domingo, 13 de fevereiro de 2022

 


A MEIA MELANCIA
(Augusto Pellegrini)
 

           O sujeito com cara de infeliz foi a uma frutaria para comprar melancia. A bem da verdade, ele queria apenas a metade de uma, mais que suficiente para a sua necessidade de consumo.

            O atendente que o atendeu era uma espécie de troglodita cheio de músculos, piercings e tatuagens que foi logo deixando claro que “nós não vendemos meia melancia, só inteira”. E ponto final na conversa.

            ”Mas uma melancia inteira é muito para mim, eu só preciso da metade” – lamuriou o sujeito com cara de infeliz.

            “Não vendemos meia melancia!” berrou o casca grossa. ”Se quiser, vá falar com o dono, que está lá dentro”, apontou uma porta e fundo com a papada do queixo.

            E lá foi o sujeito, aceitando a sugestão e entrando na sala da chefia decidido a mudar o resultado o jogo.

            “Bom dia! Eu queria comprar meia melancia, mas o animal com cara de gorila que me atendeu disse que vocês não vendem a metade da fruta...” – e, olhando por cima do ombro viu que o troglodita estava bem ali, ao seu lado, com cara de poucos amigos.

            Lépido e ligeiro mudou imediatamente o discurso – “e este ‘cavalheiro aqui presente’ muito gentilmente me orientou para falar com o senhor...!    

           

 

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