O GOL QUE PELÉ NÃO FEZ
Tudo corria dentro do script na partida
final da Copa do Brasil. Vindo de uma vitória inconteste na casa do Atlético
Mineiro na primeira partida, o Grêmio cozinhava o jogo ao seu feitio e ainda
marcou o seu gol aos 43 minutos para garantir o título de vez.
Tudo continuou dentro do script e a
torcida já comemorava aos gritos de “é
campeão!” quando o roteirista adicionou uma cena inesquecível que fez justiça à
luta com que os mineiros se entregaram ao jogo: três minutos depois, já nos
acréscimos, o equatoriano Juan Cazares empatou fazendo um gol antológico, que
fez os mais velhos se lembrarem de um lance de 45 anos atrás.
Brasil e Tchecoslováquia disputavam a
primeira partida pelo Grupo 3 em Guadalajara-México pela Copa do Mundo de 1970 e
a partida estava empatada em um gol – o Brasil acabaria vencendo por 4x1 –
quando diante de um público de 70 mil pessoas somente Pelé, que estava aquém da
linha do grande círculo, viu que o goleiro tcheco Ivo Viktor estava adiantado.
Pelé não teve dúvidas, e mandou um balaço a mais de 50 metros obrigando o
goleiro a sair correndo em direção à meta para evitar o gol. Ele não alcançou a
bola, mas ela não entrou, passando como se diz “raspando” a trave.
De volta ao presente, cumpre registrar
que as emoções do jogo de Porto Alegre tiveram o dom de dar alegria ao público depois
de uma semana de luto, quer esse luto fosse oficial quer fosse gerado pelo
próprio sentimento dos atletas e desportistas.
A Copa do Brasil já foi e a Copa
Sul-Americana não chegou a ter as partidas da fase final, embora tenha tido
estádios cheios da mesma forma (eles tiveram lotação completa em Medellin na
semana passada e em Curitiba nesta semana, com um público emocionado comparecendo
para ver o gramado vazio de craques mas cheios de simbologia).
Neste final de semana acaba o ano
esportivo brasileiro com a última rodada do Brasileirão, cujas posições já
estão praticamente consolidadas, restando saber quem será o vice-campeão e qual
será o último rebaixado.
A posição de vice-campeão, disputada
entre Santos e Flamengo, é praticamente simbólica, embora valha também algum
dinheiro. O rebaixamento não é simbólico, e três clubes – Internacional, Sport
e Vitória – lutam para não ser o escolhido.
Ao Vitória, que joga em casa, basta um
empate contra o Palmeiras. O Sport, também jogando em casa, precisa apenas de
um empate contra o Figueirense, pois seu saldo de gols marcados mostra um
placar de 55x40 contra o seu mais direto perseguidor, o Inter.
Ao Internacional cabe a parte delicada
da história.
Clube grande, sem nunca ter sido
rebaixado, não depende das suas forças a não ser que vença o Fluminense no Rio
de Janeiro tirando o saldo de 15 gols negativos que tem para o Sport – isso se
o Sport não vencer.
O Campeonato Brasileiro deste ano está
dando panos pra manga.
Esta semana já tivemos mostra da
pequenez do presidente do Internacional Vitório Piffero e dos dirigentes que
ingressaram com uma ação para que o Vitória perca os pontos das partidas em que
o zagueiro Victor Ramos atuou, embora a CBF e a Fifa afirmem que está tudo
legal.
Postura bem diferente do novo presidente
da Chapecoense, Ivan Pozzo, que opinou contrariamente a qualquer manobra que
desse ao clube imunidade contra o rebaixamento nos próximos três anos, como sugeriram
alguns dirigentes de outros clubes. Pozzo disse que no futebol “se ganha e se
perde” e que os resultados têm que ser alcançados no campo, marcando com isso um
golaço digno de Juan Cazares.
Enquanto Pozzo demonstra ser um
verdadeiro desportista, Piffero mostra a mesquinhez de quem não merece ocupar o
cargo que ocupa. Piffero é pífio, e eu sinceramente torço para o Inter cair por
causa dele.
(Artigo publicado no caderno de Esportes do
jornal O Imparcial de 09/12/2016)
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