AS REDES DO MINEIRÃO
(ARTIGO PUBLICADO NO
CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 20/10/2014)
O
novo Mineirão tem tudo de novo, adaptado que foi às exigências da Copa do
Mundo. Tudo foi pensado nos mínimos detalhes, inclusive aqueles que atendem à
rivalidade entre os dois grandes rivais do estado, Atlético e Cruzeiro (aqui
convenientemente citados em ordem alfabética para não ferir suscetibilidades).
Assim,
as redes das traves são normalmente brancas, mas quando o Cruzeiro manda o jogo
elas são azuis.
Como
tudo ainda está com cheiro de casa nova, as redes ainda não foram trocadas e
são as mesmas utilizadas na Copa, o que quer dizer que em pouco mais de um mês
de uso elas já passaram por duas emoções formidáveis.
As
mesmas redes que estufaram com os sete gols da Alemanha no acachapante 7x1
anotado contra o Brasil ouviram os gritos alucinados da torcida do Galo na emocionante
e improvável virada desta última quarta-feira – 4x1 contra o Corinthians. Na
primeira partida o Mineirão ficou perplexo e muita gente chorou, mas na segunda
partida o torcedor incendiou o estádio, em mais uma comprovação de que – em
ambos os casos – futebol não se ganha na véspera, mesmo com todas as fichas a
seu favor.
Assim
as redes brancas do Mineirão entram para a história como protagonista de dois
jogos inesquecíveis, para o bem ou para o mal.
Que
o futebol tem o seu lado inexplicável, disso ninguém duvida. E que esses
mistérios muitas vezes transcendem a lógica também ninguém duvida.
Como
disse o poeta Shakespeare, “há mais mistérios entre o céu e a terra do que
supõe a nossa vã filosofia”, e com base neste misticismo são imaginadas as mais
diversas formas de superstição, valendo tudo para que o nosso time vença o time
deles.
E
nesse jogo alegórico qualquer desatenção pode ser fatal.
Existem
muitas histórias de coincidências que ilustram o imaginário futebolístico, e
que fazem os jogadores ter preferência por algum uniforme, querer começar a
partida sempre do mesmo lado do campo, ouvir sempre a mesma música antes de ir
para o vestiário e até de vestir a mesma roupa de baixo, fato que atualmente se
tornou impraticável devido à quantidade de partidas e de viagens que o time tem
que fazer toda semana.
É
bem possível que as redes brancas do Mineirão comecem a fazer a hora do espanto
de uns e a certeza de superação de outros, a ponto de haver algum questionamento
ou alguma exigência para que elas sejam usadas, dependendo do ponto de vista de
cada oponente.
A
superstição está presente no futebol, e nós podemos citar alguns exemplos como Zagallo,
um sujeito vitorioso, seja como atleta seja como treinador, que atribui a sua
fantástica carreira aos constantes e mirabolantes exercícios com o número 13.
É
também comum a gente ver os goleiros fazer algumas estripulias sob as traves antes
do início das partidas. E alguns deles viram as costas para o campo quando um
jogador do seu time vai bater um pênalti.
Mas
o mais famoso caso de superstição aconteceu no Botafogo de 1948.
Um
jogador de nome Macaé achou um vira-lata na rua, adotou-o com o nome de Biriba
e o levou para a sede do clube, na Rua General Severiano. Lá, ao ser festejado
pelos jogadores, Biriba fez xixi na perna do atacante Braguinha, que
desencantou no jogo e ajudou o time a vencer a partida da rodada.
A
partir daí o presidente Carlito Rocha, adotou Biriba oficialmente, e o cãozinho
passou a fazer parte do banco de reservas, mesmo com a reclamação dos
adversários.
Nesse
ano, o Glorioso foi campeão, depois de 12 anos de jejum, e Biriba se tornou o
mascote do time até 1958, quando morreu.
(Neste
2014, está na hora de o Botafogo arranjar outro mascote...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário