QUASE UM MINEIRAZO
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 30/06/2014)
“Por
muito pouco, muito pouco, pouco mesmo”, como dizia nas suas transmissões o
locutor esportivo Geraldo José de Almeida, o Brasil não sofreu o castigo de
ficar fora da Copa do Mundo realizada no seu próprio país ainda na fase de
oitavas de final.
Há
64 anos a derrota traumática se deu na partida final contra o Uruguai, e como o
jogo aconteceu no Maracanã, o episódio ficou conhecido como “Maracanazo”, termo
lapidado na língua dos nossos algozes.
Mas
as eventuais semelhanças entre Mineirazo
e Maracanazo param por aí.
Em
primeiro lugar, se nós perdemos em 1950, em 2014 ainda continuamos vivos;
temos, porém, o compromisso de evitar um Castelaosazo nas quartas, outro Mineirazo
nas semifinais e o temido Maracanazo na grande final.
Ainda
é tempo de recuperar a credibilidade junto à torcida e à comunidade esportiva,
mas é preciso trabalho e atitude. Vociferar contra a opinião pública não leva a
nada.
Contra
a Colômbia, caberá aos jogadores e à comissão técnica apresentar aquele futebol
que todo mundo espera, pois até os adversários estão constatando com surpresa
que o Brasil não foi nos quatro primeiros jogos nem sombra do papão que eles
tanto temiam.
Voltando
a 1950, sabe-se que o Brasil possuía um time quase perfeito com todas as
condições de dar ao seu torcedor a satisfação quer não havia conseguido dar nas
Copas disputadas anteriormente. Sua única exibição pífia havia sido contra a
Suíça, num empate com sabor de derrota, mas isto foi perfeitamente compensado
pelas exibições de gala que depois presentearam o público, com as goleadas de
7x1 e 6x1 contra respectivamente a Suécia e a Espanha, antes que viesse a final
inglória.
Mas
nesta Copa, a seleção brasileira venceu a Croácia por 3x1 com uma evidente
participação da arbitragem, empatou com o México sem gols num jogo onde nossos
adversários foram superiores, e ganhou de uma equipe em desagregação – Camarões
– vencendo por 4x1 uma peleja que mais parecia um jogo-treino.
A
classificação épica contra o Chile no sábado acabou caindo dos céus,
considerando o nosso péssimo desempenho.
As
lágrimas dos jogadores e a expressão fúnebre da comissão técnica bem retratam o
sentimento nacional, que foi de muita preocupação e angústia até que viesse o
alívio final depois da “loteria dos pênaltis”.
Poucos
jogadores se salvaram da mediocridade apresentada – possivelmente Julio Cesar
pela contribuição que deu na hora decisiva, os zagueiros Thiago Silva e David
Luís, e Neymar, enquanto teve pernas.
É
preciso enfatizar, porém, que os jogadores são os menores culpados por estas
apresentações decepcionantes.
O
Brasil tem uma comissão técnica retrógrada que fala muito e organiza pouco. É
inconcebível qualquer pessoa conceber uma equipe onde os jogadores de
meio-campo não conseguem articular uma jogada sequer – fruto de uma má
convocação e de orientações equivocadas – e que o ataque seja municiado por
chutões da defesa, e “seja o que Deus quiser”.
No
banco está Hernanes, talvez o único que poderia fazer a diferença na
articulação das jogadas, mas o técnico insiste em manter os privilegiados da
sua “família” por conta de (agora se percebe enganosa) vitória sobre a Espanha
por 3x0 na Copa das Confederações.
Esta
está sendo com certeza uma das melhores Copas já disputadas e, por uma ironia
cruel – pois está sendo disputada na sua casa – é possivelmente a pior Copa já
jogada pelo Brasil, pior até do que a cansada seleção que perdeu nas oitavas em
1966 e da seleção de Lazaroni, que até agora é comentada com escárnio.
Está
na hora de Felipão entender que o papel do técnico não é só motivar seus
comandados, mas principalmente de dar a eles um mínimo padrão de jogo.
E
transformar este futebol patético em algo que justifique a nossa história.
Um comentário:
Enquanto isto vamos consumir Ambev, Peugeot, Sadia, Vivo, Walmar, Claro e Unilever.
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