UMA QUESTÃO DE ÉTICA
Muito se tem falado nesta semana sobre a atitude do zagueiro Rodrigo Caio - rara no campo esportivo - que motivou o árbitro a inverter uma marcação que seria favorável ao seu time - o São Paulo F.C.
Em princípio, um gesto de honestidade, mas também um ato de bravura, pois não faltaram aqueles - entre os quais colegas do próprio time - que criticassem a sua postura.
O Brasil está passando pelo pior período da sua história dentro de uma crise ética e moral sem precedentes.
O mais extenso processo judicial da história do Brasil, chamado de Operação Lava-Jato, conta atualmente com 39 fases operacionais com mais de 1.400 procedimentos instaurados, gerando mais de 90 prisões preventivas, mais de 100 prisões temporárias e 6 prisões em flagrante.
Cada dia que passa mais gente cai nas garras das investigações policiais, políticos de todos os níveis, incluindo o presidente e ex-presidentes da República, ministros, governadores, deputados, senadores e outros.
Resta saber se isto é um fenômeno localizado que pode ser minimizado e até extirpado com as devidas punições e com uma nova Constituição que feche as centenas de brechas que a atual contempla, talvez por ter sido feita em decorrência de um regime de exceção vivido pelo país entre 1964 e 1985. Ou se é o retrato de um povo fadado a cometer leviandades, que vão desde o uso indevido de vagas em supermercados e falsificação de carteiras estudantis até um roubo de 40 bilhões de reais, que é o estimado apenas pela Operação Lava-Jato ora em curso.
O esporte não poderia ficar fora disso.
Os presidentes das confederações de basquete, vôlei, taekwondo e tiro esportivo já foram afastados dos seus cargos e estão sendo processados por fraudes em licitações e desvio de recursos públicos. Há alguns dias foi a vez de Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos desde 1988 - portanto há 29 anos - ser preso pela Polícia Federal.
No futebol, todos os presidentes da CBF desde Havelange (inclusive Havelange, que era investigado quando morreu no ano passado) passam por problemas com a justiça. Ricardo Teixeira é investigado pelo FBI sobre um esquema de corrupção na Fifa. José Maria Marin está em prisão domiciliar em Nova York pelo mesmo motivo, até que seja levado a efeito seu julgamento definitivo, que pode lhe valer uma pena de 60 anos de cadeia. O atual presidente Marco Polo del Nero não pode deixar o Brasil porque poderá ser preso pelo envolvimento nos mesmos crimes cometidos por Joseph Blatter, da Fifa, e diversos dirigentes de confederações de diversos países do mundo.
O caso de Rodrigo Caio tornou-se emblemático em virtude da bandalheira reinante e da lei do "levar vantagem em tudo" tipicamente brasileira, mas na sua essência não é muito importante. O lance não produziu gol anulado, gol não anulado, pênalti marcado ou não marcado, apenas um episódio corriqueiro de futebol.
No lance, Rodrigo Caio, o goleiro são-paulino Renan Ribeiro e o atacante corintiano Jô disputaram uma bola dividida no qual o goleiro sofreu um pisão do próprio companheiro de time. O árbitro entendeu que teria sido Jô o autor do pisão e o contemplou com um cartão amarelo, mas o zagueiro prontamente informou ter sido ele o autor.
Lembro-me com nostalgia do gol escandalosamente validado pelo árbitro feito com um toque de mão por Maradona contra a Inglaterra na Copa do México em 1986 que abriu o caminho para o título conquistado pela Argentina, pois apesar de ser uma partida pelas quartas de final era um jogo mata-mata e acabou eliminando os ingleses.
Tivesse Maradona dito ao árbitro que o gol fora feito com a mão, a história da Copa, da Argentina e do próprio Maradona teria sido outra, mas ele não apenas se omitiu como festejou o gol e depois, com a súmula fechada, tripudiou sobre os derrotados atribuindo o lance como feito providencialmente "con la mano de Diós".
Em princípio, um gesto de honestidade, mas também um ato de bravura, pois não faltaram aqueles - entre os quais colegas do próprio time - que criticassem a sua postura.
O Brasil está passando pelo pior período da sua história dentro de uma crise ética e moral sem precedentes.
O mais extenso processo judicial da história do Brasil, chamado de Operação Lava-Jato, conta atualmente com 39 fases operacionais com mais de 1.400 procedimentos instaurados, gerando mais de 90 prisões preventivas, mais de 100 prisões temporárias e 6 prisões em flagrante.
Cada dia que passa mais gente cai nas garras das investigações policiais, políticos de todos os níveis, incluindo o presidente e ex-presidentes da República, ministros, governadores, deputados, senadores e outros.
Resta saber se isto é um fenômeno localizado que pode ser minimizado e até extirpado com as devidas punições e com uma nova Constituição que feche as centenas de brechas que a atual contempla, talvez por ter sido feita em decorrência de um regime de exceção vivido pelo país entre 1964 e 1985. Ou se é o retrato de um povo fadado a cometer leviandades, que vão desde o uso indevido de vagas em supermercados e falsificação de carteiras estudantis até um roubo de 40 bilhões de reais, que é o estimado apenas pela Operação Lava-Jato ora em curso.
O esporte não poderia ficar fora disso.
Os presidentes das confederações de basquete, vôlei, taekwondo e tiro esportivo já foram afastados dos seus cargos e estão sendo processados por fraudes em licitações e desvio de recursos públicos. Há alguns dias foi a vez de Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos desde 1988 - portanto há 29 anos - ser preso pela Polícia Federal.
No futebol, todos os presidentes da CBF desde Havelange (inclusive Havelange, que era investigado quando morreu no ano passado) passam por problemas com a justiça. Ricardo Teixeira é investigado pelo FBI sobre um esquema de corrupção na Fifa. José Maria Marin está em prisão domiciliar em Nova York pelo mesmo motivo, até que seja levado a efeito seu julgamento definitivo, que pode lhe valer uma pena de 60 anos de cadeia. O atual presidente Marco Polo del Nero não pode deixar o Brasil porque poderá ser preso pelo envolvimento nos mesmos crimes cometidos por Joseph Blatter, da Fifa, e diversos dirigentes de confederações de diversos países do mundo.
O caso de Rodrigo Caio tornou-se emblemático em virtude da bandalheira reinante e da lei do "levar vantagem em tudo" tipicamente brasileira, mas na sua essência não é muito importante. O lance não produziu gol anulado, gol não anulado, pênalti marcado ou não marcado, apenas um episódio corriqueiro de futebol.
No lance, Rodrigo Caio, o goleiro são-paulino Renan Ribeiro e o atacante corintiano Jô disputaram uma bola dividida no qual o goleiro sofreu um pisão do próprio companheiro de time. O árbitro entendeu que teria sido Jô o autor do pisão e o contemplou com um cartão amarelo, mas o zagueiro prontamente informou ter sido ele o autor.
Lembro-me com nostalgia do gol escandalosamente validado pelo árbitro feito com um toque de mão por Maradona contra a Inglaterra na Copa do México em 1986 que abriu o caminho para o título conquistado pela Argentina, pois apesar de ser uma partida pelas quartas de final era um jogo mata-mata e acabou eliminando os ingleses.
Tivesse Maradona dito ao árbitro que o gol fora feito com a mão, a história da Copa, da Argentina e do próprio Maradona teria sido outra, mas ele não apenas se omitiu como festejou o gol e depois, com a súmula fechada, tripudiou sobre os derrotados atribuindo o lance como feito providencialmente "con la mano de Diós".
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