As
pessoas têm o hábito de selecionar e classificar tudo o que existe na face da
terra. Isso vale para as espécies da natureza, para concursos de beleza, para
festivais de música, mostras de cinema, programas de calouro, e até para a disputa
entre compositores eruditos que nunca imaginaram esta situação de confronto,
até porque não eram contemporâneos.
No
futebol, então, isso virou mania: é seleção da rodada, seleção do campeonato,
os melhores times de todos os tempos, o gol mais bonito do ano, e por aí vai.
Como
regra geral, há os que concordam e os que não concordam com as escolhas porque,
como diz o ditado, em cada cabeça uma sentença.
Uma
das revistas esportivas mais conceituadas do mundo, a inglesa World Soccer,
realizou recentemente uma eleição para a escolha de um time com os melhores
jogadores da história. A escolha foi feita por 73 jornalistas de diversas
partes do mundo que deram a sua opinião sobre a escalação desta mega seleção,
possivelmente levando em conta aqueles jogadores que eles próprios viram atuar.
Tarefa
difícil e improdutiva. Com certeza cada analista (e cada leitor) faria uma
escolha diferente em pelo menos meia-dúzia de posições.
Considerando
a plêiade de futebolistas brasileiros que já encantaram o mundo desde a época
de Leônidas da Silva, muitos deverão achar estranho que esta seleção maior tenha
só dois jogadores tupiniquins.
Um
deles, provavelmente sem qualquer contestação, é Pelé. O outro, dependendo do
leitor, poderia ser o próprio Leônidas, ou Garrincha, Didi, Romário ou Ronaldo,
todos eles seres iluminados que desequilibraram nas Copas do Mundo em que
participaram.
No
entanto, pasmem os senhores, a comissão julgadora optou por Cafu, um jogador
esforçado, mas tecnicamente mediano e inferior a, por exemplo, Carlos Alberto
Torres, na mesma posição. Digamos que Cafu seja uma mistura do voluntarioso
Maicon com o arisco Daniel Alves, sem muito pedigree para fazer parte de um
universo tão seleto, nem na vida real nem no imaginário popular.
É
bem verdade que Cafu foi o jogador selecionado que obteve o menor numero de
votos (24 no total), ao lado de Bobby Moore. Isto pode significar que foi
difícil alcançar uma unanimidade sobre a existência de um “craque” nas suas
respectivas posições.
Por
outro lado, craques indiscutíveis como Di Stefano e Zidane também foram
escolhidos com poucos votos (26 e 27 respectivamente), mas aqui cabe outro tipo
de raciocínio: possivelmente a existência de muitos meio-campistas e pontas de
lança de estirpe – como Schiafino, Liedholm, Puskas, Didi, Platini, Xavi e
Iniesta – tenha pulverizado a votação, ou seja, muitos nomes foram citados para
esta posição.
A
seleção mais votada teve o goleiro Lev Iashin (da antiga União Soviética), os
laterais Cafu (Brasil) e Paolo Maldini (Itália), os zagueiros Bobby Moore
(Inglaterra) e Franz Beckenbauer (Alemanha), os meio-campistas Johann Cruyff
(Holanda), Alfredo Di Stefano (Argentina), Zinedine Zidane (França) e Diego
Maradona (Argentina), e os atacantes Pelé (Brasil) e Lionel Messi (Argentina),
o único que está na ativa.
O
mais votado foi Beckenbauer, com 68 indicações entre as 73 possíveis.
Trata-se
de uma superseleção para ser pôster de revista, mas se conseguisse ser formada
provavelmente acabaria não dando certo, pois tantos craques juntos carecem de um
carregador de piano pra segurar as pontas.
Pensando
bem, acho que a escalação de Cafu acabou sendo acertada.
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