COMEÇOU A GRANDE FESTA
DO FUTEBOL
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 16/11/2014)
Foi
dada a largada para a maratona da Copa, e vamos ter um mês inteiro mesclando euforia
e choradeira, críticas e elogios, surpresas e constatações.
A
festa do futebol é grande, e os estádios lotados com gente de todas as raças e
todas as camisas são prova disso. Tradicionalmente, como ocorre em todas as
Copas, os torcedores, sejam amigos ou adversários, se respeitam e
confraternizam, numa demonstração que o esporte pode – e deve – ser um
catalizador de energias positivas.
O
colorido dos estádios e o alarido produzido pela massa em festa traduzem a
importância do espetáculo. É como um carnaval fora de época com maior duração,
que tende a ficar mais e mais vibrante na medida em que as fases são ultrapassadas,
adquirindo um sabor especial se o Brasil continuar caminhando rumo à final.
Por
isso, há que se separar o aspecto lúdico e esportivo desta competição do que
acontece do outro lado do muro, como passeatas, desordem pública e repressão
policial.
Eu
sou um apaixonado pelo futebol e acompanho a Copa do Mundo desde 1954 (em 1950
participei timidamente da tristeza da família). A transmissão era precariamente
feita pelo radio e a emoção ficava por conta do que passavam os locutores.
Em
1958 o radio ainda foi o grande responsável pelo sentimento dos torcedores, mas
eles já se aglomeravam em praças públicas ao redor de painéis sonoros.
Em
1962, dada a proximidade do Chile, onde se realizava o torneio, as partidas
eram gravadas em vídeo-tape e as fitas eram despachadas por avião para serem
mostradas na televisão dois dias depois dos jogos. Em branco e preto.
Somente
em 1970 tivemos a alegria de assistir aos jogos em tempo real – alguns poucos ungidos
conseguiram ver a Copa em cores! – e isto colaborou para a grande festa
proporcionada pela torcida que foi presenteada com o título.
A
partir daí aconteceu uma evolução tecnológica que chega aos dias atuais com
transmissões diretas de todas as partidas para todos os lugares do mundo, um verdadeiro
banquete para quem gosta de futebol.
A
Copa do Mundo possui uma magia toda especial, pois reúne as melhores seleções
do mundo – pelo menos aquelas que sobreviveram à dura prova das Eliminatórias –
e também os melhores jogadores, com exceção daqueles que se lesionaram ou que
atuam em países que não estão presentes.
Sendo
um torneio de curta duração a ordem é errar o mínimo possível nestas primeiras
rodadas, pois uma derrota pode custar a possibilidade de seguir adiante. Aqui
conta tudo, sejam os pontos obtidos, seja o saldo de gols.
A
Copa do Mundo é pródiga em surpresas, podendo castigar os favoritos e reabilitar
os desacreditados. Por isso os detalhes são tão importantes.
E
tudo tem que funcionar à perfeição. Os jogadores têm que se doar ao máximo, mas
dosar as energias e o físico para não caírem de produção, os técnicos têm estudar
cada detalhe do adversário a ponto de transformar o jogo numa partida de xadrez,
e as disputas de bola devem ser viris, mas não violentas, buscando preservar a integridade
dos atletas.
As
arbitragens também são um fator importante e ponto de equilíbrio no
desenvolvimento sadio da competição.
Por
isso, erros absurdos como os que aconteceram nos dois primeiros jogos são
inconcebíveis e mostraram que o tão exigido “padrão Fifa” está passando longe
deste quesito. Na abertura, o Brasil foi claramente beneficiado e ganhou o jogo
por conta disso. No segundo jogo, o México foi claramente prejudicado e deixou
de estabelecer um saldo de gols que lhe poderá fazer falta mais adiante.
Uma
competição esportiva não pode ter a sua credibilidade manchada por absurdos cometidos
por profissionais a quem foi entregue a responsabilidade de arbitrar de acordo
com as regras. Infelizmente a Fifa candidamente apenas admite que errar é humano,
justifica as barbaridades cometidas pelos trios de arbitragem e o barco segue
navegando em águas plácidas como se nada tivesse acontecido.
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