O BOM SENSO F.C. VAI
PARA O ATAQUE
O
protesto pacífico dos jogadores em apoio ao Bom Senso F.C. chegou aos estádios
e foi repassado para o público presente e também para os telespectadores.
Em
alguns casos, os jogadores dos dois times entraram em campo juntos como se
fizessem parte da mesma equipe, segurando uma faixa que conclamava os
responsáveis pela administração do futebol a atenderem às solicitações dos
atletas profissionais com referência a um calendário mais racional.
Em
outros casos os jogadores tiveram a permissão da arbitragem para um minuto de
silêncio simbólico antes de ser dado o pontapé inicial, e quando não houve tal
permissão, os jogadores de ambos os times ficaram trocando a bola por quase um
minuto sem esboçar qualquer tipo de disputa.
Para
quem não sabe, este movimento partiu de um grupo de atletas que atuam na Série
A do futebol brasileiro, em função do desgaste físico e técnico causado pelo
excesso de jogos, pela falta de férias regulamentares e por uma pré-temporada
adequada às necessidades do restante do ano.
O
movimento toma força, mas não há evidência alguma que possa ser atendido pelo
menos em curto prazo, pois mesmo que as federações tomem consciência do
problema, existe uma série de entraves que só poderão ser superados com tempo e
paciência.
O
próximo ano é totalmente atípico, com todo um mês dedicado à Copa do Mundo, mas
como a temporada do futebol vai estar na sua metade, havendo inclusive a interrupção
de alguns campeonatos e torneios, seria exigir muito da organização que alguma
coisa fosse arrumada tão cedo.
Além
do mais, uma mudança de calendário teria que ter forçosamente a participação da
televisão, que banca boa parte do circo, e dos patrocinadores dos clubes, que
verão um encolhimento da veiculação dos seus nomes nas camisas dos jogadores e
nos painéis das entrevistas coletivas.
Nada
tão simples de ser solucionado, portanto. Deve-se, porém, levar em conta que os
artistas do espetáculo precisam ser ouvidos para que o espetáculo continue a
existir com qualidade.
A
última providência do Bom Senso F.C, foi entrar em contato com Tiago Silva,
capitão da seleção brasileira que estava em Miami para disputar o amistoso de
sábado contra Honduras, e pedir que algum gesto fosse feito para apoiar o movimento.
Como
se podia prever, os jogadores que estão lutando por uma vaga por uma convocação
final para a Copa não tiveram o menor interesse em entrar em atrito com o
“establishment”, e não houve qualquer resposta, até porque pode ter havido uma
proibição formal do presidente Marin e do técnico Felipão.
Pergunta-se
o que fariam Marin e Felipão se Neymar se engajasse no projeto de corpo e alma e
fizesse um protesto particular a favor do bom senso em pleno jogo da seleção.
Afinal, ele é a única unanimidade no momento, e uma palavra ou atitude sua,
além de carimbar a ideia, teria uma repercussão de tal sorte que as autoridades
se veriam obrigadas a discutir o assunto em público, o que não acontece no
momento – eles preferem fazer de conta que nada disso existe e provavelmente
irão protelar uma discussão até a sua exaustão.
Talvez
imaginar que um astro da grandeza de Neymar possa se preocupar com assuntos tão
comezinhos seja querer demais.
Os
intelectuais do passado também exigiram atitude de Pelé a favor dos negros e
contra a ditadura e, apesar dos tempos serem outros, o Rei também se manteve
alheio ao problema.
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