VAIDOSOS E ARROGANTES
(ARTIGO PUBLICADO NO CADERNO “SUPER ESPORTES”
DO JORNAL “O IMPARCIAL” DE 13/11/2014)
Eis uma
receita de sucesso: é fundamental que um comandante e a sua equipe funcionem
como um só organismo e se tratem com respeito. Comando e espírito
de equipe são elementos indissociáveis para qualquer tipo de atividade,
principalmente naquelas mais competitivas, como o esporte.
É
imprescindível que técnico e atleta mantenham o mesmo foco até nos esportes
ditos individuais – natação, tênis ou luta.
Ao comandante
cabe disciplinar, orientar, motivar e dar confiança aos seus comandados, e aos
comandados cabem executar as instruções e trabalhar arduamente para a obtenção
da vitória. E sempre com muito diálogo.
De acordo com
o jornalista britânico John Goodbody, antes de celebrar uma missa na Catedral
de Saint Paul, às vésperas dos Jogos Olímpicos de 1908, um bispo teria dito que
“ganhar não é tão importante como participar”, e a frase foi adaptada pelo pedagogo
e historiador francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, segundo presidente
do Comitê Olímpico Internacional.
Coubertin adotou
o lema do bispo e defendeu a ideia que “o importante não é vencer, mas competir
com dignidade”.
Com todo o
respeito ao espírito olímpico do barão e do bispo, competir é realmente
importante, mas mais importante é vencer, com dignidade.
Isto é uma
das máximas que o comandante vitorioso deve passar aos seus atletas. A outra é
saber encarar as derrotas, naturais, posto que inevitáveis, como uma
consequência da disputa, embora jamais as aceitando passivamente.
O futebol do
C.R. Flamengo teve (e tem) o infortúnio de ter como comandantes dois técnicos –
Mano Menezes e Vanderlei Luxemburgo – que não entendem a importância do
trabalho em equipe nem da dignidade com a qual os seus comandados devem ser
tratados.
Creditem-se a
eles os insucessos que a equipe vem acumulando entre 2013 e 2014.
Num intervalo entre as
temporadas iniciadas por Mano e atualmente nas mãos de Luxemburgo o clube foi
dirigido com eficiência por Jaime de Almeida (com quem o clube conquistou três
títulos – Copa do Brasil, Taça Guanabara e Torneio Super Clássicos de 2014) e
com menor eficiência por Ney Franco.
Mesmo em se
considerando que o elenco não era nem é aquele que se espera de um time com as
tradições do Flamengo, existia uma natural empatia dos jogadores com Jaime, um
dos ícones do clube, e uma aparente boa vontade com Ney Franco, que caíram
porque a diretoria estava precisando não de um técnico, mas de uma grife para
comandar o time.
Uma grife do
tamanho de Mano Menezes, que pediu as contas após apresentar um baixo rendimento
e nenhum título conquistado, declarando que os jogadores eram incompetentes
para entender as suas orientações.
Depois de
algum tempo chegou outra grife, Luxemburgo, que no máximo conseguiu “tirar o
time da confusão”, eufemismo criado por ele para definir a zona do rebaixamento
e deu algum padrão à equipe fazendo os jogadores atuarem no contra-ataque, isto
é, jamais se impondo no jogo, e manteve o time na chamada “zona da pasmaceira”.
Ao ver o
Flamengo ser eliminado pelo Atlético Mineiro e quatro dias depois ceder o
empate para o Sport numa partida ganha até os 43 minutos finais, Luxemburgo
culpou os jogadores.
Vaidosos,
arrogantes e deselegantes, tanto Mano Menezes como Vanderlei Luxemburgo fazem
parte do time dos “eu ganhei, nós empatamos e eles perderam” ao se referir aos
jogadores.
Retomando o
tema central, com todo respeito ao bispo de Saint Paul e ao Barão de Coubertin,
o importante é saber vencer e saber perder. Ao comandante, o importante é
dividir as vitórias e assumir a responsabilidade pelas derrotas.
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