COPA 2014 – O ASSUNTO DO
ANO
Toda
quinta-feira, a partir desta semana, Gol de Placa vai apresentar uma série de artigos
sobre a Copa que se aproxima, buscando manter o leitor informado e procurando
responder às suas expectativas e dúvidas.
A
cada Copa que acontece o número de pessoas interessadas aumenta, quer seja pelo
avanço da tecnologia, quer seja pela mídia engajada pelos bilhões que ela
movimenta, quer seja pela chamada “curtição”, que alia a alegria vivida num estádio
à diversão de um festival de música. Pura diversão.
Uma
prova irrefutável do interesse que a Copa gera no cidadão é a venda de
ingressos, que mesmo sendo muito caros vão se esgotando para as partidas mais
importantes, as quais vão se tornando ainda mais importantes à medida que o
torneio avança e vai confirmando os favoritos.
As
pessoas que não têm condição de estar nos estádios vão torcer juntos em casa,
em bares ou restaurantes, onde tudo passa a ser pretexto para churrasco,
cerveja e samba.
Muitos
não se interessam pelo futebol, outros jamais foram a um estádio. Mas todos farão
a festa na hora de torcer pela seleção.
Tradicionalmente,
mesmo quando a Copa é disputada em rincões distantes, seja Japão, Espanha ou
África do Sul, a massa torcedora que sai do Brasil para apoiar a seleção está
sempre presente, formando uma alegre brigada verde-amarela, e fazendo a famosa
corrente pra frente.
Esta
Copa é especial, pois volta a ser disputada no Brasil depois de 64 anos,
obviamente sob circunstâncias completamente diferentes. Mudou a atmosfera, mudaram algumas regras,
mudou até o próprio Estádio do Maracanã. O mundo tem um comportamento social,
sociológico e tecnológico de um novo século.
Em
1950 o Brasil era mostrado em preto e branco e agora apresenta suas virtudes e
defeitos em cores vivas.
Tanto
o Brasil quanto o mundo passaram por severas modificações trazidas pelo
progresso e pela globalização, como a velocidade da comunicação, a informação
instantânea e minuciosa, e a proliferação das redes sociais, tudo isso promovendo
um inevitável encontro de culturas e contrastes, de futuro e consequências
imprevisíveis.
A
Fifa de 1950 era comandada por um idealista inocente que queria promover a
união entre os países através do esporte (seu nome, Jules Rimet) e a de 2014 é
presidida por um visionário de poucos escrúpulos – Joseph Blatter – que para
atingir os seus fins faz uso de chantagem e da conivência dos governos
estabelecidos, não raro impondo a sua própria lei.
Para
isso, conta com patrocinadores e parceiros poderosos, que investem muito dinheiro
para conseguir um retorno que agrade a suíços, gregos, troianos e, no nosso
caso, alguns brasileiros espertos e inescrupulosos.
É
a partir desta situação que a Copa acabou tomando um caminho errado.
Ao
invés de começarmos o ano pintando muros e calçadas com as cores da bandeira,
de decorar as ruas com alegres bandeirolas verdes e amarelas que servirão para colorir
os arraiais e de vestir fantasias alusivas ao evento, o que se vê são
manifestações ardidas contra a realização da Copa no Brasil.
A
mídia bem que está se esforçando para fazer o brasileiro entrar no clima,
produzindo anúncios e slogans onde a promessa de uma vida cor de rosa passa a
ter os tons de verde e amarelo, mas por enquanto muitos brasileiros estão se
fazendo surdo a estes apelos.
Existe
uma declarada campanha contra a realização da Copa no Brasil, mas esta campanha
começou com sete anos de atraso. Agora é tarde.
Chegamos
ao ponto em que a Copa é um evento irreversível, e qualquer manifestação que se
faça daqui para frente não vai trazer de volta a fortuna do contribuinte que
foi gasta com a orgia de obras mal feitas e inacabadas, correndo o risco de precipitar
uma tragédia envolvendo turistas e pessoas que não têm culpa da improbidade dos
organizadores.
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