segunda-feira, 16 de junho de 2014







COMEÇOU A GRANDE FESTA DO FUTEBOL
 

(ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 16/11/2014)

 

Foi dada a largada para a maratona da Copa, e vamos ter um mês inteiro mesclando euforia e choradeira, críticas e elogios, surpresas e constatações.
A festa do futebol é grande, e os estádios lotados com gente de todas as raças e todas as camisas são prova disso. Tradicionalmente, como ocorre em todas as Copas, os torcedores, sejam amigos ou adversários, se respeitam e confraternizam, numa demonstração que o esporte pode – e deve – ser um catalizador de energias positivas.
O colorido dos estádios e o alarido produzido pela massa em festa traduzem a importância do espetáculo. É como um carnaval fora de época com maior duração, que tende a ficar mais e mais vibrante na medida em que as fases são ultrapassadas, adquirindo um sabor especial se o Brasil continuar caminhando rumo à final.
Por isso, há que se separar o aspecto lúdico e esportivo desta competição do que acontece do outro lado do muro, como passeatas, desordem pública e repressão policial.
Eu sou um apaixonado pelo futebol e acompanho a Copa do Mundo desde 1954 (em 1950 participei timidamente da tristeza da família). A transmissão era precariamente feita pelo radio e a emoção ficava por conta do que passavam os locutores.
Em 1958 o radio ainda foi o grande responsável pelo sentimento dos torcedores, mas eles já se aglomeravam em praças públicas ao redor de painéis sonoros.
Em 1962, dada a proximidade do Chile, onde se realizava o torneio, as partidas eram gravadas em vídeo-tape e as fitas eram despachadas por avião para serem mostradas na televisão dois dias depois dos jogos. Em branco e preto.
Somente em 1970 tivemos a alegria de assistir aos jogos em tempo real – alguns poucos ungidos conseguiram ver a Copa em cores! – e isto colaborou para a grande festa proporcionada pela torcida que foi presenteada com o título.
A partir daí aconteceu uma evolução tecnológica que chega aos dias atuais com transmissões diretas de todas as partidas para todos os lugares do mundo, um verdadeiro banquete para quem gosta de futebol.
A Copa do Mundo possui uma magia toda especial, pois reúne as melhores seleções do mundo – pelo menos aquelas que sobreviveram à dura prova das Eliminatórias – e também os melhores jogadores, com exceção daqueles que se lesionaram ou que atuam em países que não estão presentes.
Sendo um torneio de curta duração a ordem é errar o mínimo possível nestas primeiras rodadas, pois uma derrota pode custar a possibilidade de seguir adiante. Aqui conta tudo, sejam os pontos obtidos, seja o saldo de gols.
A Copa do Mundo é pródiga em surpresas, podendo castigar os favoritos e reabilitar os desacreditados. Por isso os detalhes são tão importantes.
E tudo tem que funcionar à perfeição. Os jogadores têm que se doar ao máximo, mas dosar as energias e o físico para não caírem de produção, os técnicos têm estudar cada detalhe do adversário a ponto de transformar o jogo numa partida de xadrez, e as disputas de bola devem ser viris, mas não violentas, buscando preservar a integridade dos atletas.
As arbitragens também são um fator importante e ponto de equilíbrio no desenvolvimento sadio da competição.
Por isso, erros absurdos como os que aconteceram nos dois primeiros jogos são inconcebíveis e mostraram que o tão exigido “padrão Fifa” está passando longe deste quesito. Na abertura, o Brasil foi claramente beneficiado e ganhou o jogo por conta disso. No segundo jogo, o México foi claramente prejudicado e deixou de estabelecer um saldo de gols que lhe poderá fazer falta mais adiante.
Uma competição esportiva não pode ter a sua credibilidade manchada por absurdos cometidos por profissionais a quem foi entregue a responsabilidade de arbitrar de acordo com as regras. Infelizmente a Fifa candidamente apenas admite que errar é humano, justifica as barbaridades cometidas pelos trios de arbitragem e o barco segue navegando em águas plácidas como se nada tivesse acontecido. 

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