COPA DO BRASIL
Chegamos
às semifinais do torneio mais importante do país, a Copa do Brasil (o Campeonato
Nacional, com toda a sua importância, não é um torneio, mas um campeonato, como
o próprio nome indica).
Nesta
semana já foram travadas as primeiras partidas pelos mata-matas decisivos,
levando os vencedores de Fluminense x Palmeiras e Santos x São Paulo a
decidirem o título na sequência.
Independentemente
do que venha acontecer, com quatro grandes clubes na semifinal, igual ao que
aconteceu em 2014, ainda não há como apostar numa final.
Fluminense
e Santos saíram na frente e levam vantagem, mas como ainda faltam 90 minutos, a
euforia está sendo prudentemente deixada de lado.
Trata-se
da vigésima-sétima edição do vitorioso torneio, iniciado em 1989 com o fito de
proporcionar uma abertura e um intercâmbio maior no futebol em todo o Brasil,
por abranger equipes de todas as regiões e divisões, num tipo de certame altamente
democrático, pois permite a grandes e pequenos, ricos e pobres, famosos e
não-midiáticos travarem verdadeiras batalhas entre si, num sistema de salve-se
quem puder.
A
prova de que este torneio pode se constituir numa feira de oportunidades é que
por quatro vezes clubes considerados do segundo escalão do futebol brasileiro –
há quem os coloque no terceiro – conquistaram o título.
Pela
ordem, deu Criciúma-SC em 1991 sobre o Grêmio, Juventude-RS em 1999 sobre o
Botafogo, Santo André-SP em 2004 sobre o Flamengo, e Paulista-SP em 2005 sobre
o Fluminense. E com a zebra sempre ganhando o título na casa do time grande, pra aumentar a
emoção.
O
formato do torneio abre as perspectivas para desfechos desse tipo, pois força a
realização de partidas eliminatórias entre dois times que vão se cruzando mais
ou menos aleatoriamente, o que altera a lógica que acontece num campeonato por
pontos corridos, no qual os grandes vão somando mais pontos do que perdendo e
no final da competição geralmente já conseguiram uma folga suficiente para
evitar surpresas.
Nos
primeiros seis anos a Copa do Brasil contou com apenas 32 participantes,
alterando o número para entre 36 e 69 durante outros seis para se fixar em 64 a
partir de 2001 até 2012. Hoje tem 87, número que vem mantendo há três anos.
Os
grandes vencedores até esta edição são Grêmio e Cruzeiro, cada qual com quatro
títulos. Flamengo e Corinthians tem três, e o Palmeiras tem dois.
Dos
chamados doze grandes do futebol brasileiro (quatro paulistas, quatro cariocas,
dois gaúchos e dois mineiros) apenas São Paulo e Botafogo nunca conquistaram o
troféu.
Considerando
apenas os semifinalistas deste ano, o Palmeiras já tem dois títulos, um
terceiro e dois quartos lugares, o Fluminense já tem um título e dois
vice-campeonatos, o Santos tem um título, dois terceiros e um quarto lugar e o
São Paulo tem no máximo um vice, um terceiro e um quarto lugar. Esta explicação
pode parecer pretensiosamente didática, mas serve para o leitor avaliar qual a
importância desta empreitada para os clubes envolvidos.
A
Copa do Brasil se baseia num formato iniciado na Inglaterra no século 19,
chegando por aqui com um atraso de mais de cem anos, sendo atualmente praticado
pela maioria das federações do mundo, inclusive a dos Estados Unidos, através
do seu US Open Cup.
Em
1871 a Federação Inglesa instituiu a Copa da Inglaterra (lá denominada FA Cup),
a mais antiga competição de futebol do mundo, que já foi realizada 133 vezes. A
temporada 2008/2009 foi a que contou com o maior número de equipes,
precisamente 761.
Nos
moldes da FA Cup, a Espanha lançou em 1902 a atual Copa del Rey, que já mudou
de nome três vezes, mas no total já contabilizou 110 torneios. A Coup de France
e a Coppa Italia, organizadas em 1917 e 1922 respectivamente, já totalizaram 93
e 66 edições, contando com as paralisações obrigatórias em virtude da Segunda
Guerra Mundial. A Copa de Portugal foi iniciada em 1921 e conta até agora com
95 torneios, e a Copa da Alemanha, atualmente chamada de DFB Pokal, nasceu em
1934, somando até este ano 68 edições.
(Artigo
publicado no caderno SuperEsportes do jornal O Imparcial de 23/10/2015)
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