A FESTA CHEGA AO FIM
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 14/07/2014)
Chega
ao fim a Copa do Mundo dos paradoxos, objeto de festa e de discórdia, de
grandes exibições e de surpresas, de alegrias e de frustrações.
O
Brasil se propôs realizar a Copa das Copas e, no que diz respeito ao futebol,
conseguiu. A Copa foi repleta de lances fantásticos, de jogos eletrizantes,
craques, gols e muita vibração. Um sucesso, enfim.
Em
nome da emoção, os aspectos negativos foram minimizados e a imprensa, de um
modo geral, vestiu a camisa do evento. Comentaristas de diversas áreas –
economia, política e variedades – deixaram de lado a inflação, a sucessão
presidencial e as temporadas de música para discutir com fervor coisas como a
tática utilizada pela Bélgica e os pecados de Luiz Felipe Scolari.
Durante
trinta dias o futebol dominou a pauta da notícia e mostrou que o esporte pode
ser mais forte do que a desorganização, a falta de planejamento e as mazelas de
um país.
A
grande mensagem que a Copa passou para o mundo foi a de congraçamento, pois a
segurança especial montada nas proximidades das arenas, a violência, a
truculência e o enfrentamento perderam de goleada para a festa proporcionada pelos
turistas de diversos países e regiões do Brasil.
Infelizmente
a seleção brasileira não fez a sua parte.
Por
mantermos a antiga arrogância (continuamos achando que somos os melhores e
fechamos os olhos para o crescimento técnico de outras seleções), não acompanhamos
a evolução por que o futebol passa no resto do mundo e apresentamos um padrão
técnico inferior às outras potências do esporte, decepcionando até os
adversários.
A
rigor, países como Irã, Argélia, Grécia, Costa Rica, Austrália e Estados
Unidos, com um material humano limitado, apresentaram um futebol mais
organizado e rico de opções do que o Brasil. A seleção brasileira só conseguiu
ser mais estruturada do que as seleções dos países africanos, que devido à
falta de disciplina e comando se encontram atualmente no fundo do poço.
Esta
fraqueza foi evidenciada quando passamos às duras penas pelo Chile e pela
Colômbia, e foi definitiva nos 7x1 sofridos ante a Alemanha e os contundentes
3x0 diante da Holanda. Na disputa pelo terceiro lugar, o domínio holandês foi
tão grande que ninguém teve sequer coragem de reclamar dos dois gols irregulares
da Laranja Mecânica. Pela diferença do futebol apresentado, a derrota viria de
qualquer maneira.
A
falta de um esquema de jogo ficou patente desde a estreia contra a Croácia, e
os jogadores foram impotentes para evitar uma despedida menos constrangedora.
A
torcida e a imprensa clamam por uma radical mudança na mentalidade dos
dirigentes esportivos. Não sei se isto será possível ou se irá surtir algum
efeito, pois o que deu certo na Alemanha não necessariamente dará certo no
Brasil, pela disparidade de comportamento e mentalidade dos dois povos.
O
fato é que o torcedor brasileiro teve que se conformar com o quarto lugar na
competição e vai guardar a camisa amarela para uma próxima ocasião.
E
a grande festa da Copa ficou por conta de Alemanha e Argentina.
Com
todos os ingredientes de dramaticidade, os alemães conquistaram o título apenas
na prorrogação, e com certeza mereceram a vitória, pois ao longo da sua
trajetória foi uma seleção que mostrou um futebol mais moderno, solidário e brilhante.
A
conquista alemã representa, enfim, a vitória do trabalho e da seriedade.
A
Argentina acabou sendo uma grata surpresa para quem não esperava que
conseguisse chegar tão longe, e o bruxo mexicano, que entre outras coisas
previu que os hermanos levantariam a taça, vai ter que rever seus conceitos.
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