segunda-feira, 20 de novembro de 2017




A FÓRMULA UM NO BRASIL

Com a aposentadoria de Felipe Massa, o Brasil perde o seu único representante na Fórmula Um. Com ele vai-se uma boa parte do torcedor que ficava em frente da televisão ligado na Globo nas manhãs ou madrugadas brasileiras. O torcedor brasileiro se sente mais atraído pelo compatriota que está do outro lado da tela do que pelo esporte ou pela competição em si.
Falando um pouco de história, as temporadas desta categoria começaram em 1950, e desde este ano até 1969 a participação dos brasileiros foi bastante irregular, para não dizer pífia.  Durante estes dezenove anos apenas três pilotos fizeram parte do circo – Chico Landi (1951, 1953 e 1956), Hermano da Silva Ramos (1955 e 1956) e Fritz D’Orey (1959), sem alcançar grandes resultados.
Emerson Fittipaldi estreou em 1970, e a partir de então sempre tivemos um ou mais brasileiros nas pistas, com especial ênfase para o próprio Fittipaldi (campeão em 1972 e 1973), Nelson Piquet (campeão em 1981, 1985 e 1987) e Ayrton Senna (campeão em 1988, 1990 e 1991).
Ao todo, foram 21 pilotos brasileiros em 67 anos de provas, mas apenas 5 ultrapassaram a barreira de dez anos pilotando na categoria. Rubens Barrichello foi o recordista, com 19 temporadas, seguido por Nelson Piquet (com 14), Felipe Massa (12) e Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna (ambos com 11).
Para se ter uma ideia comparativa sobre a participação brasileira na categoria, vale dizer que desde 1950 até 2017 a Fórmula Um teve um total de 826 pilotos de 39 diferentes nacionalidades representando 198 diferentes escuderias. Atualmente temos 10 equipes na competição.
O Brasil é praticamente inexistente em termos de tecnologia na Fórmula Um porque mesmo com a trajetória brilhante de alguns pilotos, só teve uma equipe legitimamente tupiniquim competindo com as poderosas rivais internacionais, a Coopersucar-Fittipaldi, criada em 1975, que chegou às pistas em 104 ocasiões.
O brasileiro em regra geral não tem muita afinidade com os esportes a motor, e somente com a epopeia de Piquet – e mais tarde de Senna – é que as transmissões pela televisão passaram a ter audiência.
A primeira transmissão ao vivo da Fórmula Um para o Brasil foi feita pela Rede Record na estreia de Emerson Fittipaldi no Grande Prêmio da Grã Bretanha em Brands Hatch, em 1970. A partir daí tivemos algumas transmissões esparsas feitas pela Band e pela Tupi em parceria com a Rede Globo. A Globo assumiu dar sequência nas transmissões a partir de 1981, e foi só então que a Fórmula Um se popularizou no Brasil, atingindo o seu auge na era Ayrton Senna, onde uma curiosa plateia que possivelmente pouco ou nada entendia das filigranas do automobilismo e com certeza detestava o ronco exagerado dos motores se postava em frente aos aparelhos de TV e comemorava cada ultrapassagem como se fosse um gol do seu time, exultando quando Galvão Bueno gritava a plenos pulmões – “Ayrton Senna do Brasil !!! – para celebrar a bandeirada final.
Os verdadeiros amantes do automobilismo com certeza não vão se abalar com o jejum de pilotos brasileiros nos próximos anos, porque gostam das corridas como provas de superação e de talento, quaisquer que sejam os pilotos, e acabam elegendo um deles para torcer durante a temporada.
Resta saber, porém, até que ponto a provável queda de audiência vai influir no ânimo dos patrocinadores e afetar as transmissões. Enquanto isso, cabe às autoridades deste esporte preparar com cuidado as competições nacionais que possam produzir naturalmente um novo candidato a fazer bonito nas pistas do mundo afora.            

 (Artigo publicado no caderno de Esportes do jornal O Imparcial de 18/11/2017)





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