UMA PEDRA NO CAMINHO
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 09/09/2014)
De um tempo
pra cá, a Justiça esportiva resolveu pegar pesado na tentativa de
moralizar as coisas do futebol.
É claro que
de uma forma ou de outra isto sempre aconteceu, mas a partir do affair Portuguesa-Fluminense parece que
o rigor com as punições recrudesceu. Depois de mandar a Lusa para a Série B por
causa de um jogador escalado sem condições de jogo, chegou a vez do Icasa e do
Botafogo da Paraíba serem excluídos das Séries B e C respectivamente por
haverem acionado a Justiça comum antes de se esgotarem os recursos na área do
esporte.
Por sua vez,
o América Mineiro, na Série B, poderá perder 21 pontos por escalação irregular,
mas como a legislação brasileira permite, sempre haverá recursos e expedições
de liminares, embora estas tentativas tenham se mostrado em vão.
E é
importante que assim seja.
O Grêmio
acaba de ser eliminado da Copa do Brasil nos tribunais por decisão unânime dos
auditores do STJD, um fato inédito no futebol brasileiro, devido às atitudes
racistas dos seus torcedores na partida em que o time perdeu para o Santos. Até
agora, problemas com torcedores eram punidos por multa, perda de mando de jogo
ou jogo com portões fechados, mas o Tribunal resolveu jogar duro para intimidar
outros atos semelhantes.
É nesse clima
desfavorável que o Corinthians vai enfrentar uma barra pesada por ter colocado em
campo o jogador Petros – jovem promissor contratado ao Penapolense depois de um
ótimo Campeonato Paulista – antes de o jogador ter sido registrado no
BID-Boletim Informativo Diário da CBF.
A lei prevê
que o clube infrator perca três pontos por partida disputada com o jogador
irregular. Como Petros disputou sete jogos, o alvinegro perderia 21 pontos dos
32 já conquistados, ficaria apenas com 11 e iria para a lanterna do campeonato,
quatro pontos atrás do Vitória, atualmente último colocado.
O jogador já
estava berlinda, pois havia sido condenado a 180 dias de suspensão por ter
supostamente agredido o árbitro Raphael Claus no jogo disputado contra o
Santos. Mesmo assim, foi escalado em uma outra oportunidade por conta de um
efeito suspensivo, o que poderá aumentar a dor de cabeça do Corinthians.
O clube vive
uma fase astral negativa, pois o ex-presidente Andrés Sanchez foi denunciado
pela Justiça junto com outros três dirigentes sob a acusação de crime fiscal e
desistiu oficialmente de tentar se reeleger (ele deixou a presidência em 2011 e
articulava uma possível candidatura para brigar com a dupla Marin-Del Nero para
comandar a CBF).
Esta essa
situação não é nova.
Desde o
início do sistema de pontos corridos, em 2003, o STJD já tirou pontos de sete
clubes.
Pela escalação de jogador irregular, a Ponte Preta perdeu 4 pontos (2003), o Paysandu perdeu 8 (também em 2003), o Grêmio Prudente perdeu 3 (2010), o Flamengo perdeu 4 (2013) e a Portuguesa também perdeu 4 (também em 2013).
Pela escalação de jogador irregular, a Ponte Preta perdeu 4 pontos (2003), o Paysandu perdeu 8 (também em 2003), o Grêmio Prudente perdeu 3 (2010), o Flamengo perdeu 4 (2013) e a Portuguesa também perdeu 4 (também em 2013).
Por ter
vendido ingressos para uma partida que deveria ser jogada com os portões
fechados, o Brasiliense perdeu 1 ponto em 2005, e o São Caetano perdeu 24
pontos em 2004 porque o clube foi declarado culpado pela morte do jogador
Serginho.
Desses,
apenas o Brasiliense, o Grêmio Prudente e a Portuguesa foram rebaixados.
O recente
caso de Petros é uma verdadeira pedra no sapato corintiano porque, mesmo que o
time consiga fazer um bom segundo turno e se livrar do rebaixamento, a sua possibilidade
de lutar pelo título e por uma vaga na Libertadores fica bastante comprometida.
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