AS MUDANÇAS COMEÇARAM
Tentando
superar o sentimento fúnebre dominante e dar uma satisfação às cobranças
pesadas feitas através da mídia esportiva, a CBF começou a se mexer tendo em
vista as futuras atividades da seleção brasileira.
De
acordo com o presidente Marin, “as mudanças começaram”.
Algumas
decisões foram tomadas logo após a derrota para a Holanda, como as demissões de
Felipão, Parreira e toda a comissão técnica de campo.
Diz
o presidente que mais do que o desgosto pela derrota pesaram a empáfia e a falta
de respeito dos comandantes para com os jogadores.
Nos
dias seguintes todo o resto da turma foi defenestrado, inclusive os arrogantes e
presunçosos Doutor Runco e Rodrigo Paiva. E todos já vão tarde.
Feita
a faxina, a CBF havia ficado de anunciar o nome do novo técnico, deixando claro
que em hipótese alguma seria um treinador estrangeiro.
A
imprensa comentou que o “estrangeiro” poderia ter sido o ex-jogador Leonardo, e
as apostas começaram recaindo sobre Tite e Muricy.
Em
nome das “mudanças”, porém, o presidente Marin escolheu Dunga, que tem uma limitada
experiência como técnico, e sua escolha é na verdade um verdadeiro retrocesso.
Dunga não é um estudioso, não tem diálogo e continua vivendo na década de 1990.
Dias piores virão.
Por
enquanto Marin mantém o técnico do futebol de base (e “olheiro” mal sucedido) Alexandre
Gallo, mas tudo indica que o próximo técnico vai assumir a responsabilidade por
todas as divisões da seleção.
Sendo
assim, as mudanças começam de fato, “pero no mucho”, pois se restringem à
seleção, mantendo a organização do futebol dos clubes na mesma. Pelo visto, não
existe qualquer empenho em mudar a filosofia de trabalho e acabar com os vícios
existentes.
Pra
começar, como bem apontou o jogador Alex, do Bom Senso F.C., “quem comanda o
futebol brasileiro não é a CBF, é a Rede Globo, que determina desde a tabela até
os horários dos jogos para combinar com a sua grade de programação”. À CBF
sobra apenas a administração das seleções, mas nem isto está sendo bem feito.
A
entidade continua chamando para o seu time apenas os velhos parceiros, pois
considera mais importante a obediência cega aos seus princípios do que uma
renovação pra valer. Assim, continua cercada de profissionais ultrapassados que
jamais tiveram a humildade de notar que, apesar deles, o mundo evoluiu.
Mas
a falta de visão de Marin, Del Nero & Cia. vai além.
Para
a Coordenação de Futebol da CBF, com plenos poderes para navegar em qualquer
área (mas com poderes de decisão limitados à aprovação dos chefes), o
presidente chamou o ex-goleiro Gilmar Rinaldi, que nunca exerceu função
semelhante, pois sua experiência se baseia no trato financeiro com atletas,
posto que é agente Fifa desde 1999, trabalhando com corretagem de jogadores.
Isto transforma sua convocação em um perigoso conflito de interesses. O
ex-jogador Romário declarou temer “que ele possa fazer do seu cargo na CBF um
grande balcão de negócios”. Tudo é possível.
Independentemente
disso tudo, parece claro que Gilmar Rinaldi não possui o perfil exigido para o
cargo, jamais fez um curso de gestão esportiva e não parece vir com ideias de
mudanças.
A
CBF precisaria ter a humildade de convocar um grande conselho de notáveis e
dele participar com os ouvidos abertos a propostas e sugestões, mas é pouco
provável que isto aconteça.
O
futuro do futebol brasileiro está incerto e pode ainda levar muito tempo para
que ele venha a se acertar.
O
tempo dirá.
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