PONTA-PÉ
INICIAL
A HISTÓRIA DO FUTEBOL
A HISTÓRIA DO FUTEBOL
PRÓLOGO
Esta é uma tradução não autorizada
do livro “KICK-OFF! – THE STORY OF FOOTBALL”, feita por Augusto Pellegrini. O
livro, voltado para aqueles que se interessam pelas curiosidades que cercam o
futebol, foi escrito por Patrick Adams e editado por John Milne através da
Editora MacMillan Readers. Conforme resume a contracapa, “A história do futebol é um jogo por si só interessante e empolgante.
Neste livro da MacMillan Readers, Patrick Adams descreve os primórdios do
futebol na América do Sul e na América Central e a sua chegada às ruas da
Inglaterra do século 19. A história termina com a utilização de estádios monumentais,
a realização de altos negócios e a projeção de jogadores que custam muitos milhões de libras”.
O leitor tomará conhecimento da história deste esporte que atrai pessoas de todas as partes do mundo vista pelos olhos de quem nasceu na terra onde o futebol se organizou e se profissionalizou.
O leitor tomará conhecimento da história deste esporte que atrai pessoas de todas as partes do mundo vista pelos olhos de quem nasceu na terra onde o futebol se organizou e se profissionalizou.
NOTA
DO TRADUTOR
Este livro foi publicado em 2010,
havendo portanto uma defasagem de oito anos entre o seu lançamento e esta versão
traduzida, completada em 2018. Desta forma, apesar de alguns fatos ou nomes já
não mais fazerem parte da atualidade do futebol ou apesar da omissão de fatos e
nomes que se consolidaram depois de o livro ser escrito, o tradutor procura
manter a fidelidade do original, dando-se o direito de, vez por outra, fazer
observações precedidas pelo termo “NT” (Nota do Tradutor) a fim de esclarecer alguma
situação, incluir algum dado relevante, ajudar a compreensão do leitor mais
exigente ou até fazer alguma correção oportuna. O livro de Patrick Adams
procura abranger todos os aspectos técnicos e históricos do futebol, inclusive naquilo
que diz respeito ao glossário futebolístico e a uma relação de jovens jogadores
que eventualmente seriam os futuros astros mundiais (na sua concepção de 2010)
através de notas inseridas no final do texto. A sua exposição é às vezes um tanto
professoral e sem muita profundidade, pois o livro foi primordialmente escrito
para pré-adolescentes e jovens que estudam a língua inglesa, não se tratando,
portanto, de um trabalho acadêmico, o que afinal facilita a sua leitura, por
simples e direta que é. Na sua explanação, Adams se preocupa em ser bastante didático,
e às vezes trata o leitor como se este fosse um leigo absoluto que precisasse
entender toda e qualquer explicação sobre o futebol por mais simplória que
pareça, provavelmente se esquecendo de que a maioria das pessoas interessadas
em ler o seu livro já devem possuir alguma intimidade com a matéria. De
qualquer forma, porém, o livro passa algumas informações curiosas e interessantes,
e é importante, para os não-ingleses, ver como a história e os fatos do futebol
são contados através da ótica de um nativo inglês, bem como conhecer a sua
visão sobre alguns detalhes que para nós podem ter passado despercebidos ou
seriam considerados desimportantes. Isto posto, vamos iniciar nossa viagem
através do tempo e do esporte, tentando manter o estilo e a mensagem do
escritor com a maior fidelidade possível.
PARTE
1 - OS PRIMÓRDIOS
Os jogos com bola têm uma longa história a ser contada.
Esta história teve a participação de jovens, homens ou mulheres, durante
milhares de anos.
Os jogos mais antigos de que se têm notícia foram praticados no México há pelo menos três mil anos. Mais tarde, outros jogos com regras próprias também fizeram parte da cultura dos antigos povos Olmeco e Asteca. (NT1- Os Olmecos eram povos de uma civilização pré-colombiana de uma região chamada Mesoamérica, que se desenvolveu nas áreas tropicais do centro-sul do atual México no período entre 1500 a 400 a.C. Os Astecas são mais recentes, com uma civilização e cultura que vai de 1325 a 1521 d.C, quando foram aniquilados pelos conquistadores espanhóis. O autor não menciona os Maias, mas é de se supor que o futebol também tenha sido praticado por esta civilização que habitou as terras mexicanas antes da dominação Asteca).
Os jogos mais antigos de que se têm notícia foram praticados no México há pelo menos três mil anos. Mais tarde, outros jogos com regras próprias também fizeram parte da cultura dos antigos povos Olmeco e Asteca. (NT1- Os Olmecos eram povos de uma civilização pré-colombiana de uma região chamada Mesoamérica, que se desenvolveu nas áreas tropicais do centro-sul do atual México no período entre 1500 a 400 a.C. Os Astecas são mais recentes, com uma civilização e cultura que vai de 1325 a 1521 d.C, quando foram aniquilados pelos conquistadores espanhóis. O autor não menciona os Maias, mas é de se supor que o futebol também tenha sido praticado por esta civilização que habitou as terras mexicanas antes da dominação Asteca).
Não se conhece muito sobre estes jogos devido à dificuldade em se entender e decifrar os documentos que foram escritos a seu respeito. Mas sabe-se que, de certa forma, eles eram bastante similares ao jogo de futebol praticado hoje em dia.
