O SONHO ACABOU
As
expectativas de que o Brasil chegaria à grande final da Copa foram pelo ralo
depois da avassaladora passagem do tornado alemão que reduziu a pó as
pretensões verde-amarelas. O pior é que 7x1 parece que foi pouco pelo que
fizeram os dois times.
Cumprem-se
assim diversas profecias aziagas que preconizavam um final infeliz para a
esquadra de Felipão, entre elas a lenda dos 16 anos (a cada 16 anos, a partir
de 1950, o Brasil perde a Copa, o que aconteceu em 1966, 1982, 1998 e 2014).
Existe também a previsão do bruxo mexicano Chick Jeitoso que há dois anos anteviu
os quatro semifinalistas (Brasil, Argentina, Alemanha e Holanda), a contusão de
Neymar, a derrota brasileira nas semifinais e – vejam os senhores – a conquista
do título pela Argentina.
Tem
também a maldição da Copa das Confederações (tradicionalmente, o seu vencedor
não ganha a Copa do Mundo do ano seguinte) e, de quebra, registre-se a presença
no Mineirão de um torcedor ilustre, o roqueiro Mick Jagger, que tantos
problemas já causou ao selecionado inglês.
Mas,
apesar da torcida e da esperança de que as coisas continuariam dando certo como
nas partidas contra o Chile e a Colômbia, existia um consenso entre os
analistas que no caso da Alemanha o buraco era mais embaixo.
Já
comentamos antes que a seleção foi mal convocada, mal treinada e mal escalada,
e que tanto o técnico brasileiro como o restante da comissão estavam
ultrapassados e fora de sintonia com o que está acontecendo no futebol mundo
afora.
Além
do mais, a safra atual de jogadores não é das melhores e existe uma carência
muito grande de nomes para atuar ao lado da nossa grande estrela – Neymar.
Em
1958 e 1962 a seleção não se limitava a Pelé. Deixando barato, nós tínhamos
Garrincha, Zito, Didi e Nilton Santos que faziam a diferença na qualidade das
jogadas. Em 1970 Pelé tinha a companhia de Tostão, Clodoaldo, Gerson e Rivelino,
pra citar alguns. Na jornada do tetra, em 2014 a equipe era taticamente
perfeita na marcação e tinha Romário e Bebeto para desequilibrar. O mesmo
pode-se dizer em 2002, com a presença de Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos e
Ronaldinho Gaúcho.
A
geração de 2014 ainda está verde ou terrivelmente empobrecida. Da mesma forma
que Dunga em 2010, Felipão olha pro banco e coça a cabeça, pois levou consigo
jogadores com os quais não pode contar. Fred está mal, mas não dá pra confiar
em Jô. Dante está comprometendo, mas seria temeridade trocá-lo por Henrique.
Marcelo está falhando, mas como confiar em Maxwell?
A
seleção brasileira deu uma clara demonstração que é um time de poucas jogadas –
roubo de bolas no meio-campo, lançamentos em ligação direta para a correria dos
atacantes e o aproveitamento da bola parada. Como a Alemanha tem uma defesa
competente e bem posicionada e não cometeu faltas nem cedeu escanteios, a tal
da jogada brasileira ensaiada foi pro espaço.
E
os alemães foram além na competência, envolvendo o Brasil com um repertório de
jogadas e toques rápidos até chegar com facilidade aos 5x0. O resto foi
consequência.
Para
se despedir com dignidade, o Brasil tem que mudar a sua postura na disputa do
terceiro lugar contra a Holanda neste sábado. E Felipão tem que apostar na
recomposição da defesa, com a volta de Thiago Silva, e colocar no meio-campo
alguém que saiba tratar melhor a bola, seja recuando Oscar, seja escalando
Hernanes.
E
no domingo, jogando um futebol melhor, a Alemanha vai para o Maracanã para tentar
a quarta Copa da sua História, contra a Argentina, que busca a sua terceira.
Resta
saber se a previsão do bruxo irá prevalecer e provocar aquilo que os
brasileiros não acreditavam nem nos seus piores pesadelos: o Brasil fora da final
e a Argentina campeã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário