quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016






O CARNAVAL DOS OUTROS
Terceira parte

O carnaval não se resume às festas mais conhecidas que a mídia divulga pelo planeta afora.
Neste mundo globalizado, ele se espalhou e já “contaminou” Santiago de Cuba, Austin, no Texas, Los Angeles, na Califórnia, Cádiz, na Espanha, Oruro, na Bolívia, Londres, as Ilhas Canárias e tantos outros lugares.
O carnaval brasileiro acontece em praticamente todas as cidades do país, com maior ou menor brilho, mas os mais concorridos, inclusive com respeito ao apelo turístico, são Rio de Janeiro, Salvador, Olinda e Recife, cada qual com uma característica própria.
Pode-se dizer que, com maior ou menor devoção, as pessoas das cidades acabam se envolvendo com o chamado tríduo momístico, seja participando das concentrações populares, seja protagonizando os próprios desfiles, seja se reunindo com amigos pra uma diversão mais moderada, ou seja dando uma espiadela na cobertura da televisão, que mescla folia com notícia.
E como em toda atividade praticada com fervor, alguns acabam ficando totalmente dependentes da folia e não veem a hora de chegar a temporada carnavalesca para espantar (ou soltar) as bruxas e as frangas.
O leque de fantasias, feitas com capricho ou improvisadas, é muito grande – de rei ou de pirata ou jardineira – e a crítica mordaz a políticos e personalidades também se faz presente. O que não falta é homem vestido de mulher, mas isto Freud explica! 
O carnaval, proposto em diferentes formas, faz parte da comemoração de diversos países. Alguns tipos de carnaval são claramente baseados nos festejos do Rio de Janeiro, é certo, mas outros se baseiam em origens próprias e diferem em forma e conteúdo.
O que existe de idêntico em todos eles é a data da celebração. O tempo de carnaval é baseado na quaresma, que marca quarenta dias de jejum – período que Cristo passou jejuando no deserto, antecedendo o domingo de Páscoa, cuja data é fixada como o primeiro domingo depois do aparecimento da primeira lua cheia na primavera do hemisfério norte (confuso, não?).
Apesar dos relatos históricos que atestam a origem grega dos festejos, a história moderna situa o início das festividades a partir da implantação da Semana Santa pela Igreja Católica no século 11, antecedidas pelos ditos quarenta dias de jejum, a tal quaresma.
Assim, “carnis levale” significava um adeus temporário aos prazeres deste mundo durante quarenta dias de jejum e abstinência, e para tanto os homens promoviam grandes “festas de despedida”, evidentemente com muita esbórnia e libações diversas. O carnaval significa um desapego à existência, onde tudo vale em nome da alegria – fugaz, posto que momentâneo, mas extremado, como se o folião estivesse contando os últimos dias, as últimas horas, os últimos instantes de felicidade antes de encarar a volta da dura realidade da vida.
A Quarta-Feira de Cinzas significa para muitos a volta ao trabalho e à realidade, mas para muitos apenas um dia para refazer as forças a fim de voltar com tudo no fim – ou nos fins – de semana seguinte.
  

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