impacto para resolver o problema.

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