A COPINHA
(ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES”
DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 05/01/2015)
Janeiro é o
mês onde as equipes começam a engraxar as suas engrenagens tendo em vista a
temporada que se inicia com os campeonatos regionais, e vai além com as competições
nacionais e internacionais para aqueles mais bem sucedidos.
Os clubes
fazem o chamado planejamento, procurando adequar as suas necessidades técnicas
e financeiras com a consequente liberação de atletas que não mais interessam e
a chegada de outros para serem titulares ou simplesmente comporem o elenco.
Mas janeiro
também é o mês da Copinha, como é carinhosamente chamada a Copa São Paulo de
Futebol Júnior. Este torneio de tiro curto faz a alegria dos meios de
comunicação esportivos pela cobertura que propicia, e também dos clubes e
jogadores pela visibilidade conseguida.
A Copinha
existe desde 1969, e de lá para cá 45 edições foram disputadas, com apenas um
hiato em 1987 porque a competição era então organizada pela Prefeitura de São
Paulo e o prefeito Jânio Quadros decidiu não realizá-la naquele ano.
O Corinthians
é o seu maior vencedor, com 8 títulos (e 7 vice-campeonatos, o que lhe confere
a proeza de ter sido finalista em 15 das 45 edições disputadas, ou seja, mais
de 30%). A seguir vêm o Fluminense, com 5, o Internacional, com 4, e São Paulo,
Santos e Atlético Mineiro, com três conquistas cada um.
Entre os 12
principais clubes do país apenas Palmeiras, Botafogo e Grêmio jamais faturaram
um título. Em compensação, clubes pequenos como Nacional-SP (1972 e 1988),
Marília-SP (1979), Ponte Preta (1981 e 1982), Juventus-SP (1985), Guarani-SP
(1994), Lousano Paulista-SP (1997), Roma Barueri-SP (2001), Santo André-SP
(2003) e América-SP (2006) já levantaram o caneco (não estou incluindo a
Portuguesa, o América Mineiro e o Figueirense nesta relação de “pequenos” considerando
a história destes clubes nos seus estados).
No total, os
clubes paulistas venceram o torneio 27 vezes, contra 8 dos cariocas, 5 dos
mineiros, 4 dos gaúchos e 1 dos catarinenses.
Esta
disparidade talvez se explique pela maior quantidade de times paulistas na
disputa, mas também tem algo a ver com a dedicação que os centros de
treinamento de certos clubes costumam tratar os seus atletas de base.
Este torneio
é visto com muito carinho por agentes, técnicos e dirigentes, pois é
historicamente responsável pela revelação de muitos craques que fizeram e fazem
parte do universo do futebol.
Alguns dos
muitos jogadores revelados na Copinha se tornaram internacionalmente
famosos – todos com passagem pela seleção brasileira: Paulo Roberto Falcão (Internacional,
1972), Toninho Cerezo (Atlético Mineiro – 1972), Edinho (Fluminense – 1973),
Casagrande (Corinthians – 1980), Raí (Botafogo de Ribeirão Preto – 1985), Cafu
(São Paulo – 1988) e Dida (Vitória – 1993).
Kaká (São
Paulo – 2001) e Robinho (Santos – 2002) também participaram, mas eram reservas
e ficavam no banco (!).
Além desses,
temos Djalminha, Junior Baiano, Marcelinho Carioca e Paulo Nunes (todos
Flamengo – 1990), Dener (Portuguesa – 1991), morto em um acidente quando
despontava para a fama, e o zagueiro Lúcio (Internacional – 1998).
Mais
recentemente, a Copinha nos deu Neymar (Santos – 2008) e Lucas (São Paulo –
2010, que então era chamado de Marcelinho).
Só a
revelação desses craques já justificaria a existência do torneio.
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