sexta-feira, 2 de setembro de 2016






O FANTASMA DO REBAIXAMENTO

Enquanto segue o Campeonato Brasileiro, começam a crescer as expectativas de quem vai terminar a competição no fatídico Z4, como se convencionou chamar a zona de rebaixamento, passaporte carimbado para a Série B.
A parada obrigatória neste meio de semana causada pela partida da seleção brasileira pelas Eliminatórias da Copa do Mundo contra o Equador facilita este exame sobre a pontuação das equipes, e mesmo que no domingo ela venha a sofrer algumas alterações isto não afetará substancialmente a análise como um todo.
No momento, amargando a última posição com 13 pontos está o América-MG, 13 pontos atrás do Coritiba, que tem 26 e seria o primeiro a se safar se a degola fosse hoje.
Tudo indica que o América está liquidado, e no seu encalço, também numa situação precária, ainda que respirando, está o Santa Cruz, com 19 pontos.
A partir daí começa um verdadeiro drama, pois nada menos de oito clubes, entre eles São Paulo, Botafogo, Cruzeiro e Internacional flertam perigosamente com o lado de baixo, porque a distância entre o 11º e o 18º é de apenas quatro pontos.
Normalmente a gente faz uma análise da pontuação de um campeonato olhando para a parte de cima da tabela, pois é de lá que surgirão o campeão e os classificados para diversos torneios.
No momento, seis pontos separam o quarto colocado Corinthians do líder Palmeiras, isto é, começa a haver um distanciamento entre os clubes que ocupam esta faixa na tabela, diferentemente do que acontece na zona da lanterna.
Isto torna extremamente excitante (para uns) ou preocupante (para outros) olhar para o lado de baixo, porque lá estão três candidatos que nunca tiveram o desprazer de pertencer à Série B – os já citados São Paulo, Cruzeiro e Internacional. Eles terão que mostrar às suas torcidas e à opinião pública por que são chamados de “grandes”, pois até agora são, ao lado de Flamengo e Santos, os únicos grandes do eixo Rio-São Paulo-Minas-Rio Grande do Sul que nunca visitaram a divisão de acesso.
O sobe e desce dos clubes tem sido favorável ao Cruzeiro, que saiu da zona de rebaixamento e vem subindo de produção, ao passo que o Botafogo mantém uma média medíocre e São Paulo e Inter continuam colecionando fiascos.
As três próximas rodadas serão cruciais para as pretensões desses quatro clubes, e incluem os confrontos diretos São Paulo x Cruzeiro e Cruzeiro x Botafogo.
Cada um vai se defender como puder.
O São Paulo, depois de mudar de técnico quatro vezes depois de 2015, passando de Murici Ramalho para Juan Carlos Osório, Dorival Guidoni (Doriva) e Edgardo Bauza, e também trabalhar com três interinos, trouxe o cordato Ricardo Gomes num momento crítico onde os jogadores não se entendem, torcedores invadem o Centro de Treinamento, a diretoria se vê às voltas com contratações que não funcionam e os conselheiros pedem a cabeça do diretor de futebol.
No mesmo período, o Botafogo trocou de técnico três vezes, começando por Renê Simões, passando por Ricardo Gomes até ele se transferir no meio da temporada para o São Paulo e está atualmente com Jair Ventura Filho.
O Cruzeiro também mexeu bastante. De 2015 para cá teve o comando de Marcelo Oliveira, Vanderlei Luxemburgo, Mano Menezes, Deivid de Souza, Paulo Bento, e conta novamente com Mano Menezes na tentativa de recuperar o seu bom futebol.
O Internacional teve uma campanha regular com Diego Aguirre em 2015, dispensou o técnico e até agora não conseguiu encontrar um bom substituto. Depois de tentativas malsucedidas com Argel Fucks e Paulo Roberto Falcão está tentando mais uma vez Celso Roth, tido por muitos como ultrapassado.
Está difícil saber quem irá cair. Os torcedores dos “grandes” ameaçados preferem colocar Figueirense, Coritiba, Vitória ou Sport no seu lugar para fazer companhia ao Santa Cruz e ao América, mas sabem que não será tão fácil assim.
Nos últimos dez anos foram rebaixados seis dos chamados “grandes”, o que é um mau sinal considerando que em cada campeonato dezesseis clubes se salvam e só quatro caem.
Nessa loteria indesejável já foram premiados o Vasco da Gama (três vezes, em 2008, 2013 e 2015), o Botafogo (2014), o Palmeiras (2012) e o Corinthians (2007).
Isso só nos últimos dez anos.
 




 (Artigo publicado no caderno de Esportes do jornal O Imparcial de 02/09/2016)




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