A MEIA MELANCIA
(Augusto Pellegrini)
O sujeito com cara de infeliz foi
a uma frutaria para comprar melancia. A bem da verdade, ele queria apenas a
metade de uma, mais que suficiente para a sua necessidade de consumo.
O
atendente que o atendeu era uma espécie de troglodita cheio de músculos,
piercings e tatuagens que foi logo deixando claro que “nós não vendemos meia
melancia, só inteira”. E ponto final na conversa.
”Mas
uma melancia inteira é muito para mim, eu só preciso da metade” – lamuriou o
sujeito com cara de infeliz.
“Não
vendemos meia melancia!” berrou o casca grossa. ”Se quiser, vá falar com o
dono, que está lá dentro”, apontou uma porta e fundo com a papada do queixo.
E
lá foi o sujeito, aceitando a sugestão e entrando na sala da chefia decidido a
mudar o resultado o jogo.
“Bom
dia! Eu queria comprar meia melancia, mas o animal com cara de gorila que me
atendeu disse que vocês não vendem a metade da fruta...” – e, olhando por cima
do ombro viu que o troglodita estava bem ali, ao seu lado, com cara de poucos
amigos.
Lépido
e ligeiro mudou imediatamente o discurso – “e este ‘cavalheiro aqui presente’ muito
gentilmente me orientou para falar com o senhor...!
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