terça-feira, 30 de setembro de 2014






MUNDIAL DE CLUBES   

(ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 25/09/2014) 

O ano de 1960 marcou uma nova era na ordem do futebol mundial. Foi quando foi oficializada a disputa para definir finalmente qual seria o melhor clube do mundo, tomando como parâmetro os campeões da Europa e da América do Sul.
Naquele tempo não fazia qualquer sentido que fizesse parte da festa algum clube representando a Ásia, a África, a Oceania, a América do Norte ou a América Central, cujo futebol era incipiente.
O torneio, que na verdade era apenas uma disputa entre os campeões continentais, se chamava Copa Intercontinental e consistia de dois jogos – ida e volta – que definiam o “campeão do mundo”. O primeiro vencedor foi o Real Madrid, que goleou o Peñarol do Uruguai por 5x1 em Madri depois de um empate sem gols em Montevidéu.
Neste formato, o futebol brasileiro triunfou duas vezes, ambas com o Santos, em 1962 e 1963.
O sistema permaneceu inalterado até 1979, quando problemas financeiros e a relutância dos europeus em jogar na América do Sul, assustados com o comportamento da torcida, fizeram com que a decisão passasse a ser realizada num único jogo, em campo neutro.
O palco escolhido foi o Japão – que mostrava interesse em fazer seu futebol crescer – sob o patrocínio da Toyoya, sempre na cidade de Tóquio (com exceção dos três últimos anos, quando a final foi realizada em Yokohama), e a disputa passou a se chamar Copa Europeia/Sul-Americana Toyota.
Seu primeiro vencedor, em 1980, foi o Nacional de Montevidéu, que bateu o Nothingham Forest, da Inglaterra, por 1x0.
A partir daí foram mais 25 anos, sendo a última edição realizada em 2004 com a vitória do FC Porto por 8x7 nos pênaltis contra o Once Caldas, da Colômbia.
Neste tipo de edição o Brasil foi campeão em 1981 com o Flamengo, em 1983 com o Grêmio e em 1992 e 1993 com o São Paulo.
Ao alvorecer o século 21, Sepp Blatter decidiu chancelar a disputa e transformá-la num torneio da Fifa, com a participação dos  campeões dos outros continentes. Esta democratização tinha um forte componente financeiro, pois a Fifa se cercou de patrocinadores fortes e construiu um torneio altamente lucrativo. O local escolhido para fazer o primeiro teste foi o Brasil. O ano era 2000 e os critérios de escolha e indicação dos clubes participantes foram bastante discutíveis. O Corinthians conquistou a primeira edição ao vencer nos pênaltis um outro clube brasileiro, o Vasco da Gama, por 4x3.
Apesar de ter sido um torneio bissexto e realizado de uma forma experimental, a Fifa o considera válido para efeito de estatísticas, de modo que o Corinthians é de fato o seu primeiro campeão.  
Na prática, porém, o Campeonato Mundial de Clubes começou mesmo em 2005, após um hiato de quatro anos, e teve o São Paulo como campeão ao bater o Liverpool por 1x0.
A partir daí, após nove disputas, os brasileiros conquistaram o torneio outras duas vezes – o Internacional, em 2006, e o Corinthians, em 2012 – somando então 10 títulos em 30 disputas. 
Depois de quatro disputas realizadas no Japão, também em nome da democratização e globalização do futebol, a Fifa decidiu fazer um rodízio dos países que hospedam o Mundial de Clubes, indicando os Emirados Árabes e Marrocos como sede.
Desde que o Campeonato Mundial de Clubes começou a abranger todos os continentes, apenas dois clubes que não fizeram parte dos blocos europeu e sul-americano conseguiram chegar à final – Mazembe, da República Democrática do Congo, e Raja Casablanca, de Marrocos – mas ambos foram derrotados na final, respectivamente para a Internazionale, de Milão, e para o Bayern, de Munique.  

 

 

 

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