As partidas eram disputadas num terreno específico, denominado de “o campo”.
Os espectadores – homens, mulheres e crianças que assistiam aos jogos – ficavam em uma plataforma tipo arquibancada e muitas vezes apostavam ouro, escravos e casas sobre o resultado do jogo. Os fãs também podiam adquirir miniaturas dos jogadores (NT2 - Este trecho foi traduzido literalmente, cabendo ao leitor imaginar o que seriam as “miniaturas” de jogadores produzidas numa época tão distante).
Estes primeiros jogos de bola eram disputados por dois times com sete jogadores de cada lado. Os jogadores eram homens que haviam sido capturados em guerras e mantidos como prisioneiros, e a partida era jogada com uma bola feita de uma borracha preta que provavelmente pesava entre cinco e seis quilos. A bola tinha que ser mantida no ar – não era permitido que ela tocasse o chão.
Mas os jogadores não chutavam a bola com os pés. Eles se utilizavam dos quadris, joelhos e braços para mantê-la no ar e usavam um tipo de almofada para se proteger.
Os jogadores tentavam assinalar um “gol” fazendo a bola passar por um dos dois anéis de pedra colocados sobre as arquibancadas. Talvez o jogo terminasse com esse gol, mas não se tem certeza disso. Sabe-se, porém, que em algumas partidas aquele que fizesse o gol ganhava ouro e roupas finas.
Não se sabe quanto tempo durava uma partida, mas sabemos que elas terminavam de uma maneira terrível, de forma que os jogadores procuravam seguir jogando pelo maior tempo possível. A disputa não se limitava a ganhar um troféu, ouro ou roupas. Vencer era uma questão de vida ou morte porque fazia parte de um ritual religioso. Cada partida terminava com um sacrifício ordenado por um sacerdote.
Quando a bola caísse no chão, o capitão do time perdedor tinha sua cabeça cortada e seu coração arrancado! Às vezes, todos os jogadores do time perdedor eram sacrificados. E os fãs iam à loucura.
Após os jogos, todos comiam e bebiam à farta.
Este tipo de jogo ainda era praticado na América do Sul quando os espanhóis lá chegaram em 1519. Os soldados levaram um time para a Espanha, mas lá o jogo logo seria proibido por não ser aprovado pela Igreja.
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Alguns escritos chineses datados de 50 a.C. descrevem
algumas partidas de futebol disputadas entre China e Japão. Os times utilizavam
uma bola de couro que era preenchida com cabelo. Os jogadores podiam utilizar
as costas, o peito e os ombros, assim como os pés, mas não podiam usar as mãos.
Eles deviam ser muito habilidosos, pois aprenderam a executar fintas e jogadas
de efeito de forma similar ao que se faz hoje em dia. (NT3 – A história também registra a
prática, na China, por volta de 3000 a.C., de um exercício chamado tsu chu,
onde os soldados treinavam chutar uma bola lançada para o alto a fim de aperfeiçoar
o golpe de chutar a cabeça dos inimigos. Os estudiosos consideram esta prática
uma das origens das artes marciais, não do futebol ).
Existe também um jogo japonês, chamado kemari, que é igualmente muito antigo, mas até hoje praticado. Ele
não é competitivo e não existem times. Os jogadores se posicionam em um círculo
e passam a bola entre eles, devendo mantê-la no ar durante o maior tempo
possível.
-0-
Alguns registros mostram que os antigos gregos também
praticavam uma espécie de futebol cerca de 2000 a.C. Existiam dois times, e a
bola podia ser tanto chutada como lançada com as mãos. A bola era feita de uma
bexiga de porco inflada e coberta com couro. (NT4
- O jogo se chamava episkiros e cada
equipe atuava com nove jogadores num campo retangular).
Os gregos não precisavam se preocupar em sujar os uniformes porque os jogadores, fossem homens ou mulheres, não usavam nenhum tipo de roupa! (NT5 – De acordo com registros históricos e comentários referentes aos Jogos Olímpicos da antiguidade, os gregos praticavam não apenas este tipo de futebol, mas também todos os demais esportes completamente nus).
Algum tempo depois, na Itália, os rapazes praticavam nas ruas de Roma um jogo semelhante ao futebol, chamado harpastum – “o pequeno jogo de bola”.
Os soldados romanos gostavam de praticar este jogo, pois isto os deixava em boa forma física. Eles jogavam em um campo retangular, com uma linha demarcando as duas metades. Apenas o jogador que estivesse de posse da bola podia ser combatido, e os fãs gritavam e torciam como o fazem nos dias de hoje – “A bola foi longa demais! A bola foi curta demais! Devolva a bola!”.
Quando os romanos invadiram a Bretanha no primeiro século d.C. eles começaram a praticar este jogo lá também. Não se sabe como os jogadores anotavam os tentos, mas existe um registro de um jogo onde os romanos venceram – Itália 3 x 1 Inglaterra – por exemplo... (NT6 – Durante a Idade Média, época transcorrida entre os séculos V e XV, os italianos praticavam um esporte com bola que eles chamavam de “gioco del cálcio”. O esporte era praticado em praças ao invés de campos retangulares e cada time tinha 27 jogadores, que tinham que levar a bola até dois postes que ficavam em lados opostos da praça. Em virtude disso, o futebol na Itália nos dias de hoje ainda é chamado de “cálcio”).
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