MUNDIAL DE CLUBES
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 25/09/2014)
O
ano de 1960 marcou uma nova era na ordem do futebol mundial. Foi quando foi
oficializada a disputa para definir finalmente qual seria o melhor clube do
mundo, tomando como parâmetro os campeões da Europa e da América do Sul.
Naquele
tempo não fazia qualquer sentido que fizesse parte da festa algum clube
representando a Ásia, a África, a Oceania, a América do Norte ou a América
Central, cujo futebol era incipiente.
O
torneio, que na verdade era apenas uma disputa entre os campeões continentais,
se chamava Copa Intercontinental e consistia de dois jogos – ida e volta – que
definiam o “campeão do mundo”. O primeiro vencedor foi o Real Madrid, que
goleou o Peñarol do Uruguai por 5x1 em Madri depois de um empate sem gols em
Montevidéu.
Neste
formato, o futebol brasileiro triunfou duas vezes, ambas com o Santos, em 1962
e 1963.
O
sistema permaneceu inalterado até 1979, quando problemas financeiros e a
relutância dos europeus em jogar na América do Sul, assustados com o
comportamento da torcida, fizeram com que a decisão passasse a ser realizada num
único jogo, em campo neutro.
O
palco escolhido foi o Japão – que mostrava interesse em fazer seu futebol
crescer – sob o patrocínio da Toyoya, sempre na cidade de Tóquio (com exceção
dos três últimos anos, quando a final foi realizada em Yokohama), e a disputa
passou a se chamar Copa Europeia/Sul-Americana Toyota.
Seu
primeiro vencedor, em 1980, foi o Nacional de Montevidéu, que bateu o
Nothingham Forest, da Inglaterra, por 1x0.
A
partir daí foram mais 25 anos, sendo a última edição realizada em 2004 com a
vitória do FC Porto por 8x7 nos pênaltis contra o Once Caldas, da Colômbia.
Neste
tipo de edição o Brasil foi campeão em 1981 com o Flamengo, em 1983 com o
Grêmio e em 1992 e 1993 com o São Paulo.
Ao
alvorecer o século 21, Sepp Blatter decidiu chancelar a disputa e transformá-la
num torneio da Fifa, com a participação dos
campeões dos outros continentes. Esta democratização tinha um forte
componente financeiro, pois a Fifa se cercou de patrocinadores fortes e construiu
um torneio altamente lucrativo. O local escolhido para fazer o primeiro teste
foi o Brasil. O ano era 2000 e os critérios de escolha e indicação dos clubes
participantes foram bastante discutíveis. O Corinthians conquistou a primeira
edição ao vencer nos pênaltis um outro clube brasileiro, o Vasco da Gama, por
4x3.
Apesar
de ter sido um torneio bissexto e realizado de uma forma experimental, a Fifa o
considera válido para efeito de estatísticas, de modo que o Corinthians é de
fato o seu primeiro campeão.
Na
prática, porém, o Campeonato Mundial de Clubes começou mesmo em 2005, após um
hiato de quatro anos, e teve o São Paulo como campeão ao bater o Liverpool por
1x0.
A
partir daí, após nove disputas, os brasileiros conquistaram o torneio outras
duas vezes – o Internacional, em 2006, e o Corinthians, em 2012 – somando então
10 títulos em 30 disputas.
Depois
de quatro disputas realizadas no Japão, também em nome da democratização e
globalização do futebol, a Fifa decidiu fazer um rodízio dos países que
hospedam o Mundial de Clubes, indicando os Emirados Árabes e Marrocos como
sede.
Desde
que o Campeonato Mundial de Clubes começou a abranger todos os continentes,
apenas dois clubes que não fizeram parte dos blocos europeu e sul-americano
conseguiram chegar à final – Mazembe, da República Democrática do Congo, e Raja
Casablanca, de Marrocos – mas ambos foram derrotados na final, respectivamente
para a Internazionale, de Milão, e para o Bayern, de Munique.
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