domingo, 12 de agosto de 2018





O ENCONTRO
(excerto)

Logo agora, todos ao sinais ficam vermelhos e todos os volantes de fim-de-semana resolveram sair para dar a sua voltinha.
Logo agora, todos os cachorros e todos os homens cruzam vagarosamente a rua em frente desta carcaça automotiva, como se nada mais existisse na sua frente ou na sua retaguarda – “sempre alerta!” – e até os escoteiros cismam em acompanhar todas as velhinhas ao longo de todas as avenidas – e eu disse ao longo, não ao transverso.
Pior do que ser escoteiro é ter um pai escoteiro.
Devo ter ouvido isso em algum lugar, pois isto é brilhante e eu não sou brilhante assim.
Este motorista palerma de bigode mal aparado não passa de vinte por hora para não tocar o auto em cima dessa gente toda, incluindo os insetos que se escondem nas fendas.
Afinal, os tanques de guerra fazem exatamente isso e ninguém protesta nem reclama – rádio, jornais e noticiosos de televisão apenas comentam à guisa de uma curiosidade mórbida.
Mas contra os tanques existem os lança-chamas e para mim já basta o calor deste dia e desta ardente espera.
E o calor desta dúvida – valeu mesmo a pena apanhar o táxi?  


Nenhum comentário: