sábado, 12 de setembro de 2015







AS REGRAS DO JOGO 

No último Fla-Flu, o rubro-negro abriu a contagem com um gol irregular. O zagueiro Wallace ajeitou com o braço um cruzamento e o resultado foi um chute à queima-roupa de Sheik dando início ao naufrágio tricolor. Final, 3x1 para o Flamengo.
Do jeito que o Fluminense jogou iria acabar perdendo de todo jeito, se livrou até de uma goleada histórica, mas isso não alivia a crítica por mais um erro grosseiro de arbitragem.
O Campeonato Brasileiro está contaminado, contando todos os erros que se sucedem há pelo menos sete rodadas.
E são erros que significam grandes lucros para alguns e grandes perdas para outros, num óbvio atentado contra a lisura do esporte.
Isto não significa, vejam bem, que o campeonato esteja sob suspeição, mas a contagem de pontos na tabela de classificação pode ser considerada ilegítima, pois numa disputa por pontos corridos, três pontos que forem conseguidos por vias tortas podem significar um distanciamento indevido de um time para outro, muitas vezes inviabilizando uma recuperação, jogando por terra todo o trabalho executado e colaborando decisivamente para a conquista do título por um determinado clube.
A estatística vai registrar o nome do campeão, mas não mencionará se a conquista possa ter sido fruto de arbitragens espúrias.
A Comissão de Arbitragem procura disfarçar a sua incompetência e afasta um árbitro aqui, um auxiliar ali, mas não chega ao cerne do problema.
Falta, na verdade, uma gestão séria no futebol brasileiro, e um dos motivos parece ser a subordinação da Comissão de Arbitragem à CBF.
Acobertado por uma direção prepotente e guiado por uma mão misteriosa, o árbitro de futebol acaba tendo o mesmo status de um ministro do Supremo, embora não passe de um cidadão comum.
O árbitro é corporativista e totalmente avesso às críticas e ao diálogo, toma decisões como se fosse o próprio Rei Salomão e não aceita a opinião contrária nem dos próprios auxiliares, que estão ali para ajudá-lo.
Erra e não admite que errou. Justifica a sua incompetência ou má fé acusando a tecnologia que aponta os seus malfeitos. E, na mesma medida em que se considera intocável, ele usa pesos e medidas diferentes e contraditórios para com técnicos e jogadores, punindo uns e não punindo outros a partir da sua simpatia pessoal.
A história da arbitragem no Brasil aponta fatos curiosos.
Em 2005 o Campeonato Brasileiro foi conspurcado com uma decisão absolutamente estapafúrdia do Tribunal de Justiça Desportiva, que mandou tornar sem efeito uma série de onze jogos realizados e ordenou que as partidas fossem jogadas novamente, o que obrigou os times a utilizar outros jogadores e atuar dentro de outras condições, o que causou uma reviravolta na tabela, num casuísmo sem precedentes na história do futebol.
Isto porque houve a denúncia de que um árbitro – Edilson Pereira de Carvalho – havia manipulado resultados.
Passados dez anos, o próprio Edilson admite que combinou resultados para favorecer a chamada Máfia das Apostas, mas em apenas três das onze partidas que foram anuladas e que, ironicamente, nenhum dos resultados combinados chegou a ocorrer.
Ele foi além e disse que “não era só ele que manipulava resultados”, mas teve que se calar porque não tinha provas para implicar outros apitadores.
Edilson era um dos árbitros Fifa indicados pela CBF. De acordo com ele, dos dez árbitros da elite na época, “três eram incompetentes e dois estavam lá por nomeação política”.  
Em entrevista concedida ao site Globo.com o ex-árbitro diz que suspeita que o problema foi utilizado para beneficiar algum clube e lança dúvidas sobre a arbitragem de Márcio Rezende de Freitas na partida em que Corinthians e Internacional empataram 1x1, com a não marcação de um pênalti do goleiro corintiano Fábio Costa sobre o colorado Tinga, que sofreu a penalidade e acabou penalizado com uma expulsão por uma suposta encenação. 
Arredio, Edilson não afirmou nada, mas deixou subentendidas várias coisas.     

 

(Artigo publicado no caderno SuperEsportes do jornal O Imparcial de 11/09/2015)

 

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