sábado, 29 de março de 2014





COPA 2014 – O ASSUNTO DO ANO

 

Toda quinta-feira, a partir desta semana, Gol de Placa vai apresentar uma série de artigos sobre a Copa que se aproxima, buscando manter o leitor informado e procurando responder às suas expectativas e dúvidas.
A cada Copa que acontece o número de pessoas interessadas aumenta, quer seja pelo avanço da tecnologia, quer seja pela mídia engajada pelos bilhões que ela movimenta, quer seja pela chamada “curtição”, que alia a alegria vivida num estádio à diversão de um festival de música. Pura diversão.
Uma prova irrefutável do interesse que a Copa gera no cidadão é a venda de ingressos, que mesmo sendo muito caros vão se esgotando para as partidas mais importantes, as quais vão se tornando ainda mais importantes à medida que o torneio avança e vai confirmando os favoritos.
As pessoas que não têm condição de estar nos estádios vão torcer juntos em casa, em bares ou restaurantes, onde tudo passa a ser pretexto para churrasco, cerveja e samba.
Muitos não se interessam pelo futebol, outros jamais foram a um estádio. Mas todos farão a festa na hora de torcer pela seleção.
Tradicionalmente, mesmo quando a Copa é disputada em rincões distantes, seja Japão, Espanha ou África do Sul, a massa torcedora que sai do Brasil para apoiar a seleção está sempre presente, formando uma alegre brigada verde-amarela, e fazendo a famosa corrente pra frente.
Esta Copa é especial, pois volta a ser disputada no Brasil depois de 64 anos, obviamente sob circunstâncias completamente diferentes.  Mudou a atmosfera, mudaram algumas regras, mudou até o próprio Estádio do Maracanã. O mundo tem um comportamento social, sociológico e tecnológico de um novo século.
Em 1950 o Brasil era mostrado em preto e branco e agora apresenta suas virtudes e defeitos em cores vivas.
Tanto o Brasil quanto o mundo passaram por severas modificações trazidas pelo progresso e pela globalização, como a velocidade da comunicação, a informação instantânea e minuciosa, e a proliferação das redes sociais, tudo isso promovendo um inevitável encontro de culturas e contrastes, de futuro e consequências imprevisíveis.
A Fifa de 1950 era comandada por um idealista inocente que queria promover a união entre os países através do esporte (seu nome, Jules Rimet) e a de 2014 é presidida por um visionário de poucos escrúpulos – Joseph Blatter – que para atingir os seus fins faz uso de chantagem e da conivência dos governos estabelecidos, não raro impondo a sua própria lei.
Para isso, conta com patrocinadores e parceiros poderosos, que investem muito dinheiro para conseguir um retorno que agrade a suíços, gregos, troianos e, no nosso caso, alguns brasileiros espertos e inescrupulosos.
É a partir desta situação que a Copa acabou tomando um caminho errado.
Ao invés de começarmos o ano pintando muros e calçadas com as cores da bandeira, de decorar as ruas com alegres bandeirolas verdes e amarelas que servirão para colorir os arraiais e de vestir fantasias alusivas ao evento, o que se vê são manifestações ardidas contra a realização da Copa no Brasil.
A mídia bem que está se esforçando para fazer o brasileiro entrar no clima, produzindo anúncios e slogans onde a promessa de uma vida cor de rosa passa a ter os tons de verde e amarelo, mas por enquanto muitos brasileiros estão se fazendo surdo a estes apelos.
Existe uma declarada campanha contra a realização da Copa no Brasil, mas esta campanha começou com sete anos de atraso. Agora é tarde.
Chegamos ao ponto em que a Copa é um evento irreversível, e qualquer manifestação que se faça daqui para frente não vai trazer de volta a fortuna do contribuinte que foi gasta com a orgia de obras mal feitas e inacabadas, correndo o risco de precipitar uma tragédia envolvendo turistas e pessoas que não têm culpa da improbidade dos organizadores.

                                                                                                

     

 

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