COMEÇAR DE NOVO
A
seleção brasileira foi novamente convocada, desta vez para começar a luta pela
classificação para a Copa do Mundo de 2018, a ser disputada na Rússia.
As
Eliminatórias sul-americanas terão a participação de dez países, sendo que os quatro
primeiros estarão classificados automaticamente e o quinto colocado ainda terá
uma chance de disputar uma repescagem contra um representante do continente
asiático.
Cada
seleção disputará nove jogos em casa e nove no campo dos adversários, o que
torna aparentemente mais confortável a trajetória do Brasil e da Argentina, times
muito difíceis de ser vencidos quando atuam nos seus próprios domínios.
No
entanto, dada a atual turbulência por que passa o futebol brasileiro, todo
cuidado é pouco.
Depois
de ficar em quarto lugar na Copa 2014 disputada em casa, o Brasil tem a oportunidade
e a obrigação de se redimir diante da sua torcida e diante do mundo, que perdeu
a confiança na tão decantada qualidade do “melhor futebol do mundo”.
A
lista de Dunga não apresenta grandes novidades depois dos amistosos contra
Costa Rica e Estados Unidos, e nem poderia ser diferente.
Na
verdade, com a impossibilidade de contar com Neymar e Daniel Alves, mais alguns
lesionados menos importantes, Dunga não está buscando uma formação com novos
nomes, está simplesmente contando com o que existe no mercado, mesmo tentando dar
uma cara renovada à seleção.
A
safra não é muito encorajadora, pois dos vinte e três nomes da lista temos no
máximo seis jogadores que poderiam ser realmente considerados numa convocação
séria, se não como titulares absolutos, pelo menos para compor o grupo.
Mas
o grande problema da seleção não são exatamente os jogadores.
O
grande problema é que o mundo evoluiu e a gente continua jogando o mesmo
futebol de vinte anos atrás.
O
leitor dirá que neste interregno nós ganhamos uma Copa – 2002 – mas então nós
tínhamos jogadores melhores que esses que estão aí, e tivemos nosso trajeto
facilitado por enfrentarmos seleções sem expressão, além de uma ajudazinha aqui
e ali da arbitragem contra a Bélgica e contra a Turquia.
Vencemos
a Alemanha na final, é certo, mas o nosso esquema de jogo já se mostrava em
declínio.
Se
o leitor analisar bem, verá que a coisa não mudou muito em termos de ordem
tática: naquele tempo havia a chamada “ligação direta” com chutões da defesa
para a correria de Ronaldo, que fazia valer a sua técnica e o seu vigor para,
com a ajuda de Rivaldo, criar o pânico na defesa adversária. Hoje o chutão vai
em direção de Neymar.
Como
Neymar não joga as duas primeiras partidas, a eficiência desta jogada fica um
tanto comprometida.
O
futebol hoje em dia pode ser resolvido até sem a necessidade de um craque;
basta que os jogadores tenham um nível razoável, assimilem a noção de conjunto,
ocupem todos os espaços e se movimentem constantemente. E
tenham um bom preparo físico para correr 120 minutos se necessário.
O
grande problema para estes jogadores, no entanto, é a deficiência nos
fundamentos: os atacantes se atrapalham na hora do gol e os defensores se
confundem no posicionamento, deixando vazios para que um avante esperto chegue
para definir.
Os
técnicos estrangeiros estão alguns anos à frente dos técnicos brasileiros – e a
gente pode sentir isto claramente apenas observando qualquer partida de uma
liga europeia e as partidas disputadas pelos times da Séria A do Campeonato Brasileiro.
Além
disso, o prestígio da seleção também anda em baixa.
Depois
de Diego Costa, que no ano passado trocou o Brasil pela Espanha, chegou a vez
de Rafinha, lateral do Bayern Munich. Convocado por Dunga, e sabedor de que na
cotação do treinador está atrás de Daniel Alves, Danilo e Fabinho, preferiu a
Alemanha, onde depois que se naturalizar poderá eventualmente ser o substituto
do lendário Philipp Lahm, que se aposentou da seleção.
(Artigo
publicado no caderno SuperEsportes do jornal O Imparcial de 25/09/2015)
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