sexta-feira, 14 de novembro de 2014






VAIDOSOS E ARROGANTES 

 (ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES” DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 13/11/2014) 

Eis uma receita de sucesso: é fundamental que um comandante e a sua equipe funcionem como um só organismo e se tratem com respeito. Comando e espírito de equipe são elementos indissociáveis para qualquer tipo de atividade, principalmente naquelas mais competitivas, como o esporte.
É imprescindível que técnico e atleta mantenham o mesmo foco até nos esportes ditos individuais – natação, tênis ou luta.
Ao comandante cabe disciplinar, orientar, motivar e dar confiança aos seus comandados, e aos comandados cabem executar as instruções e trabalhar arduamente para a obtenção da vitória. E sempre com muito diálogo.
De acordo com o jornalista britânico John Goodbody, antes de celebrar uma missa na Catedral de Saint Paul, às vésperas dos Jogos Olímpicos de 1908, um bispo teria dito que “ganhar não é tão importante como participar”, e a frase foi adaptada pelo pedagogo e historiador francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, segundo presidente do Comitê Olímpico Internacional.
Coubertin adotou o lema do bispo e defendeu a ideia que “o importante não é vencer, mas competir com dignidade”.
Com todo o respeito ao espírito olímpico do barão e do bispo, competir é realmente importante, mas mais importante é vencer, com dignidade.
Isto é uma das máximas que o comandante vitorioso deve passar aos seus atletas. A outra é saber encarar as derrotas, naturais, posto que inevitáveis, como uma consequência da disputa, embora jamais as aceitando passivamente.
O futebol do C.R. Flamengo teve (e tem) o infortúnio de ter como comandantes dois técnicos – Mano Menezes e Vanderlei Luxemburgo – que não entendem a importância do trabalho em equipe nem da dignidade com a qual os seus comandados devem ser tratados.
Creditem-se a eles os insucessos que a equipe vem acumulando entre 2013 e 2014.
Num intervalo entre as temporadas iniciadas por Mano e atualmente nas mãos de Luxemburgo o clube foi dirigido com eficiência por Jaime de Almeida (com quem o clube conquistou três títulos – Copa do Brasil, Taça Guanabara e Torneio Super Clássicos de 2014) e com menor eficiência por Ney Franco.
Mesmo em se considerando que o elenco não era nem é aquele que se espera de um time com as tradições do Flamengo, existia uma natural empatia dos jogadores com Jaime, um dos ícones do clube, e uma aparente boa vontade com Ney Franco, que caíram porque a diretoria estava precisando não de um técnico, mas de uma grife para comandar o time.
Uma grife do tamanho de Mano Menezes, que pediu as contas após apresentar um baixo rendimento e nenhum título conquistado, declarando que os jogadores eram incompetentes para entender as suas orientações.
Depois de algum tempo chegou outra grife, Luxemburgo, que no máximo conseguiu “tirar o time da confusão”, eufemismo criado por ele para definir a zona do rebaixamento e deu algum padrão à equipe fazendo os jogadores atuarem no contra-ataque, isto é, jamais se impondo no jogo, e manteve o time na chamada “zona da pasmaceira”.
Ao ver o Flamengo ser eliminado pelo Atlético Mineiro e quatro dias depois ceder o empate para o Sport numa partida ganha até os 43 minutos finais, Luxemburgo culpou os jogadores.  
Vaidosos, arrogantes e deselegantes, tanto Mano Menezes como Vanderlei Luxemburgo fazem parte do time dos “eu ganhei, nós empatamos e eles perderam” ao se referir aos jogadores.
Retomando o tema central, com todo respeito ao bispo de Saint Paul e ao Barão de Coubertin, o importante é saber vencer e saber perder. Ao comandante, o importante é dividir as vitórias e assumir a responsabilidade pelas derrotas.    

Nenhum comentário: