AS ORIGENS DO MUNDISL
INTERCLUBES
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 30/09/2014)
Na
última quinta-feira nós fizemos um comentário geral sobre o Campeonato Mundial
de Clubes, a sua evolução desde que ele foi inicialmente jogado em 1960 e qual
foi a participação vitoriosa dos clubes brasileiros.
Independentemente
da história que acompanha este torneio, Sepp Blatter se manifesta agora para
estabelecer uma decisão polêmica: a Fifa irá reconhecer a conquista do
Palmeiras na Copa Rio de 1951 como título mundial.
Isto
soa como um belo presente de aniversário, no ano em que o alviverde completa o
seu centenário, e merece uma explicação.
Até
a década de 1950 as disputas entre equipes sul-americanas e europeias
praticamente se resumiam a amistosos eventuais ou a excursões que os clubes
faziam, enfileirando um punhado de jogos ao longo de um mês ou mais.
A
primeira tentativa de se fazer uma competição forte com equipes de diferentes
países aconteceu em 1909 com o Troféu Sir Thomas Lipton, mas este torneio
contou apenas com equipes europeias.
Animada
com o sucesso da Copa do Mundo de 1950, a CBD – Confederação Brasileira de
Desportos contou com o apoio da prefeitura do Rio de Janeiro para organizar um
torneio do qual participariam alguns clubes convidados, todos campeões ou
recentemente vitoriosos nos seus respectivos países.
Com
o aval da Fifa, foi então disputado em 1951, no Rio de Janeiro e em São Paulo, o
Torneio Internacional de Clubes Campeões – Copa Rio, com a participação da
elite do futebol mundial da época, ou seja, Sporting (Portugal), Austria Viena
(Áustria) e Nacional (Uruguai) no grupo do Vasco da Gama, e Juventus (Itália),
Estrela Vermelha (Iugoslávia) e Nice (França) no grupo do Palmeiras.
Foi
um título suado, pois o Palmeiras, goleado pela Juventus por 4x0 na fase de
grupos, ainda conseguiu se classificar em segundo lugar para depois eliminar o
poderoso Vasco em pleno Maracanã com uma vitória e um empate (2x1 e 0x0), e foi
disputar o título contra a Juventus, vencendo no Pacaembu por 1x0 e segurando
um empate de 2x2 no Maracanã.
Dizem
os jornais da época que quando os jogadores retornaram, de trem, para São
Paulo, cerca de um milhão de torcedores se comprimiam para festejar a recepção
do time.
De
fato, a imprensa esportiva dos países participantes tratou o torneio como sendo
realmente uma disputa pelo título mundial de clubes.
Mas
a Fifa é um organismo estranho, cheio de incongruências.
Ao
mesmo tempo em que declara o Palmeiras campeão mundial interclubes em 1951, ela
aparentemente desconhece todos os títulos conquistados de 1960 até 2004,
durante a era da Copa Intercontinental e depois da Copa Toyota – e a rigor o
próprio título que está outorgando ao alviverde – ao enfatizar que “mas o
primeiro campeão mundial de clubes é o Corinthians”, pelo título conquistado em
2000.
Outra
incongruência é não considerar o Fluminense, vencedor da mesma Copa Rio, em
1952, também campeão mundial de clubes.
Em
1952, a Copa Rio voltou a ser disputada, mudando de nome para Copa Rio Internacional,
com o grupo do Rio reunindo Fluminense, Peñarol (Uruguai), Grasshoppers
(Suiça), Sporting (Portugal), e o grupo de São Paulo trazendo Corinthians,
Saarbrucken (Alemanha), Libertad (Paraguai) e Austria Viena (Áustria).
Os
organizadores não ficaram satisfeitos com a recusa de a Juventus (Itália) e o
Racing (Argentina) de participar do torneio e ficaram mais insatisfeitos ainda
quando o Peñarol abandonou a competição nas semifinais após seus jogadores serem
agredidos pela torcida na partida de ida contra o Corinthians disputada no
Pacaembu.
O
Fluminense ganhou o título em duas partidas disputadas no Rio contra o
Corinthians – o Pacaembu havia sido vetado por causa dos problemas das
semifinais – com uma vitória de 2x0 e um empate em 2x2.
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