2014 – A PROFECIA
A
apenas sete meses da abertura da Copa, o Brasil segue vivendo uma crise de
credibilidade e de incertezas, com ela trazendo o risco de comprometer o sucesso
do evento.
Quem
reside no país pode atestar a precariedade o nosso sistema de comunicação –
falamos da telefonia móvel e da internet – que continua num nível de qualidade muito
abaixo das nossas necessidades de usuários comuns.
Só
que milhões de turistas e profissionais esperados para este megaevento são originários
de países onde a comunicação via internet é rápida e a ligação através de
celulares é segura e instantânea, e eles aqui terão uma qualidade de serviço com
a qual não estão acostumados – e agora não há mais tempo útil para que a
situação se reverta tão radicalmente.
Além
disso, todo brasileiro que se utiliza de transporte aéreo no país sabe da falta
de estrutura e conforto nos nossos aeroportos.
O
Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo declarou meio “em passant”, isto é, sem se
aprofundar muito no assunto, que todos os aeroportos estarão funcionando com
100% de eficiência quando a Copa começar (na verdade, tem que ser um pouco
antes, pois turistas, profissionais e as próprias delegações deverão estar no
Brasil algum tempo antes do início do torneio).
O
ministro não se pronunciou sobre acomodações, mobilidade urbana,
telecomunicações ou segurança, muito provavelmente por não serem assuntos afetos
à sua área de responsabilidade. Para ele já basta ter que exercitar o jogo de
cintura a fim de driblar os fiscais e dirigentes da Fifa e aparar as arestas
criadas pelo atraso das obras, pela oposição parlamentar e pelas declarações
desastrosas de Ronaldo Fenômeno, membro do Comitê Organizador da Copa.
A
indefinição sobre as questões de segurança, aliada às recentes e constantes
manifestações iniciadas em julho já provocou a sua primeira baixa.
Num
ano tão importante, onde o Brasil está no foco central do futebol em todo o
mundo, os organizadores da Soccerex, uma convenção global que acontece anualmente
para debater assuntos do esporte, cancelaram o evento que seria realizado de 30
de novembro a 5 de dezembro no Rio de Janeiro, e teria como palco o Estádio do
Maracanã.
A
Soccerex é uma oportunidade de se ter em um só local pessoas de todo o mundo
interessadas em fazer negócios com o futebol, reunindo associações oficiais
(Fifa, UEFA, Conmebol), dirigentes de clubes e de federações, empresários e
agentes, provedores de serviços ligados ao futebol, autoridades de turismo e marketing
esportivo, técnicos, jogadores e celebridades.
Os
motivos alegados pelo cancelamento do evento são dois: primeiro, o governo
estadual, acuado pelas manifestações que têm causado grandes tumultos, trazendo
um enorme prejuízo ao patrimônio público e à sua própria imagem, retirou o
apoio financeiro que já estava costurado com a Secretaria Municipal de Esportes;
depois, informantes internacionais se mostram temerosos com a saúde e o
bem-estar das 4.500 pessoas que participariam do evento, porque o sistema de
segurança atualmente em funcionamento no Brasil é considerado precário.
Apesar
da vinda do Papa Francisco haver transcorrido de forma pacífica e ordeira,
esses olheiros acham que naquela oportunidade, mesmo os manifestantes mais
revoltosos respeitaram o aspecto religioso – portanto apolítico – da visita.
Eles
têm em mente as manifestações em Fortaleza e Brasília quando o Brasil disputou
dois amistosos – México e a Austrália – e existem também informações negativas
alertando turistas sobre a violência urbana nos grandes centros, a impunidade quanto
ao crime comum e a falta de credibilidade da nossa política de segurança
pública.
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